• Quinta-feira, 9 de outubro de 2025
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Scot Consultoria

Do Pampa à serra: o retrato do confinamento no Sul do Brasil

Expedição da Scot Consultoria encerrou sua jornada de 2025 mapeando tendências da pecuária intensiva no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.


Fonte: Scot Consultoria

Fonte: Scot Consultoria

A edição 2025 do Confina Brasil, pesquisa-expedicionária realizada pela Scot Consultoria, percorreu 11 estados para mapear realidades regionais da pecuária de corte intensiva. Os últimos destinos foram Rio Grande do Sul e Santa Catarina, estados que, pela diversidade climática e pelo perfil produtivo, apresentam particularidades dentro do cenário nacional.

Rio Grande do Sul: tradição x modernização

A etapa gaúcha do Confina Brasil iniciou em Uruguaiana e São Sepé, na região dos pampas. O cenário predominante ainda é o das pastagens, mas a exigência por animais mais precoces tem impulsionado a adoção de sistemas intensificados, e o confinamento ganha força como ferramenta estratégica. Além disso, a região se destaca pela produção de arroz, uma das culturas agrícolas mais relevantes do estado, e adota a integração lavoura-pecuária como forma de aproveitar essas áreas no pós-colheita, além de incorporar na dieta os coprodutos como farelo de arroz, casca de arroz.

De forma geral, a pecuária gaúcha tem forte tradição na utilização de raças britânicas, valorizadas pela boa adaptação ao clima do estado, além da cultura de, predominantemente, trabalhar com machos castrados. Nos confinamentos mapeados nessa etapa, 48% dos animais se enquadravam nessa categoria.

Na sequência, a expedição seguiu para a região de Capão do Leão, Pelotas e São Lourenço do Sul, marcada pela presença das Estações Pré-Embarque (EPEs), estruturas voltadas à exportação de gado vivo. O Rio Grande do Sul é o segundo estado brasileiro em volume de exportação nessa modalidade. Ali, o cenário é distinto: os animais passam por períodos curtos de quarentena em estruturas de grande porte, com alta demanda de manejo e rigor sanitário, garantindo que os animais estejam aptos para atender às exigências do país de destino antes do embarque.

A última parada foi na Serra Gaúcha, onde predomina uma realidade mais próxima com a região visitada em Santa Catarina. São confinamentos menores em escala, mas bem estruturados com instalações em galpões cobertos, sistema de drenagem eficiente com pisos ripados que possibilitam o aproveitamento dos dejetos e que as baias permaneçam limpas, e em alguns casos, distribuição automatizada do trato, tecnologia semelhante à utilizada nas cadeias de aves e suínos.

Um dos principais destaques da rota gaúcha foi o uso estratégico de coprodutos regionais na nutrição dos bovinos confinados. Além da silagem tradicional produzida nas propriedades, observou-se o aproveitamento de da erva-mate - planta símbolo da cultura gaúcha, utilizada no preparo do tradicional chimarrão.

Outro ponto de atenção foi o aproveitamento dos resíduos da viticultura, especialmente o bagaço de uva, amplamente disponível devido à forte presença de vinícolas na Serra Gaúcha. Esses ingredientes têm se mostrado alternativas nutricionais vantajosas, contribuindo para melhorar a estabilidade oxidativa da carne, ampliando seu tempo de prateleira, além de possíveis reduções nas emissões de metano, graças às concentrações de taninos e compostos bioativos.

A Embrapa Pecuária Sul, sediada em Bagé (RS), vem conduzindo pesquisas que comprovam o potencial sustentável dessa estratégia e seus efeitos positivos na mitigação de gases de efeito estufa. Em linha com esse avanço, empresas como a Nutron Cargill têm incorporado essas inovações ao desenvolvimento de núcleos da linha Probeef, voltada à produção de carnes premium com foco em eficiência e qualidade.

Apesar dos avanços, os pecuaristas ainda convivem com desafios importantes. A tristeza parasitária bovina foi apontada como a principal causa de morbidade nos confinamentos visitados, exigindo atenção constante com protocolos sanitários e manejo preventivo. Outro ponto é a reposição de gado, que segue como um gargalo afetando a rentabilidade do sistema de produção, a oscilação na oferta de bezerros e o aumento do preço dos animais de reposição, fazem com que os produtores fortaleçam a integração com fazendas de cria, estabelecendo parcerias de longo prazo que garantem o fornecimento regular de terneiros.

Esse mosaico regional revela que a integração entre práticas tradicionais e inovação tecnológica, impulsiona um movimento gradual de intensificação, que não apenas eleva a eficiência produtiva, mas também fortalece a competitividade da produção gaúcha nos mercados mais exigentes.

Santa Catarina: eficiência em sistemas compactos

Em Santa Catarina, o Confina Brasil encontrou sistemas produtivos que, embora operem em menor escala, se destacam pela eficiência e qualidade. Os confinamentos visitados contam com infraestrutura moderna, aproveitamento o máximo das áreas disponíveis e adotam um manejo cuidadoso em todas as etapas, desde a alimentação até o bem-estar animal.

As particularidades do estado como o rebanho mais enxuto, as condições climáticas e o custo mais elevado de insumos fazem com que o confinamento seja usado quase exclusivamente para terminação, diferente do perfil da pecuária do Centro-Oeste, onde a ferramenta tem múltiplos usos, no Sul o foco está em atender a um mercado exigente por carcaças precoces e bem-acabadas que garantam qualidade superior e agreguem valor ao produto.

Santa Catarina conta com o Programa Novilho Precoce, iniciativa que orienta e valoriza a produção de bovinos abatidos jovens, com peso mínimo de carcaça e espessura de gordura específica. O programa visa estimular a eficiência produtiva e a precocidade dos animais, bonificando o produtor por arroba adicional quando os critérios de qualidade são atendidos. Além de incentivar boas práticas de manejo e nutrição, o programa contribui para padronizar carcaças e elevar a competitividade da carne catarinense nos mercados premium.

Outro diferencial catarinense é o status sanitário de excelência. O estado é livre de febre aftosa sem vacinação desde 2007, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Essa condição reforça a rastreabilidade obrigatória do rebanho, que garante controle total sobre a origem e o histórico dos animais, fator que não apenas fortalece a confiança do consumidor interno, mas também amplia a competitividade da carne brasileira em mercados externos que exigem elevados padrões de controle e transparência na origem do produto.

Santa Catarina demonstra como é possível combinar sistemas produtivos enxutos com altos níveis de eficiência, diferenciação e credibilidade. A integração entre gestão eficiente, rastreabilidade e foco em qualidade coloca o estado em posição de destaque, evidenciando que a competitividade na pecuária não depende apenas de volume, mas também da capacidade de inovar e atender às demandas de um mercado cada vez mais seletivo.

Transformando a experiência em dados

O encerramento das visitas marca apenas o início da próxima etapa do projeto. Agora, toda a base de dados coletada em campo passa por uma análise técnica aprofundada, que dará origem ao Benchmarking Confina Brasil 2025, um material completo, gratuito e de alto valor estratégico para todo o setor da pecuária de corte.

O documento reúne indicadores, comparativos regionais e tendências observadas nas propriedades visitadas em todo o país, auxiliando na tomada de decisão e planejamento dos sistemas intensivos.

O lançamento está previsto para dezembro de 2025, e o arquivo poderá ser baixado gratuitamente mediante cadastro no site oficial do projeto: www.confinabrasil.com

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