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Scot Consultoria

Afinal, as carnes de frango e de suíno estão mais competitivas em relação à carne bovina?


Sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023 - 12h00

Julia Zenatti é analista de mercado da Scot Consultoria.

Rodrigo Silva é médico-veterinário pela FZEA/USP e analista de mercado da Scot Consultoria.


Foto: Shutterstock


O consumo de carnes vai além da nutrição e está atrelado a aspectos culturais e socioeconômicos, que influenciam a procura por proteínas. Festas de final de ano, eventos esportivos, comemorações e feriados religiosos, entre outros eventos, favorecem ou reduzem o consumo das diferentes proteínas animais.

Por exemplo, passado os períodos festivos - final de ano, dia das mães, carnaval - cotidianamente, o consumo de carnes está atrelado à renda do consumidor. Nos últimos anos, com a perda do poder de compra do brasileiro diante da elevação da inflação, o consumo de carne bovina caiu (figura 1).

Figura 1.
Consumo per capita de carne bovina e de frango (eixo da esquerda) e suína (eixo da direita) em quilos, anualmente.

*estimativa
Fonte: ABPA e IBGE / Elaborado por Scot Consultoria

O preço no mercado atacadista é um indicativo interessante para analisar a tendência de consumo. Basicamente, a pergunta é: com o preço de um quilo da carcaça casada de bovinos inteiros quantos quilos de frango inteiro resfriado, ou de carcaça especial suína, podem ser comprados?

Quando dividimos os preços dessas carnes pelo preço da carne bovina, obtemos um número que representa a competitividade entre essas carnes. Quanto mais próximo de “1,00”, menor a competitividade e quando o valor se desprende desse número, a competitividade aumenta (figura 2). 

Figura 2.
Competitividade média ano a ano entre as carnes de frango e suína frente à carne bovina.

*O tracejado vermelho demarca o nível 1,00, em que não existiria competitividade entre as carnes.
Fonte: Scot Consultoria

Em 2020, o preço médio da carcaça casada de bovinos inteiros foi de R$19,47/kg, deflacionada pelo IGP-DI, já para o fechamento de 2022, o preço médio ficou cotado em R$18,22/kg, redução em preços reais de R$1,24/kg, ou 6,82%.

O frango inteiro resfriado no atacado, em 2020, era negociado em média por R$6,71/kg, enquanto, no fechamento de 2022, a média foi de R$7,01/kg, incremento real de R$0,30/kg, ou 4,51%.

Para a carcaça suína, tínhamos o preço de R$13,02/kg em 2020, já, em 2022, a cotação fechou em R$9,46/kg queda de R$3,56/kg, ou 27,34%.

Sendo assim, em 2020, com o dinheiro gasto para comprar um quilo de carne bovina no atacado era possível comprar 2,91 quilos de frango resfriado e 1,53 quilo de carcaça especial suína. Já em 2022, a relação entre as proteínas animais fora de 2,63 quilos para o frango no atacado e 1,95 quilo para o suíno no atacado.

Portanto, em média, nos últimos dois anos, a carne bovina ganhou competitividade frente à carne de frango e perdeu para a carne suína (figura 3).
Figura 3.

Figura 3.
Competitividade da carne bovina frente às carnes de frango (azul) e suína (laranja), entre janeiro de 2020 e janeiro de 2023.

*até a terceira semana de janeiro de 2023
Fonte: Scot Consultoria

Com base nos preços médios dos últimos dois anos, a tendência é de continuidade no incremento da competitividade da carne suína frente à carne bovina, ou seja, uma popularização do consumo da carne suína, que está financeiramente mais atrativa.

Mesmo com a queda de competitividade entre 2020 e 2022, a carne de frango ainda apresenta o melhor custo-benefício frente a carne bovina e suína – na média de 2022, os preços nominais das carcaças de frango, suína e bovina no atacado foram, respectivamente, R$7,06/kg, R$9,52/kg e R$18,32/kg. Portanto, o frango continuará a ser a proteína animal consumida em maior volume (figura 1).


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