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Scot Consultoria

Armazenamento de feno


Sexta-feira, 24 de abril de 2009 - 12h31

Engenheira Agrônoma e Doutora pela ESALQ-USP, Coordenadora de Projetos Boviplan Consultoria.


por Andrea Brasil Vieira José A estacionalidade da produção forrageira gera certa preocupação por parte dos produtores, devido à grande necessidade de manter a mesma qualidade e quantidade de forragens para a alimentação do seu rebanho. Alternativas como ensilagem e fenação do material para utilização em épocas de escassez têm sido bastante utilizadas. O processo de fenação consiste em manter o material desidratado e também com boas qualidades nutricionais. A vantagem é que pode ser produzido a partir de diferentes espécies forrageiras e, quando protegido da ação do tempo, pode ser estocado por um período longo e com baixa perda de nutrientes. Para produção de um feno com alta qualidade são necessárias ao menos duas características: cortar a forragem com boa qualidade e secar com um mínimo de perda de nutrientes. Entretanto, se os fardos não foram armazenados corretamente, a perda de nutrientes ocorrerá de maneira progressiva, gerando fenos de baixa qualidade. Portanto, além do processo de produção o armazenamento do feno também é importante. Mudanças no processo de estocagem dos fenos ocorreram em países como os EUA, que sempre estocaram fenos retangulares e mantidos em galpões fechados e, após a década de 70, têm sido acondicionados em fardos circulares e mantidos a campo. Essas mudanças ocorreram visando facilitar e acelerar o processo de produção do feno. Já no Brasil, os fardos são, geralmente, retangulares e mantidos em celeiros. Devido a essas mudanças, métodos e maneiras de conservação vêm sendo estudadas buscando uma manutenção da qualidade do material fenado. Como dito, os fardos de feno devem ser, preferencialmente, bem armazenados para se evitar perdas da qualidade nutricional. Entretanto, como muitas vezes o produtor não tem condições devido ao espaço e ao custo, entre outros fatores, para armazenar em local coberto, os fardos são mantidos a campo e, com isso, podem sofrer a ação de intempéries. É importante ressaltar que o produtor deve estar atento à importância do armazenamento, pois muitas vezes, devido a custos com galpões, lonas, etc., ele deixa de armazenar adequadamente e não percebe que poderá ter uma perda bem maior devido à queda da qualidade e da quantidade de biomassa. Assim, o gasto será maior do que ele gastaria, inicialmente, com as instalações necessárias e adequadas ao armazenamento. Além da ação do tempo a extensão do dano está também associada ao tipo de forragem, já que a quantidade de umidade na planta forrageira é muito variável e, assim, a desidratação pode ser mais ou menos eficiente dentro da etapa de secagem do material. A chuva é um dos fatores que mais contribui para reduzir a qualidade do feno, pois a retenção de umidade, condições propícias para o desenvolvimento de microorganismos como fungos e até mesmo a perda de nutrientes por lixiviação podem gerar estragos nos fardos diminuindo sua qualidade nutricional e gerando perdas de matéria seca (MS) em até 30%. Este tipo de perda ocorre devido à respiração da planta (continuação do processo normal na planta), atividade microbiana e deterioração causada pelo tempo. Em locais onde a chuva é mais freqüente ou em que as condições dos fardos não facilitam a drenagem da água, as perdas de MS podem variar em até 50%. Assim, visando minimizar as perdas, tanto da qualidade quanto da quantidade dos fenos, alguns cuidados são importantes: • Manter os fardos longe de materiais que atraiam raios (e.g. árvores, cerca elétrica, etc); • Não colocar os fardos diretamente em contato com o solo e nem sobre pedras ou toco de madeiras. Podem ser utilizados estrados de madeira; • Área de estocagem deve ser localizada em um local que exista boa drenagem da água da chuva e, se possível, com um pouco de declividade para facilitar a drenagem; • O risco de fogo pode ser reduzido, colocando os fardos em diferentes locais e mantendo uma zona não vegetativa de pelo menos 92cm, na área ao redor; • Os topos e lados da fileira com os fardos podem ser protegidos da chuva com capas; • Se os fardos forem redondos, a lateral de um não deve tocar a do outro. Mantendo, pelo menos, 92cm de espaço entre as fileiras. Este espaço é importante para manter uma zona de segurança evitado o acúmulo de umidade; • A superfície plana final dos fardos deve tocar fortemente a superfície do outro, dentro da mesma fileira. Devem ser mantidos bem juntos na mesma fileira; • A fileira de fardos deve seguir a orientação norte/sul. Aliando-se os cuidados do armazenamento com a qualidade do material fenado, poder-se-á minimizar as perdas de MS, nutrientes e quantidade de fenos produzidos na própria propriedade ou até mesmo os de origem externa e, com isso, manter uma boa relação custo/benefício com o alimento do rebanho. Referência Bibliográficas BALL, DM; BADE DH; LACEFIELD, GD; MARTIN, NP; PINKERTON, BW. Minimizing Losses in hay storage and feeding. National Forage Information Circular 98-1. Graphic Center, Sacramento, Ca. STICHLER, C.; BADE, D. Managing for High Quality Hay, Texas A&M University System Department of Soil and Crop Sciences, Circular. Andrea Brasil Vieira José - Engenheira Agrônoma e Doutora pela ESALQ-USP, Coordenadora de Projetos Boviplan Consultoria. http://www.boviplan.com.br
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