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  • Sexta-feira, 22 de agosto de 2025
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Manejando a fertilidade do solo: correção e adubação - Parte 4

Com informações específicas do local, a agricultura de precisão auxilia na tomada de decisões e no uso eficaz de insumos agrícolas.


Foto: Freepik

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No artigo de julho de 2025, escrevi que para iniciar-se um programa de manejo da fertilidade do solo, precisa-se primeiro conhecer os métodos pelos quais pode-se avaliar a fertilidade de um solo. Esses métodos são a análise química e física do solo, a diagnose visual de deficiências minerais nas plantas e a análise química da planta. E que a análise de solo é o método mais usado em todo o mundo. Naquele artigo, descrevi os procedimentos para a amostragem de solo por meio do método convencional. Neste, vamos conversar sobre a amostragem de solo por agricultura de precisão.

No Brasil, a agricultura de precisão (AP) iniciou-se em meados da década de 90, com as colhedoras com sensores de produtividade e a popularização do uso do Global Positioning System (GPS) na agricultura, os quais permitiram georreferenciar informações, criar mapas de colheita, e executar vários processos dentro das lavouras. A partir dos anos 2000, essa tecnologia avançou para a amostragem de solos georreferenciada e a elaboração de mapas de fertilidade e, consequentemente, a criação de mapas de recomendação a taxa variável de corretivos e fertilizantes

Quando se fala em AP, a maioria das pessoas tende a pensar apenas em equipamentos de alta tecnologia (piloto automático, sensores ópticos, aviões não tripulados ou drones), satélites (para imagens) e computadores (softwares, algoritmos e plataformas de informação na internet). Porém, na realidade, a AP consiste no uso de informações especificas do local para melhor auxiliar consultores e produtores na tomada de decisão de manejo e na utilização mais eficaz e eficiente de insumos agrícolas.

Dentre as aplicações da AP, as amostragens georreferenciadas de solos permitem mapear a variabilidade de fertilidade dentro das áreas cultivadas e definir intervenções de manejo localizado, visando otimizar o uso de corretivos e fertilizantes por meio de aplicação a taxa variável, de acordo com a demanda de cada local dentro da área de produção.

Alguns fatores causam a variabilidade espacial no vigor e na produtividade das culturas e pastagens, tais como às condições originais do solo antes da sua exploração (a classe de solo e a vegetação que o cobria) e aquelas inerentes às práticas agrícolas, por exemplo, corretivos e fertilizantes aplicados; a posição do relevo no terreno (escorrimento superficial e erosão); a presença de pragas e doenças de solo (por exemplo, cupinzeiros, formigueiros etc.); as características físicas e químicas do solo; a própria colheita (exportação de nutrientes nos animais vendidos); a deposição da palhada (créditos de nutrientes); e de excreta animal (fezes e urina).

São utilizados sistemas georreferenciados que estabelecem a localização geográfica com acurácia razoável de coleta de amostras de solo e de aplicação de insumos a taxas variáveis, com doses ajustadas à condição agronômica de cada ponto dentro de uma área de lavoura ou pastagem. A agricultura de precisão requer determinação das coordenadas geográficas dos pontos de amostragem.

Existem três procedimentos básicos para a amostragem de solo na agricultura de precisão: amostragem sistemática em grades (ou grid), amostragem dirigida, também conhecida por amostragem com base em mapeamento prévio, e amostragem por unidade de manejo ou gerenciamento.

Na sequência, as informações da grade e dos pontos de coleta georreferenciados são transferidos para o GPS e, a partir de então, o amostrador pode ir ao campo e realizar a amostragem, seguindo as coordenadas geográficas dos respectivos pontos de coleta das amostras simples.

Normalmente, para redução de custos, a análise granulométrica (análise de textura que determina areia, argila e silte) não é feita para todos os pontos da malha, mas em menos amostras, distribuídas de forma esparsa na área (talhão ou piquete). A determinação da disponibilidade de micronutrientes é bastante útil no diagnóstico da fertilidade, embora ainda seja incomum o manejo de micronutrientes com aplicação à taxa variável.

Cada amostra composta, referente a uma quadrícula, precisa ser adequadamente identificada por um código para envio ao laboratório de análises. A esse código devem estar associadas informações como a identificação da área (talhão ou piquete), a profundidade de coleta do solo e as coordenadas geográficas do ponto central da quadrícula, as quais permitirão o processamento dos resultados da análise de solo em programas geoestatísticos e Sistema de Informação Geográfica (SIG).   

Empresas especializadas empregam amostradores hidráulicos de solo adaptados em quadriciclos ou caminhonetes com um GPS para as coletas a campo. Entretanto, a amostragem de solo feita com equipamentos manuais será sempre de qualidade superior àquela realizada de maneira automatizada, mas, devido a necessidade de maior capacidade operacional, não é possível realizá-la manualmente.

Depois, os resultados das análises são processados por meio de programas computacionais de geoestatística e utilizam algum programa de SIG para produzir os mapas diagnósticos e de prescrição de insumos, os quais são reconhecidos pelos equipamentos distribuidores de corretivo e fertilizantes à taxa variável.

Os equipamentos aplicadores disponíveis no mercado apresentam dispositivos eletrônicos que reconhecem os mapas de prescrição e mecanismos automáticos que ajustam as doses dos produtos, à medida que se deslocam na área a ser manejada a taxas variáveis.

Os princípios básicos da amostragem de solo convencional (leia o artigo de julho de 2025) também se aplicam à amostragem de precisão, mas o número de amostras coletadas para análise nesse sistema é muito maior do que na amostragem convencional.

Após a análise de solo, os dados são tabulados e transferidos para softwares específicos para estudo de dados georreferenciados e geração de mapas de fertilidade para cada nutriente ou indicador de fertilidade. Também podem ser gerados mapas de recomendações de adubação para os sistemas de distribuição de corretivos e fertilizantes à taxa variável.

Até no momento, a AP foi desenvolvida em e para sistemas de produção agrícolas. Numa revisão feita de trabalhos e artigos publicados em 10 anos para escrever este texto, eu não encontrei nenhuma informação ou dado que tenha sido gerado ou coletado em sistemas de pastagens. Entretanto, muitos pecuaristas, particularmente aqueles que gostam de sempre estarem “na vanguarda” da adoção de novas tecnologias, têm contratado os serviços para a adoção da AP em sistemas de pastagens. De fato, o que tem sido visto em campo, nas fazendas comerciais, é uma adaptação do conhecimento acumulado em sistemas agrícolas, sendo adaptado e aplicado aos sistemas de pastagens, basicamente nas etapas de amostragem de solo, elaboração de mapas de fertilidade e aplicação de corretivos e adubos a taxas variáveis.

Em pastagens tem sido possível com relativa facilidade e sucesso a aplicação a taxa variável de corretivos (calcários, gesso, agrosilicato etc.), adubos de “base” (fosfatados), e as primeiras parcelas das adubações nitrogenada e potássica, que normalmente são aplicadas juntamente com a adubação fosfatada, porque são aplicações feitas uma vez por ano, o que facilita a contratação deste serviço pelo pecuarista. Mas, em sistemas intensivos e muito intensivos, nos quais as doses de adubos potássicos e, principalmente de nitrogenados, são muito altas, é preciso parcelar as aplicações após cada pastejo e em cada piquete, para evitar perdas de nutrientes. Aqui é que está o desafio, porque para viabilizar as aplicações das fontes destes nutrientes à taxa variável nesta situação, seria necessário que o pecuarista tivesse o equipamento próprio, mas não se tem encontrado essa situação em campo devido aos altos preços destes equipamentos. 

Adilson de Paula Almeida Aguiar

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

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