Mercado de diesel acompanha petróleo e câmbio, sem grandes variações.
Foto: Freepik
O preço médio do óleo diesel no Centro-Sul, em setembro ficou em R$6,05 por litro, alta de 0,1% em relação a agosto. No mesmo período do ano, em 2024, o preço era de R$5,95 por litro, 1,6% menor que o atual.
Figura 1.
Preço médio do diesel no Centro-Sul (R$/litro).
Fonte: Scot Consultoria
Desde a última análise, divulgada em julho (acesse aqui), o preço médio do diesel no Centro-Sul não apresentou grandes variações. Esse comportamento está ligado à estabilidade da cotação do petróleo nos últimos dois meses e ao câmbio, variáveis às quais o mercado brasileiro de diesel é sensível.
De agosto a setembro, o barril de petróleo no mercado internacional subiu 1,0% (figura 2), enquanto a cotação do dólar frente ao real caiu 3,7% (figura 3). Ainda que tenham ocorrido oscilações acentuadas no câmbio, essas não exerceram influência direta sobre o diesel.
Além disso, a Petrobras - principal fornecedora do combustível no país - não anunciou reajustes no período, diferente do observado no primeiro semestre, quando as reduções implementadas nas refinarias sustentaram quedas nas distribuidoras.
Figura 2.
Cotação do barril de petróleo (US$).
Fonte: Investing / Elaboração: Scot Consultoria
Figura 3.
Evolução da cotação do dólar em reais.
Fonte: BCB / Elaboração: Scot Consultoria
De janeiro a agosto, as importações brasileiras de óleo diesel totalizaram 9,1 milhões de toneladas, com média mensal de 1,1 milhão de toneladas, e a perspectiva para setembro é de continuidade desse patamar. Nesse período, o Brasil gastou US$5,9 bilhões com as importações.
Do importado, 5,4 milhões de toneladas (59,5%) tiveram como origem a Rússia.
Figura 4.
Importação de diesel, incluindo o volume proveniente da Rússia, em milhões de toneladas.
Fonte: ANP / Elaboração: Scot Consultoria
A Rússia prorrogou até o final do ano a proibição da exportação de combustíveis, devido ao desabastecimento nos postos do país e nas regiões ocupadas, resultado dos ataques ucranianos. O embargo, iniciado em março com restrições parciais à gasolina e ampliado em julho para todos os produtores, foi estendido em 25 de setembro.
A decisão inclui parte das exportações de óleo diesel, mas com exceções. Segundo o presidente-executivo da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o Brasil não será afetado, pois o bloqueio atinge apenas revendedores, enquanto as compras brasileiras são feitas diretamente das refinarias russas.
Estão suspensas até o fim do ano as exportações de gasolina por produtores e revendedores, e de diesel apenas por revendedores.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre janeiro e julho, o mercado brasileiro de diesel registrou seu melhor desempenho. No período, as distribuidoras comercializaram 39,5 milhões de m³ do combustível, volume 2,5% maior que o recorde anterior, que fora de 38,5 milhões de m³, registrado no mesmo período de 2024.
O destaque foi julho, com 6,2 milhões de m³ comercializados, ocupando a segunda posição no ranking mensal de consumo. O maior volume segue sendo o de outubro de 2024, quando foram vendidos 6,3 milhões de m³, apenas 0,3% acima do resultado recente.
Para o segundo semestre do ano, a expectativa é de que o desempenho permaneça elevado, com possibilidade de novos recordes, já que, tradicionalmente, o consumo de diesel é maior nesse período em relação ao primeiro semestre (figura 5).
O aumento do consumo no segundo semestre reflete, sobretudo, fatores sazonais. No segmento agrícola, o encerramento da colheita do milho safrinha e o início da semeadura da safra verão exercem papel relevante desse acréscimo.
Com isso, a previsão de uma safra recorde de soja 2025/26 tende a intensificar esse cenário, com o aumento do envio de insumos às lavouras e o ritmo das atividades no campo.
Figura 5.
Evolução semestral do volume comercializado de diesel no Brasil pelas distribuidoras, em m³, e a variação entre o segundo e o primeiro semestre de cada ano.
Fonte: ANP / Elaboração: Scot Consultoria
Por fim, o crescimento do consumo de diesel por si só não deve impactar os preços, no curto prazo, a previsão é de estabilidade nas cotações do combustivel. No entanto, é importante acompanhar o desempenho das importações, e, sobretudo, as flutuações do mercado de petróleo e do câmbio, que tendem a ser rapidamente incorporadas à cadeia de distribuição.
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