• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Impostos inibem o consumo de suco de laranja no Brasil


Terça-feira, 2 de junho de 2015 - 08h15

Quando o produtor envia uma caixa de laranja de 40,8 quilos de sua produção para a indústria, recebe R$15,00.


Após industrializada, essa mesma quantidade de laranja rende 20 litros de suco que, se comercializado no mercado interno, vai pagar R$40,00 apenas de impostos.


"Isso explica porque esse mercado interno de suco nunca decolou", afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos).


Com o consumo externo desabando, uma das saídas a curto prazo é o mercado interno, o que está levando o setor a uma cruzada para a desoneração dos impostos. ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e PIS-Cofins oneram em 27,2% o suco de laranja comercializado no país.


Com uma tributação tão pesada - o que inibe a evolução do consumo no mercado interno- e a demanda externa em queda, o setor encolhe, afetando principalmente os produtores de menor escala.


A queda dessa tributação elevaria o consumo de laranja, destinada apenas para a produção interna de suco, para 50 milhões de caixas por ano, bem acima das atuais 4 milhões, diz Ibiapaba Netto.


A demanda total de suco de laranja brasileiro deverá terminar este ano com um volume de 1,1 milhão de toneladas, 322 mil toneladas abaixo do que foi há dez anos.


O consumo interno de suco não decola porque não tem um preço atraente para o consumidor. Com custo de produção próximo de R$2,60 por litro na indústria, chega à gôndola do supermercado a R$8,40, após incluídas margens da cadeia e impostos.


O consumo de sucos com 100% de frutas - como laranja, uva e maçã- é de 0,5 litro por pessoa no mercado brasileiro. Nos Estados Unidos, chega a 19 litros, enquanto no Canada atinge 29.


A indústria de suco de laranja acredita que a demanda mundial e interna por suco brasileiro possa atingir 1,3 milhão de toneladas em 2024, se houver a desoneração de impostos no país e uma ação de marketing das indústrias. Do contrário, a demanda será 140 mil toneladas menor. O consumo nos EUA, que era de 1,03 milhão de toneladas de suco em 2004, recuou para 688 mil em 2014 e cairá para 433 mil em 2024.


A Europa, outro mercado importante, consumiu 880 mil toneladas em 2004, volume que recuou para 756 mil no ano passado e deve cair para 665 mil em nove anos.


A China compensa parte dessa queda. O consumo, que esteve em 49 mil toneladas em 2004, subiu para 149 mil no ano passado e deverá subir para 387 mil em 2024.


Com esse balanço de queda nos principais mercados, como Estados Unidos e Europa, e elevação nos emergentes, como é caso da China, a demanda mundial de 2024 ficará próxima de 2,1 milhões de toneladas, um volume igual ao de 2014.


A exportação brasileira, que atingiu 1,3 milhão de toneladas em 2004, caiu para 1,2 milhão em 2014 e deverá ficar 1,1 milhão em 2024.


O consumo de suco produzido no Brasil tem como destino o mercado externo, que absorve 97% do total.


Fonte: Folha de São Paulo. Por Mauro Zafalon. 30 de maio de 2015.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja