Fabricantes de etanol dos Estados Unidos estão buscando trigo como matéria-prima, em um movimento altamente incomum devido ao desconto atípico do trigo em relação ao preço do milho. Entretanto, essa tendência vai durar apenas mais alguns meses, disse Jay ONeil, economista agrícola da Kansas State University, antes de uma conferência global de grãos em Cingapura.
Os contratos futuros de trigo são geralmente negociados com um ágio sobre o milho, mas os spreads dos papeis de março e maio se inverteram na bolsa de Chicago, o que levou os fabricantes de etanol a buscar o trigo como matéria-prima em vez de milho. Na segunda-feira, o prêmio entre esses grãos estava em 40 centavos de dólar por bushel.
"Alguns fabricantes de etanol estão buscando o trigo agora porque parece atraente, mas eles terão de assegurar o volume suficiente para, ao menos, três meses de estoque, para que a conta funcione", disse ONeil.
A fabricante americana de etanol POET Biorefining, por exemplo, tem uma boa oferta de trigo vermelho de inverno para usar em sua fábrica em Indiana. Fabricantes de etanol em Kansas e Nebraska também têm demonstrado interesse em comprar o trigo, disse ONeil.
É tecnologicamente viável extrair amido de trigo para fazer etanol, mas a oferta tem que ser consistente e os preços viáveis, afirmou ONeil.
Plantações de milho nos EUA devem chegar a 95,0 milhões de hectares neste ano, o que irá reduzir os preços do milho ao longo dos próximos meses. No ano passado, a área de plantio chegou ao recorde de 97,2 milhões de hectares, mas apenas 87,4 milhões de hectares foram colhidos devido a uma seca grave.
Os estoques de milho nos EUA devem ficar em 16,0 milhões de toneladas em 31 de agosto, mostraram dados do Departamento de Agricultura do país (USDA). Na semana passada, o USDA também anunciou que os EUA devem importar 3,2 milhões de toneladas de milho neste ano-safra. Apesar de o país ser um grande exportador de milho, por conta da seca, teve que importar o grão neste ano.
ONeil também afirmou que a questão de preços entre milho e trigo afeta não só os produtores de etanol, mas também os fabricantes de ração animal.
Fonte: Valor Econômico. Com informações de Dow Jones Newswires. 12 de março de 2013.
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