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Scot Consultoria

Encontro de Confinamento da Scot Consultoria entrevista o palestrante Pedro Veiga


Quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013 - 09h53


Nos dias 3, 4 e 5 de abril acontecerá o tradicional Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP, onde o melhor time de analistas de mercado e de técnicos do setor discutirão o que será possível e o que será impossível para os confinadores nesta temporada.


O encontro é uma referência de mercado e vem sendo realizado há vários anos, concentrando profissionais de toda a cadeia pecuária.


O evento reunirá os principais agentes-chave da pecuária brasileira para expor, de forma clara e objetiva, as tendências de mercado: principais ferramentas de proteção de preço, estratégias de manejo, mercado de grãos, nutrição de animais, reforma de pastagens, custos do confinamento, entre outros.


Mais informações em www.scotconsultoria.com.br/encontroconfinamento/


Um dos palestrantes será o zootecnista Pedro Veiga, pós-doutor em crescimento animal e qualidade de carne pela Iowa State University. É professor adjunto da Universidade Federal de Viçosa e pesquisador científico do CNPq, nas áreas de nutrição de bovinos de corte em confinamento e qualidade de carne.


Sua palestra abordará a nutrição, consumo de alimentos e o desempenho de fêmeas no confinamento.


Para saber um pouco sobre a palestra, leia a entrevista que ele concedeu à organização do Encontro de Confinamento da Scot Consultoria.


Entrevista com Pedro Veiga


Scot Consultoria: Quantos dias dura o ciclo de engorda de uma vaca no confinamento? Difere do macho?


Pedro Veiga: O número de dias para a engorda de vacas de descarte no confinamento é variável, em função de um série de fatores, como o peso e condição corporal da vaca na entrada do confinamento, o tipo de dieta a ser ofertada, entre outros.


De uma forma geral, no entanto, a engorda de fêmeas de descarte é mais curta do que de machos, uma vez que são animais já maduros fisiologicamente. Isso implica em alta taxa de ganho de peso vivo, em função do crescimento compensatório que esses animais apresentam quando entram magros no confinamento.


Associado ao compensatório, a composição do ganho é, via de regra, caracterizada por alta deposição de gordura, fazendo com que as vacas de descare atinjam peso e acabamento de carcaça de forma bem mais rápida do que os machos. É importante salientar, no entanto, que a incidência de refugo de cocho tende a ser mais alta em vacas de descarte, necessitando-se de algumas estratégias para minimizar esse problema.


 


Scot Consultoria: No confinamento, quais as diferenças entre ganho de peso, conversão alimentar e rendimento de carcaça entre machos e fêmeas?


Pedro Veiga: Depende da qual tipo de fêmea estamos considerando. Novilhas jovens confinadas diferem bastante de vacas de descarte no que se refere a esses aspectos.


Geralmente, vacas de descarte apresentam ganho de peso, conversão alimentar e rendimento de carcaça bem inferiores em relação a machos inteiros, já que são mais velhas, maduras fisiologicamente e, portanto, com alto ganho compensatório mas com menor deposição de carcaça e maior acúmulo de gordura, fazendo com que a conversão seja piorada.


Em relação ao rendimento de carcaça, elas tendem a apresentar menores valores em relação a machos, já que possuem maior volume de trato gastrintestinal e reprodutivo. Fêmeas jovens, por outro lado, produzem carcaças de excelente acabamento e com rendimento similar ou até mesmo superior em relação a machos. No entanto, por atingirem a maturidade mais cedo, tendem a depositar gordura mais precocemente, apresentando, assim, pior conversão alimentar e ganho de peso entre 12% e 17%, inferior em relação a machos inteiros.


 


Scot Consultoria: Quais os diferenciais de custo e rendimento entre fêmeas e machos?


Pedro Veiga: O diferencial de custo da engorda de fêmeas e machos inicia-se com o preço de compra ou da produção das vacas ou novilhas. Tradicionalmente, a fêmea tem preço inferior ao macho. Assim, em cenários de preço de reposição elevado, a engorda de novilhas pode ser uma alternativa interessante, aliviando a pressão no item de maior participação no custo da engorda intensiva, que é a compra do animal.


Em situações em que há disponibilidade de vacas de descarte, seja de compras estratégicas ou produção própria, sua engorda em confinamento também pode se tornar interessante, agregando valor em uma categoria cuja venda pode representar entre 10,0% e 25,0% da receita gerada em sistemas de ciclo completo.


A arroba engordada, no entanto, tende a ser mais cara, já que o ganho de peso é inferior fazendo com que a eficiência alimentar seja pior. Em termos de rendimento, fêmeas jovens apresentam valores de rendimento de carcaça equivalentes ou até mesmo superiores em relação a machos. Fêmeas de descarte, por outro lado, têm menor rendimento de carcaça.


Umas das limitações das fêmeas, no entanto, refere-se ao peso de abate. Geralmente, são abatidas mais leves do que machos, fazendo com que seu custo de processamento pela indústria seja maior e a receita advinda dos seus cortes, mais leves, menor. Essa é, inclusive, uma das razões para o preço da arroba de fêmeas ser menor em relação aos machos.


 


Scot Consultoria Quais as vantagens da criação de fêmeas para engorda, a pasto ou através do confinamento, já que o preço pago pela arroba da vaca é menor que a do macho e o rendimento de carcaça é pior?


Pedro Veiga: A grande vantagem da engorda de fêmeas, principalmente para pequenos e médios pecuaristas, que operam com limitação de área, está ligada ao menor ciclo produtivo.


Fêmeas atingem o ponto de abate mais cedo, já que são mais precoces no que se refere ao crescimento. Ou seja, atingem o máximo de crescimento muscular mais cedo que machos, passando a acumular gordura mais precocemente.


Assim, há um giro mais rápido no sistema de produção de fêmeas do que de machos. Outro aspecto, é o custo mais baixo de aquisição desses animais, já que, via de regra, a bezerra é mais barata que o bezerro. Outro ponto, é a obtenção de carcaças de excelente qualidade, com acabamento de carcaça superior a machos, principalmente em condições nutricionais sub-ótimas.


 


Scot Consultoria: Quais as principais diferenças nos volumes de alimentos consumidos por machos e por fêmeas?


Pedro Veiga: Vacas de descarte devidamente adaptadas à alimentação no cocho, podem apresentar consumo de matéria seca alto, principalmente nos primeiros dias. Alguns estudos feitos no Brasil com essa categoria trazem consumos da ordem de 2,8% a 3,0 % do peso vivo, bastante superiores ao comumente verificado para machos, já novilhas jovens, por serem mais leves que os machos, consomem menos alimentos, em termos absolutos. Em termos relativos, ou seja, em relação ao peso corporal, o consumo de fêmeas jovens é equivalente aos dos machos ou levemente inferior.



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