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Scot Consultoria

O motor da economia europeia arranca para o leste


Sexta-feira, 22 de julho de 2011 - 09h21

Alemanha foi o centro da economia europeia por muito tempo, assim como o motor é para o automóvel. Mas a Europa não é mais tão importante para a Alemanha como costumava ser. Com severos problemas econômicos em alguns países e brigando para lidar com uma crise de dívida soberana, o país tem crescentemente investido seu capital fora da zona do euro para manter seu crescimento robusto. Companhias alemãs, ao invés de concentrar seus investimentos de forma maciça em países como Franca e Itália, estão mandando uma fatia cada vez maior para países como Polônia, Rússia, Brasil e especialmente a China. Com o desemprego em baixos índices, juntamente com esta fórmula de exportações para mercados em expansão, a Alemanha tem conseguido resistir à crise.* Existem sinais que a prosperidade alemã não está mais auxiliando o resto da Europa como fez há alguns anos. E ao contrário, o restante da Europa, particularmente os países do sul, estão ficando muito pra trás, enquanto a União Europeia luta para lidar com as crises da dívida. A mudança de foco, que ainda está em estágios iniciais, pode ter profundas implicações políticas e econômicas. Isto acontece em um momento crítico onde os demais países da Europa estão contando com a Alemanha para que esta continue seu papel tradicional como a locomotiva da economia do Velho Continente, sendo vista como chave na recuperação perante a crise. A Alemanha e outras nações que têm resistido à crise, por outro lado, expõem também uma realidade pouco comentada: a de um bloco europeu, com a idéia de unificação em sua essência, crescendo de maneira desuniforme.* A mudança econômica do país já esta tendo conseqüências na Europa. Enquanto a Alemanha se torna menos dependente dos mercados da zona do euro, existem sinais de que está se tornando mais rigorosa com seus parceiros em dificuldades, como Grécia, Itália e Portugal. Isso se soma às pressões que atualmente tensionam a unidade europeia. O governo alemão chegou a sugerir que não contribuiria financeiramente com o pacote de ajuda da União Europeia à Grécia.* “Isso reforça uma mudança que temos visto nos anos recentes na Alemanha: se tornar mais focada em seus próprios interesses nacionais do que se sacrificar por algum interesse europeu definido” diz Kevin Featherstone, um especialista em política europeia da Escola de Economia de Londres. “A Alemanha não esta desistindo da Europa, mas está certamente frustrada”. É nesse ponto que a idéia de duas Europas toma corpo: a zona do euro teve a sua projeção de crescimento para 2011 elevada devido ao desempenho alemão. Observa-se também o fato de que por vários anos, o saldo positivo na balança comercial alemã se deu justamente graças ao consumo dos países hoje endividados. Uma faca de dois gumes: a Alemanha pode ser vista como propulsora por uns e como devedora por outros.* Política e negócios são interesses alinhados neste país. O governo alemão tem empregado crescentes recursos diplomáticos para seus parceiros emergentes, particularmente a China. O primeiro ministro chinês Wen Jiabao levou uma comitiva de 13 ministros e 300 gerentes na visita a chanceler alemã Ângela Merkel em junho. O presidente russo Dmitri A. Medvedev levou uma comitiva similar consigo esta semana para o encontro anual de consultas russo-alemãs. No plano de negócios, teve um incremento de receita de 20% proveniente de negócios com os chineses contra 8% vindos da Europa no mesmo período. Marc Lhermitte, consultor da Ernst and Young, foi um dos dirigentes de um estudo da consultoria, em maio, com as tendências de investimentos estrangeiros ao redor do mundo. Em 2010, a fatia das exportações alemãs ocupada pela zona do euro caiu de 43 para 41%, enquanto que a asiática cresceu de 12 para 16%, de acordo com pesquisas do Bundesbank. No mesmo período, as exportações para a Ásia cresceram 28 milhões de euros enquanto que exportações para a zona do euro caíram em valor igual. A Alemanha, obviamente, permanece profundamente entrelaçada com a zona do euro, que ainda é de longe sua maior fonte de negócios. Mas a fatia do oeste europeu na torta alemã esta diminuindo, à medida que as companhias estão buscando novos investimentos em mercados mais vibrantes. Considerando o país tão somente como um investidor, tenderia a investir em países que darão retorno crescente. Se não há aumento de empregos, o consumo dificilmente vai aumentar.* Investimentos corporativos alemães no oeste europeu ainda estão crescendo em termos absolutos, mas o consumo e aumento de empregos não cresce da mesma forma observada em países emergentes. Seguindo a metáfora do título, parece que a economia italiana é a próxima a não aproveitar mais da carona alemã. * Comentários feito pelo analista tradutor.
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