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Scot Consultoria

Mercado de clima e escassez fazem produtor dar as cartas


Quarta-feira, 25 de julho de 2012 - 09h10

A supersafra mato-grossense de milho pode ter escoamento recorde neste ano, caso o ritmo atual imposto pelo mercado se repita no decorrer dos próximos meses. Desde que as informações sobre a severidade da seca nos Estados Unidos começaram a afetar as lavouras de milho e soja naquele país, a oleaginosa foi a primeira commodity a usufruir da ascensão do mercado. Somente nos últimos dias o preço ao milho reagiu e a safra que corria risco de se tornar um pesadelo no estado faz com que o produtor volte a dar as cartas. A comercialização que estava parada avançou em menos de um mês quase três vezes mais do que o registrado em cinco meses. O mercado corre para garantir o milho. 


Enquanto o mercado quer milho, o produtor ganha no preço. A saca que em maio, antes do início da colheita, havia batido R$13,00, já é negociada para entrega futura 30% mais, desde o início de julho "e ainda estamos no pico da safra", observa o gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Daniel Latorraca. Como exemplifica o Boletim Semanal do IMEA, divulgado nesta segunda-feira (23/7), os preços cotados na sexta-feira foram de R$24,00/saca em Rondonópolis, variando 7% no decorrer da semana, em Sapezal, R$21,50/saca, variando em 10%, e em Diamantino, R$20,30/saca, variando em 13% esta semana. 

"De fevereiro a junho, as vendas do milho segunda safra - vendas futuras - haviam evoluído 5 pontos percentuais. De junho a julho, passaram de 56% do total estimado de produção para 69,5%, ou seja, um avanço de 13,5 pontos percentuais, em menos de um mês". 


Dos 14 milhões de toneladas estimadas, o dobro em relação ao ano passado, mais de 67% estão colhidos e quase 70%, comercializados. A colheita que atinge seu ápice deverá estar encerrada em meados de agosto. 


"O preço do milho no mercado interno continua acompanhando a linha de alta da cotação na Bolsa de Chicago (CBOT) refletindo na volta à comercialização do produto. No mês de julho, os preços tiveram uma elevação média de 36,5%, sinalizando a necessidade do comprador para aquisição do cereal", diz o Boletim. Como observa Latorraca, a previsão para os próximos dias segue positiva. Com a evolução da colheita, a pressão internacional e a manutenção de preços atrativos, a comercialização deve continuar de forma acelerada. 


Pela primeira vez na história, o cereal cultivado em Mato Grosso sofre a influência do chamado mercado de clima gerado nos Estados Unidos. Até o ano passado, o mercado de clima era vigiado de perto pelo sojicultor - especialmente pelo mato-grossense, que é o primeiro do Brasil a plantar -, que esperava por notícias ruins para ver o mercado reagir positivamente para travar soja com preço mais remunerador. Com o milho mais commodity do que nunca, Mato Grosso pela primeira vez vive o mercado de clima para o cereal e essa estreia chegou a um momento em que a cotação do grão declinava. 


A China, potência mundial de produção de milho, se mantém firme para a próxima safra. A estimativa realizada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) demonstra que a produção chinesa para a safra 2012/13 deve aumentar 1,2%, atingindo 195 milhões de toneladas. 


A indicação é de que os estoques iniciais da safra 2012/13 sejam de 59 milhões de toneladas, 19,6% maiores que o da safra 2011/12. É estimado que o consumo interno siga a tendência de aumento e cresça 6,9% para a próxima safra. Devido a esse aumento de 13 milhões de toneladas no consumo, que passa a ser 3,1% maior do que a produção, o consumo do estoque se faz necessário. Por isso, a projeção de diminuição nos estoques finais já é estimada, reduzindo 2% até o final da safra 2012/13.


Fonte: Diário de Cuiabá. Mariana Peres. 24 de julho de 2012.



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