Foto: Freepik
A trajetória da DH Agropecuária é um exemplo de evolução e adaptação dentro do setor agropecuário brasileiro. Localizada no Oeste da Bahia, a empresa consolidou-se como uma referência na integração entre pecuária e agricultura, utilizando os recursos naturais da região para desenvolver um modelo produtivo eficiente e sustentável.
Nesta entrevista à Scot Consultoria, Kleber Moreira, diretor comercial do grupo, compartilha a trajetória da empresa ao longo de mais de duas décadas e as transformações vivenciadas com a intensificação da produção, o investimento em tecnologia e a entrada no mercado de carne premium.
Scot Consultoria: Poderia contar um pouco sobre a trajetória da DH Agropecuária e nos situar geograficamente? Onde estão localizadas as propriedades de vocês e quais são os principais desafios enfrentados?
Kleber Moreira: Hoje, a DH Agropecuária está no estado da Bahia, atuando nos municípios de Cocos, Jaborandi, Serra Dourada e Correntina. Trabalhamos tanto com pecuária quanto com agricultura, realizando o ciclo completo de produção e agricultura irrigada. Estamos também no Oeste da Bahia, que possui grande disponibilidade de água e terras agricultáveis. É uma extensão do mesmo contexto de Luís Eduardo Magalhães, com características muito semelhantes.
Scot Consultoria: A pecuária brasileira viveu grandes transformações, como a abertura do mercado para a China. Quais foram os principais desafios e evoluções que vocês enfrentaram ao longo desses anos?
Kleber Moreira: Quando começamos, há mais de 20 anos, a pecuária era extensiva, aproveitando as grandes áreas disponíveis. Com o tempo, vimos a necessidade de investir em tecnologia, intensificar a produção e buscar maior eficiência. Foi um processo de aprendizado, conhecendo as particularidades da região para evoluir até o modelo que temos hoje.
Scot Consultoria: E sobre a produção animal, o modelo de vocês está mais voltado para a produção comercial ou para nichos de mercado?
Kleber Moreira: Eu costumo dizer que a agropecuária é oportunista. Antes, fazíamos o ciclo completo — cria, recria e engorda —, com foco no confinamento. Tivemos a oportunidade de adquirir uma fazenda, referência em melhoramento genético e, com isso, incorporamos o trabalho com genética. Hoje, produzimos reprodutores CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) e comercializamos esses animais. No confinamento, trabalhávamos com Aberdeen e Nelore, machos e fêmeas. Sempre vendemos muito bem as fêmeas, principalmente para um cliente que, ao pagar um valor maior, nos despertou a curiosidade: ele utilizava essas fêmeas para produzir carne premium, os chamados: cortes prime. Isso nos fez refletir “por que não fazer nós mesmos?”.
Foi assim que surgiu a ideia e, fomos aprendendo e colocando em prática. Hoje, construímos um verdadeiro império produtivo, dessa forma.
Scot Consultoria: E quais foram os passos para aproveitar essa oportunidade?
Kleber Moreira: Primeiro, intensificamos a recria e o confinamento, vendendo inicialmente como commodity. Depois, entendemos que poderíamos produzir carne premium, pois já tínhamos a matéria-prima. O projeto começou há cerca de dois anos e hoje podemos dizer que somos referência na produção de carne premium.
Scot Consultoria: E quais são as principais diferenças entre trabalhar com a produção de carne e com a de boi como commodity?
Kleber Moreira: São mercados completamente diferentes. A régua muda. Não dá para medir eficiência ou índices da mesma forma. Produzir carne premium exige outra mentalidade, outra conta. É preciso oferecer um produto de luxo, com padronização, marmoreio e qualidade excepcionais — e isso não é fácil. Só conseguimos esse diferencial investindo fortemente em tecnologia, principalmente da porteira para dentro.
Scot Consultoria: Quais tecnologias vocês utilizam hoje?
Kleber Moreira: Empregamos avaliação de carcaça por ultrassonografia, gestão precisa da dieta, melhoramento genético, manejo adequado e um confinamento bem estruturado. Tudo é feito com foco em entregar um produto de excelência ao consumidor.
Scot Consultoria: A chegada dessa nova frente de negócios mudou a cultura interna da fazenda?
Kleber Moreira: Sem dúvidas. Todos os colaboradores envolvidos entendem que há uma diferença entre produzir para commodity e para carne premium. O bem-estar animal é fundamental, pois impacta diretamente na qualidade da carne. Isso gerou uma cultura empresarial voltada para excelência, que motiva e engaja a equipe.
Confira a entrevista completa com Kleber Moreira no canal da Scot Consultoria no YouTube. Veja todos os detalhes em: https://www.youtube.com/watch?v=hRu-pujzKE0
Zootecnista e diretor comercial do grupo DH Agropecuária.
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