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  • Terça-feira, 26 de agosto de 2025
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Scot Consultoria

Carta Grãos e Agricultura - Arroz: previsão de estoques finais em alta e preços em baixa

Mercado pressionado pode levar à redução de investimentos na safra 2025/2026.


Fonte: Freepik

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A produção na safra 2024/25 foi maior que a prevista, e os estoques finais atingiram o maior nível em anos (figura 2). As condições climáticas favoráveis elevaram os rendimentos médios e contribuíram para a maior oferta.

No primeiro levantamento da Conab, a produção foi estimada em 12 milhões de toneladas, um aumento de 13,8% em relação à safra anterior. Já no décimo primeiro levantamento, divulgado em agosto, a estimativa foi revisada para 12,3 milhões de toneladas, um crescimento de 16,5% frente ao ciclo 2023/24.

A diferença de aproximadamente 300 mil toneladas entre os dois levantamentos decorreu principalmente da expansão da área cultivada, que alcançou 1,75 milhão de hectares, um aumento de 8,8% em relação à safra anterior. Houve também elevação da produtividade média, que chegou a 7.049 quilos por hectare, um acréscimo de 7,1%, favorecida por condições climáticas adequadas e menor incidência de problemas fitossanitários.

Assim, embora a produção brasileira não tenha sido a maior já registrada na série histórica da Conab, a produtividade média da safra 2024/25 está estimada em 117,5 sacas por hectare (figura 1).

Figura 1.
Produção e produtividade de arroz na safra 2024/2025.

Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria

O aumento da produção na safra 2024/25 frente a safra 2022/2023, não encontrou contrapartida em um aumento proporcional na demanda. Segundo a Conab, o estoque final deverá ser de 2,1 milhões de toneladas, mais de quatro vezes maior que na safra anterior (figura 2).

Figura 2.
Estimativa do estoque final de arroz por safra, em mil toneladas.

Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria

No comércio exterior, embora o volume de arroz exportado pelo Brasil tenha avançado 15,5% de janeiro a julho de 2025, quando em comparação com o mesmo período do ano passado, o faturamento cresceu apenas 8,8% (figura 3), reflexo da queda nos preços internacionais. Segundo o USDA (Rice Outlook, ago/2025), a produção mundial deverá atingir o recorde de 541,5 milhões de toneladas em 2025/26, com estoques globais de 186,7 milhões de toneladas. Essa ampla oferta, somada à retomada da exportação pela Índia, aumentou a concorrência e pressionou as cotações.

Os preços internacionais ilustram esse movimento: de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (em inglês, USDA), em agosto de 2025 o arroz tailandês 100,0% B caiu para cerca de US$375,00 por tonelada FOB, redução de aproximadamente US$12,00 por tonelada em apenas um mês, enquanto a cotação do arroz paquistanês 5% quebrado caiu US$30,00 por tonelada, para US$370,00 por tonelada. A cotação nos EUA caiu US$10,00 por tonelada, estando em US$640,00 por tonelada no mesmo período

Figura 3.
Volume de arroz exportado (mil toneladas), e faturamento Free on board (milhões de US$), de janeiro a julho de cada ano.

Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria

Com maior disponibilidade interna e preços externos desfavoráveis, a cotação no mercado doméstico ficou pressionada. De acordo com o levantamento da Scot Consultoria, no Rio Grande do Sul a saca de 50kg foi negociada em média por R$68,80 em agosto, cotação menor que no início do ano (figura 4). Foi a menor cotação média no mês de agosto desde 2020.

Figura 4.
Cotação média do arroz, em reais por saca de 50 quilos, no Rio Grande do Sul.

Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria

A queda nos preços traz diferentes consequências para produtores e consumidores. Para o produtor, a margem está espremida, já que a saca vem sendo comercializada abaixo do planejado, e há risco de redução da área semeada ou do uso de insumos na safra 2025/26. O fluxo de caixa está pressionado: com o mercado mais lento para o arroz beneficiado e a exportação menos atrativa, os custos de carregar estoques aumentam e a necessidade de crédito de custeio se intensifica.

Já para o consumidor, o cenário está favorável. O recuo das cotações ajudou a reduzir a inflação dos alimentos: no IPCA de julho de 2025, o arroz apresentou queda de 2,9%, contribuindo para o recuo de 0,7% nas despesas com a alimentação no domicílio e ajudando a baratear a cesta básica em diversas capitais.

No entanto, se os investimentos e a área cultivada diminuírem de forma significativa na próxima safra, o ciclo pode se inverter e trazer pressão de alta nos preços.

Contra essa expectativa, as políticas de suporte ao setor foram reforçadas. A Conab foi autorizada a operar Contratos de Opção de Venda (COV) para até 110 mil toneladas, com valores até 15,0% acima do preço mínimo e prazos de exercício entre agosto e outubro, direcionados a produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Na prática, os valores de referência por saca de 50kg foram fixados em R$73,00 (agosto), R$73,48 (setembro) e R$73,95 (outubro). Além disso, a estatal poderá adquirir até 20 mil toneladas via Aquisição do Governo Federal (AGF), assegurando a sustentação do preço mínimo previsto pela PGPM.

Outro ponto relevante foi a retomada dos estoques públicos de arroz, após mais de uma década, já com volumes recebidos no Rio Grande do Sul. O Conselho Monetário Nacional também atualizou os preços mínimos para a safra 2025/26, incluindo o arroz, fortalecendo a rede de proteção ao produtor. Complementando esse pacote, o Plano Safra 2025/26 destinou R$89 bilhões à agricultura familiar, com juros de 3,0% ao ano para culturas da cesta básica, como o arroz, e de 2,0% para sistemas orgânicos e agroecológicos, além de linhas específicas para irrigação sustentável e mecanização.

Apesar das iniciativas do poder público, é importante ressaltar que é necessário estar em diálogo constante com o setor produtivo, para verificar se estas e outras medidas terão o impacto desejado e quais cursos de ação serão necessários.  

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