Safra histórica e maior área coberta com defensivos agrícolas, com destaque para soja e milho, impulsionam a importação de fungicidas.
Foto: Freepik
O Brasil importou o maior volume de fungicidas já registrado (figura 1). De janeiro a outubro, a importação foi de 162,2 mil toneladas, aumento de 34,3% em comparação com o mesmo período de 2024.
Setembro apresentou o melhor desempenho com 27,2 mil toneladas, marcando também o maior volume registrado para um mês de setembro.
Figura 1.
Importação de *fungicidas no Brasil, considerando o acumulado de janeiro até outubro de cada ano.
*Não considera fungicidas para uso domissanitário (para uso doméstico e residencial).
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria.
A Índia ocupa a primeira posição: em 2025, exportou 63,3 mil toneladas, ou 39,0% do volume importado pelo país. Em seguida vem a China, com 50,6 mil toneladas, equivalentes a cerca de 31,2% do total. Os 29,8% restantes distribuem-se entre outros 17 países.
Figura 2.
Importação de *fungicidas pelo Brasil, por país de origem, de janeiro a outubro de cada ano. *Não considera fungicidas para uso domissanitário (para uso doméstico e residencial).
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria.
A despesa em 2025, de janeiro a outubro, foi de 824,3 milhões de dólares, aumento de 30,2% em relação ao mesmo período de 2024. A média de preços pagos por quilo, no entanto, foi menor na comparação com os três anos anteriores, até o mês de outubro (figura 3).
Figura 3.
Preços médios/kg, em dólares, dos fungicidas importados, por mês e ano.
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria.
Em setembro e outubro de 2025, o dólar registrou cotação mais baixa em relação ao real do que no primeiro semestre de 2025 e nos dois últimos meses de 2024, o que favoreceu o poder de compra dos importadores brasileiros (Figura 4).
Figura 4.
Comportamento do dólar em relação ao real: novembro/2024 – novembro/2025.
Fonte: Banco Central do Brasil / Elaboração: Scot Consultoria.
O aumento na importação está ligado à safra recorde e ao uso mais intenso de defensivos nas principais culturas do país.
De acordo com a Conab, a produção brasileira de grãos na safra 2024/2025 está estimada em 345,2 milhões de toneladas, recorde, o que representa um aumento de 47,7 milhões de toneladas em relação à safra anterior, com área cultivada próxima de 81,9 milhões de hectares. Esse avanço exige maior disponibilidade de defensivos para a proteção das lavouras.
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal, a área tratada com defensivos agrícolas no Brasil deve encerrar 2025 com crescimento de 3,4% em relação a 2024, podendo superar 2,6 bilhões de hectares em área potencial tratada. O mesmo levantamento aponta aumento de 4,9% no volume de defensivos aplicados, com participação aproximada de 45,0% para herbicidas, 24,0% para fungicidas, 23,0% para inseticidas, 1,0% para tratamento de sementes e 7,0% para outros produtos, como adjuvantes e inoculantes.
Nesse cenário, os fungicidas ganham protagonismo porque respondem por quase um quarto do volume utilizado e são essenciais no controle de doenças em soja e milho, que concentram a maior parte da área tratada. Em termos percentuais, o Sindiveg aponta que a cultura da soja corresponde à maior área tratada com defensivos químicos, com 55,0%, a do milho com 18,0%, a do algodão com 8,0%, a de pastagem com 5,0%, a da cana com 4,0%, a do trigo com 2,0%, a do feijão com 2,0%, a do arroz com 1,0%, a de hortifruti com 1,0%, a do café com 1,0% e as demais culturas com 2,0%.
Isso sugere que o aumento na importação de fungicidas veio, em grande parte, da demanda para proteção de cultivos de soja e milho.
Assim, explica-se por que fungicidas à base de mancozeb ou de maneb foram os mais importados nos últimos três anos. Em 2025, entre janeiro e outubro, foram 99,7 mil toneladas desse grupo, o que correspondeu a 61,5% das importações de fungicidas no período. Esses fungicidas multissítio são amplamente utilizados em mistura com fungicidas sistêmicos nos programas de manejo de doenças foliares em soja e milho, com destaque para o controle da ferrugem asiática da soja, além de serem empregados em outras culturas sob alta pressão de patógenos.
O volume de importação de fungicidas acompanha o aumento ou a redução das safras no Brasil. Assim, caso se confirmem as expectativas de aumento de área e de produção para a temporada 2025/2026 nas principais culturas agrícolas, a tendência é que o volume importado também se mantenha em alta.
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