A colheita da safra 2025/26 de trigo na Argentina está com bom desempenho e, a expectativa, é de recorde de produção.
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A Argentina é o maior produtor de trigo da América do Sul e, após a severa quebra da produção na safra 2022/23, o país se recuperou e, para o ciclo 2025/26, cuja colheita começou em meados de outubro, há a expectativa de recorde de produção.
A projeção é de aumento da área semeada em relação ao ciclo anterior, a condição climática foi favorável ao desenvolvimento da cultura e a produtividade por hectare melhorou, fatores que juntos, levam à expectativa da Bolsa de Cereais de Buenos Aires para uma safra histórica– 24,0 milhões de toneladas.
No ciclo 2024/25, 18,0 milhões de toneladas foram produzidas.
A colheita brasileira de trigo entrou na fase final, mas caminha abaixo do ritmo histórico (tabela 1).
Tabela 1.
Colheita (%) de trigo no Brasil.
| Unidade da Federação | Semana até: | Média 5 anos | ||
|---|---|---|---|---|
| 2024 | 2025 | |||
| 16/novembro | 8/novembro | 15/novembro | ||
| Goiás | 100,0% | 100,0% | 100,0% | 100,0% |
| Minas Gerais | 100,0% | 100,0% | 100,0% | 80,0% |
| Bahia | 100,0% | 100,0% | 100,0% | 80,0% |
| Rio Grande do Sul | 80,0% | 40,0% | 57,0% | 61,6% |
| Paraná | 98,0% | 88,0% | 92,0% | 90,8% |
| Santa Catarina | 54,0% | 13,7% | 26,8% | 39,6% |
| São Paulo | 100,0% | 100,0% | 100,0% | 100,0% |
| Mato Grosso do Sul | 100,0% | 100,0% | 100,0% | 100,0% |
| 8 estados | 88,6% | 63,7% | 73,7% | 75,6% |
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
No Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, maior polo produtor brasileiro, o clima, com precipitação elevada, presença de granizo e vendavais em algumas regiões, preocupou. Apesar disso, a qualidade do trigo em colheita é considerada boa.
A safra nacional está estimada em 7,7 milhões de toneladas – redução na produção de 2,6% frente à produção em 2024 (7,8 milhões de toneladas), este é o terceiro ano de queda após o recorde em 2022 (10,5 milhões de toneladas).
Com problemas climáticos nos últimos anos no principal polo produtor (região Sul) e maior atratividade financeira para a produção de outras culturas de inverno, a redução na área semeada é o principal fator atrelado à queda de produção. Em 2025, a estimativa é de que a área tritícola diminua 20,1% em relação à 2024.
A demanda (consumo doméstico + exportação) em 2025 deverá ficar praticamente estável em relação ao ciclo passado – 13,8 milhões de toneladas.
Cenário que, com uma estimativa de produção menor, mantém a importação necessária e em patamar elevado – a segunda maior importação desde 2019 (tabela 2).
Tabela 2.
Quadro de suprimento de trigo no Brasil, em mil toneladas.
| SAFRA | ESTOQUE INICIAL | PRODUÇÃO | IMPORTAÇÃO | SUPRIMENTO |
|---|---|---|---|---|
| 2019 | 2.609,9 | 5.154,7 | 6.676,7 | 14.441,3 |
| 2020 | 2.238,4 | 6.234,6 | 6.007,8 | 14.480,8 |
| 2021 | 2.058,7 | 7.679,4 | 6.080,1 | 15.818,2 |
| 2022 | 922,5 | 10.554,4 | 4.514,2 | 15.991,1 |
| 2023 | 1.440,4 | 8.096,8 | 5.702,6 | 15.239,8 |
| 2024* | 505,3 | 7.889,3 | 6.832,5 | 15.227,1 |
| 2025** (Out) | 1.376,4 | 7.698,2 | 6.632,0 | 15.706,6 |
| 2025** (Nov) | 1.376,4 | 7.687,4 | 6.703,0 | 15.766,8 |
| SAFRA | CONSUMO | EXPORTAÇÃO | DEMANDA TOTAL | ESTOQUE FINAL |
|---|---|---|---|---|
| 2019 | 11.860,6 | 342,3 | 12.202,9 | 2.238,4 |
| 2020 | 11.599,0 | 823,1 | 12.422,1 | 2.058,7 |
| 2021 | 11.849,8 | 3.045,9 | 14.895,7 | 922,5 |
| 2022 | 11.894,1 | 2.656,6 | 14.550,7 | 1.440,4 |
| 2023 | 1.943,6 | 2.790,9 | 14.734,5 | 505,3 |
| 2024* | 11.890,6 | 1.960,1 | 13.850,7 | 1.376,4 |
| 2025** (Out) | 11.812,7 | 2.037,0 | 13.849,7 | 1.856,9 |
| 2025** (Nov) | 11.812,7 | 2.037,0 | 13.849,7 | 1.917,1 |
*estimativa
**previsão
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
Do custo com a importação de trigo, a Argentina, em 2024, representou 64,1%. Em 2025, até outubro, representou 78,6%.
Com o dólar em queda em 2025, com boa produção na Argentina – e no mundo, detalhes adiante –, a cotação do trigo no mercado internacional, caiu, o que, consequentemente, leva o preço do trigo brasileiro a trabalhar mais próximo ao da paridade de importação, alcançando seu menor preço em doze meses – veja, na figura 1, o comportamento das cotações do trigo no Brasil.
Figura 1.
Cotação do trigo, em R$/t, no Paraná.
Fonte: Cepea/Esalq / Elaboração: Scot Consultoria
Além da Argentina, no mundo, a expectativa é de safra recorde em 2025/26 e recuperação nos estoques finais. A colheita no hemisfério Norte está em andamento e, para importantes regiões como União Europeia, Estados Unidos, Rússia e Índia, a expectativa é de aumento de produção (tabela 3). Fato que colabora com um mercado internacional com cotações menos sustentadas.
Tabela 3.
Produção de trigo entre os cinco maiores produtores e variação anual.
| Produção | 2025/26* | % anual |
|---|---|---|
| União Europeia | 142,3 | 16,5% |
| China | 140,0 | -0,1% |
| Índia | 117,5 | 3,7% |
| Rússia | 86,5 | 6,0% |
| Estados Unidos | 54,0 | 0,3% |
| Outros | 288,6 | -0,4% |
*estimativa em novembro de 2025.
Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria
Em resumo, a safra recorde na Argentina, o avanço da colheita no Brasil e, a expectativa de uma safra recorde no mundo – adicionando pressão às cotações -, deverá manter o mercado brasileiro frouxo no curto prazo.
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