Com uma demanda praticamente estável no Brasil, a safra robusta da Argentina ganha peso nas cotações e limita reações no mercado interno
Foto: Freepik
Segundo levantamento da Scot Consultoria, no Paraná, na comparação feita mês a mês, os preços caíram 4,5%, cotados em R$1.408,30/t. Há um mês, a cotação do trigo estava em R$1.474,29/t e há um ano estava em R$1.489,80/t.
Há um ano, em agosto, o trigo importado custava US$264,8/t com o dólar em torno de R$5,60. Hoje, caiu para US$231,8/t, com o câmbio próximo de R$5,40, reduzindo o custo de entrada do produto no mercado brasileiro e aumentando a competitividade do trigo externo.
Na Argentina, principal fornecedora do Brasil, o desenho é de uma safra robusta em 2025/26, com o clima favorável e condições de cultivo excepcionais. A Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), destaca o excedente hídrico como fator decisivo para repetir o potencial recorde de 2021/22, enquanto a BCBA (Bolsa de Cereais de Buenos Aires) confirma que quase toda a área de trigo está em condição ótima, com rendimentos esperados acima da média.
Há potencial, nesse sentido, que a safra de trigo 2025/26 na Argentina chegue perto das 22,4 milhões de toneladas obtidas no ciclo 2021/22, que foi um recorde de produção - figura 1.
Figura 1.
Produção argentina de trigo, em milhões de toneladas.
*Projeção BCR
Fonte: BCBA / Elaboração: Scot Consultoria
Esse cenário projeta maior oferta argentina, aumentando a competitividade do trigo importado e pressionando os preços no Brasil.
A Conab manteve em agosto a estimativa de produção da safra 2025 praticamente estável frente a julho, em 7,8 milhões de toneladas. No entanto, em relação a abril, houve redução, já que a projeção inicial era de 8,5 milhões, reflexo da menor área prevista para semeadura.
Na comparação com a safra passada, a área caiu 16,7%, mas a produtividade avançou 19,0%, resultando em uma projeção total de 7,8 milhões de toneladas em 2025, ligeiramente abaixo das 7,9 milhões de 2024.
No Paraná, segundo o Deral-PR, algumas áreas já foram colhidas e os resultados indicaram uma produtividade dentro da normalidade, sem qualquer dano ocorrido pela geada ocorrida no final de junho, o que corrobora com a estimativa de produtividade da Conab.
Em resumo, como a Conab projeta para 2025 uma demanda praticamente igual à de 2024, a redução da produção brasileira não deve sustentar altas relevantes. Pelo contrário, o ótimo desenvolvimento do trigo argentino segue como fator predominante de pressão baixista sobre as cotações, ao menos.
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