Arroba do boi gordo reage

Depois de longa estagnação nos preços, a arroba do boi gordo reagiu em Goiânia, Campo Grande (MS) e São Paulo em 2,5%, 5,3% e 2,2%, respectivamente, conforme o a última edição do Informativo Pecuário Semanal da Scot Consultoria. A oferta curta de animais de reposição e as sucessivas valorizações do boi gordo mantêm firme o mercado de reposição no Brasil Central, segundo o zootecnista Renato Fagundes Bittencourt, consultor da Scot Consultoria.

Em sua opinião, o bom volume de chuvas para o período "colabora para a qualidade das pastagens e reforça este quadro, devido às possibilidades dos pecuaristas reterem os animais no campo". Em São Paulo, observa Bittencourt, a "média de todas as categorias houve valorização de 3,9%". Ele dá destaque para a melhora da procura por animais mais jovens, principalmente para o bezerro anelorado, de sete arrobas.

O volume de negociações, contudo, ainda está "aquém do esperado na maior parte das praças do Brasil Central, principalmente pela disponibilidade pequena de animais". Para as fêmeas, o mercado está menos procurado.

Na avaliação de mercado de Douglas Coelho, da Scot Consultoria e bastante conceituada junto aos pecuaristas de Goiás, a referência para o animal terminado em Barretos (SP) está em R$103,00, à vista a arroba, e R$104,50, a prazo. Em sua análise, as programações de abate estão curtas e atendem, em média, entre dois e três dias em São Paulo, para onde se dirige grande parte do rebanho do Centro-Oeste. 

Coelho não tem dúvida: com a disponibilidade curta de boiadas, novas valorizações no mercado do boi gordo não estão descartadas. Ricardo Yano, presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura e confinador de gado de corte em Santa Terezinha de Goiás, está convencido dessa reação no mercado. Os preços do boi gordo e da vaca alta estão em alta e hoje oscilam entre R$91,00 à vista e R$93,00 a arroba a prazo. Os preços ficaram por meses estagnados em cerca de R$80,00 a arroba do boi gordo.

"Há pouca oferta no mercado de reposição em praticamente todo o país", confirma Yano. Em contrapartida, a procura segue aquecida, o que mantém as cotações firmes há algumas semanas na maior parte do Brasil Central. Em São Paulo, o boi magro anelorado com 12 arrobas está cotado em R$1.260,00 a cabeça. Em Goiânia, um animal desse porte é vendido a R$1.140,00.

Leandro Bovo, médico veterinário e MBA em Finanças pelo IBMEC (SP), confirma que a diminuição dos abates nas últimas semanas e o consequente enxugamento dos estoques de carne no atacado, a alta da carne superou a valorização do boi gordo. Em julho, pelos seus dados, a carcaça casada com osso já subiu 4,7% contra uma alta de 2,0% no boi gordo.

As exportações, que na primeira semana de julho tiveram alta de 40% em volume na comparação com o mesmo mês de 2012, e 20% na comparação com o mês anterior, ajudam a enxugar ainda mais a disponibilidade de carne no mercado interno e sustentam a recente alta, assinala Bovo. Diante desse cenário, "o contrato de julho deste ano permanece na sua tendência de alta, dentro de um canal bem definido, que se iniciou desde maio".

Em sua visão, quem se animou em comprar bois magros para colocar em confinamento, via parceria ou pagando diária, teve a ingrata surpresa de ver os preços do boi magro subirem mais do que a alta nos mercados físico e futuro. Por enquanto, a alta dos futuros tem sido uma boa oportunidade para os confinadores comprarem proteção via opções de venda, que tiveram seus preços barateados.

A opção de venda de nível R$ 102,00 a arroba para agosto próximo foi negociada por R$ 0,85 a arroba e a de R$ 101,00 para outubro pode ser comprada ao redor de R$ 1,00 a arroba. "Para quem já está com o gado no cocho é uma boa oportunidade para se garantir preços mínimos interessantes", conclui Leandro Bovo.

Fonte: Diária da Manhã. 11 de julho de 2013.