• Quinta-feira, 25 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Presidente do GTPS, Eduardo Bastos traça o conceito de pecuária sustentável


Terça-feira, 23 de dezembro de 2014 - 09h12


Os envolvidos com pecuária precisam entender que não há futuro sem sustentabilidade. Será cada vez mais inviável para o pecuarista continuar na atividade sem ser sustentável.


Eduardo Bastos, presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), em entrevista, definiu o conceito de pecuária sustentável e falou sobre a importância da intensificação da produção nos dias de hoje, citando exemplos de trabalhos já realizados pelo GT.


Além disso, ainda destacou o progresso da sustentabilidade na pecuária nos últimos tempos e ainda falou sobre perspectivas futuras.


Confira a conversa:


Scot Consultoria - Vez ou outra, o conceito de pecuária sustentável é confundido ou não compreendido de fato. Por isso, na sua concepção, diga-nos o que é a pecuária sustentável.


Eduardo Bastos - Sustentabilidade, para o GTPS, é o equilíbrio entre os pilares ambiental, social e econômico. Uma propriedade que traz além de benefícios econômicos, uma proteção ambiental. Investir em benefícios sociais é sustentável. De acordo com o trabalho do GTPS, a pecuária sustentável se apoia em quatro princípios: melhoria contínua, transparência e ética, boas práticas agropecuárias e adequação legal. Por meio deles, tentamos promover a pecuária sustentável e disseminar todas as informações relacionadas a ela. Temos a função de levar o conhecimento aos pecuaristas das boas práticas de produção como manejo e pastagem, sanidade e bem-estar animal.


Scot Consultoria - Nacionalmente falando, quais os principais avanços dos últimos tempos em prol da pecuária sustentável?


Eduardo Bastos - A criação de uma mesa redonda - a primeira do mundo sobre pecuária - por si só, já é um grande avanço em prol de uma pecuária mais sustentável. Colocar em um mesmo grupo (ou uma mesma associação) produtores, instituições financeiras, frigoríficos, organizações da sociedade civil e organizações governamentais para conversar e chegar a um denominador comum, onde todos saem ganhando, era quase impossível no passado.


Com a criação do GTPS, em 2009, os debates e a procura por um consenso vêm avançando muito. Muito já tem sido feito. Atualmente, há diversos exemplos de propriedades no país que já atingiram um patamar sustentável. Sete delas fazem parte do Programa Pecuária Sustentável na Prática, do GTPS, que conta com financiamento da Fundação Solidaridad, por meio do Farmer Support Programme (FSP), fundo do governo holandês. Ao todo, foram investidos na iniciativa R$3 milhões somados à contrapartida financeira de diversos parceiros de R$9 milhões, totalizando R$12 milhões. Os projetos estão espalhados em cinco estados brasileiros: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (com dois projetos), Pará (também com dois projetos), Rondônia e Bahia, importantes regiões produtoras de carne. Em alguns deles, já é possível identificar o aumento na produtividade e redução de custos (com alimentos e insumos).


Scot Consultoria - Qual o papel que o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável assume para colaborar para o progresso da pecuária sustentável? E o que o Grupo almeja para o futuro?


Eduardo Bastos - A missão do GTPS é a de tornar os meios para uma sustentabilidade acessíveis a todos. Compartilhar os pilares nos quais o trabalho da nossa associação se apoia e fazer com que exemplos como os do Programa Pecuária Sustentável na Prática ganhem escala e sejam cada vez mais colocados em prática em diversas propriedades brasileiras.


A tendência é de que cada vez mais os diversos agentes se unam em prol de uma pecuária mais sustentável. Novas parcerias têm sido formadas, o que demonstra a percepção de que a união realmente faz a força, trazendo um intercâmbio de conhecimento e colaboração. Além de novos campos de atuação, ampliando os segmentos que podem ser trabalhados.


Scot Consultoria - Há outros países que podem ser exemplo, bons ou maus, para a pecuária sustentável? Como podemos encarar as iniciativas e o exemplo do Brasil no contexto global?

Eduardo Bastos - A partir do exemplo do GTPS, atualmente há mesas redondas sobre pecuária sustentável sendo criadas em alguns países, como: Colômbia, Uruguai, México, Austrália, Argentina e Paraguai. Outras já estão com muitas atividades em andamento, como as dos Estados Unidos e Canadá.


Vale lembrar que em novembro deste ano foi realizada em São Paulo a Conferência Global sobre Carne Sustentável, promovida pela Global Roundtable for Sustainable Beef (mesa redonda americana), com apoio do GTPS. O evento, que durou três dias, foi uma ótima oportunidade de discussão sobre o futuro da sustentabilidade na pecuária, bem como sobre o andamento das atividades das mesas redondas.


Eduardo Bastos - O produtor brasileiro já sabe que é possível aliar rentabilidade à sustentabilidade, ou melhor, que a pecuária sustentável pode trazer uma boa rentabilidade à atividade?

Scot Consultoria -
Este é um dos nossos grandes desafios. Acreditamos que alinhar sustentabilidade com rentabilidade é possível graças à intensificação, capaz de aumentar a produção e a produtividade sem invadir novos territórios, respeitando o ambiente. Assim como traz benefícios econômicos para gerar riquezas que voltam não somente para a proteção ambiental, mas também para serem investidas na atividade, trazendo benefícios sociais. 


Vale ressaltar que uma das missões do GTPS é levar o conhecimento sobre sustentabilidade para todos. Este conhecimento é levado por meio de palestras e "Dias de Campo", onde o produtor de uma propriedade inserida no projeto compartilha com os outros produtores da região as melhorias em sua produção depois da parceria ser firmada. Mesmo sendo um projeto novo, o Programa Pecuária Sustentável na Prática, já citado, vêm mostrando ótimos resultados.


Scot Consultoria - Quais as expectativas para o futuro da pecuária sustentável em nosso país?

Eduardo Bastos -
Os envolvidos com pecuária precisam entender que não há futuro sem sustentabilidade. Será cada vez mais inviável para o pecuarista continuar na atividade sem ser sustentável. E isso é sentido pela própria demanda do consumidor, que já começa a exigir carne com rastreabilidade, que não tenha origem em áreas ilegalmente desmatadas ou de qualquer exploração irregular.


O Brasil tem como fazer a pecuária mais sustentável do mundo, com uma legislação avançada, tecnologia em produção tropical e alta rentabilidade.


O GTPS espera que, aos poucos, com o sucesso dos projetos que apoiamos espalhados pelo Brasil que unem sustentabilidade com rentabilidade, os produtores comecem a perceber que é possível sim alinhar as duas variáveis.


 



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja