Puxado pelo aumento do descarte de matrizes este ano, o volume de abate de bovinos, em Mato Grosso, registrou incremento de 2,6% nos primeiros três meses do ano, em relação a igual período do ano anterior. Foi o melhor primeiro trimestre em volume de abates desde 2007, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato).
A principal explicação para este crescimento foi a expansão de 27,7% no volume de abates de fêmeas em Mato Grosso. Em contrapartida, o abate de machos diminuiu 13,2%, porém, não o suficiente para fazer com que o resultado do primeiro trimestre de 2011 fosse negativo.
Os números confirmam as previsões dos produtores para este período do ano, após uma longa estiagem e dificuldades de pastagens para alimentar o rebanho. Na opinião do presidente da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), José João Bernardes, o maior abate de fêmeas nesta época já era esperado devido à escassez de pasto para alimentação dos animais.
“A seca castigou duramente as invernadas, provocando o emagrecimento do rebanho e a redução do estoque de boi pronto para abate. Isso acabou levando muitos pecuaristas a se desfazer de fêmeas para fazer frente a alguns compromissos. Isso aconteceu principalmente com as fêmeas improdutivas do rebanho”, explica Bernardes.
Os números do primeiro trimestre confirmam também as perspectivas do Imea, que mostravam uma queda na oferta de machos. “No entanto, mesmo sabendo que nesta época o abate de fêmeas cresce, definitivamente o valor ficou acima do esperado”, avalia o Imea.
Para os analistas, na atual conjuntura o aumento do abate de fêmeas é saudável, tanto pela melhora na oferta de carnes para a população, como também para reduzir o número de matrizes e, no futuro, a oferta de bezerros. “Esse movimento poderia iniciar uma mudança de visão estratégica dos pecuaristas, o que seria notável em um momento em que se verifica que a relação de troca entre o bezerro e o boi gordo está favorável para quem faz cria”.
Mas a real causa é a forte seca vivida em meados de 2010. Com 2,3 milhões de hectares perdidos, não são poucos os relatos que apontam animais magros em pleno pico da safra, com situações de pastagens ainda afetadas por esse momento crítico. “Agora resta saber como será a produção de bezerros que afetará a sobrevida desse bom momento do mercado de cria”.
De acordo com dados do Imea, a média de abate, em Mato Grosso, totalizou 377 mil cabeças no mês de março, volume 1% inferior ao apresentado no mês anterior e 4% menor em comparação com o mesmo período de 2010. Observou-se também o maior abate de fêmeas desde 2007, 196 mil cabeças, volume 3% maior que o apresentado no mês anterior, quando o Estado abateu 191 mil cabeças.
Em uma análise do primeiro trimestre de 2011, o estado abateu 28% de fêmeas (119 mil cabeças) a mais que no ano anterior. Em relação ao abate de machos, registrou-se uma queda de 16% em fevereiro e de 4% em março na comparação com o período anterior.
Fonte:
Diário de Cuiabá. Por Marcondes Maciel. 4 de maio de 2011.
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