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Scot Consultoria

Chuvas e preços na Austrália


Terça-feira, 8 de fevereiro de 2011 - 12h49

Médico Veterinário pela UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, mestrando em Administração de Organizações na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP). Consultor de mercado. Coordenador da divisão de couro e sebo. Coordenador da divisão de consultoria a revendas agropecuárias. Coordenador da divisão de reprodução animal. Editor chefe do informativo Boi & Companhia.


O segundo exportador mundial de carne bovina passa por uma série de desastres naturais. Chuvas, enchentes e ciclones afetaram o estado australiano de Queensland nesse início do ano. Quais os efeitos para a pecuária australiana e mundial? As chuvas prejudicaram os embarques, o que, com demanda firme, poderia causar elevação dos preços. Em janeiro os preços subiram 3,5% entre o dia 10 e 18 de janeiro, segundo o EYCI (Indicador de Preços de Gado Jovem, que inclui animais para reposição). Em um segundo momento, houve a desova dos animais das regiões alagadas, o que causou queda de preços (figura 1). Na figura 1 encontra-se a evolução do EYCI, indicador elaborado pelo MLA (Meat and Livestock Australia), com base nos preços dos estados do leste australiano. O volume médio diário de animais comercializados em janeiro foi de 18,19 mil cabeças, 90,1% superior à média em janeiro de 2010. O nível de comercialização em janeiro foi inédito na região. Na figura 2 estão as médias de comercialização diária em janeiro de cada ano. Em relação à média do período analisado, a comercialização em janeiro de 2011 foi 52,8% maior. Em termos de abates, segundo dados do MLA, os de janeiro caíram 18% na comparação com o mesmo período do ano anterior, ficando 11% abaixo da média de abates de janeiro dos últimos cinco anos. Nas regiões mais afetadas pelas chuvas, a queda dos abates de bovinos chegou a 30% em relação aos níveis de 2010. Brasil e Austrália atendem mercados diferentes, o que diminui o impacto, da menor produção desse país. No ciclo 2009/2010, segundo o Departamento de Relações Internacionais e Comércio (Department of Foreign Affairs and Trade) 75% da receita com exportações de carnes in natura da Austrália foi obtida das vendas para os Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul, mercados não atendidos pelo Brasil devido ao status sanitário em relação à febre aftosa. Adicionando aos destinos Indonésia e Taiwan, que também não importam carne brasileira, a representatividade chega a 83,2% da receita com exportações de carne in natura australiana. A Austrália exporta carne para mais de 100 países, segundo o MLA. Em alguns mercados, concorrem com o Brasil, como no Oriente Médio, para onde se destina boa parte dos embarques brasileiros. Mas este mercado representou apenas 2,3% das exportações australianas, em receita, em 2009/2010. A pecuária australiana deve sofrer com os danos em infraestrutura que ocorreram, embora seja cedo para dizer se isso acontecerá. A diminuição na produção australiana tende a ser benéfica para o Brasil, embora os mercados atendidos sejam potencialmente diferentes.
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