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Scot Consultoria

Veja a entrevista que Alcides Torres, da Scot Consultoria, concedeu à IX Jornada NESPRO


Terça-feira, 23 de setembro de 2014 - 09h18


Na próxima quinta-feira, dia 25/9, Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria participará de um painel durante a IX Jornada NESPRO sobre os rumos da pecuária de corte brasileira.


A IX Jornada NESPRO acontecerá nos dias 25 e 26 de setembro, em Porto Alegre/RS, e é organizada pelo Núcleo de Estudos em Sistema de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva.


Alcides concedeu uma entrevista à comissão organizadora. Confira:


NESPRO: Qual será o rumo da pecuária de corte brasileira nos próximos anos?


Alcides Torres: A expectativa é de que a pecuária brasileira sofra um forte processo de intensificação cujo objetivo é a maior produção por área. Esse caminho está sendo ditado por questões econômicas e ambientais. Uma vez que a sociedade optou pela preservação dos imensos remanescentes florestais brasileiros, para atender ao aumento da demanda, sem sair em busca de fertilidade natural, que advém do desbravamento, somente com o aumento da produtividade por área.


NESPRO: O forte avanço da agricultura - especialmente da soja - sobre a pecuária tradicional a pasto tem forçado os produtores a adotarem mais tecnologia para maximizar a produtividade. Quais são essas tecnologias? IA, IATF, marcadores moleculares, programas de seleção etc?


Alcides Torres: Realmente a agricultura de excelência concorre com a pecuária de corte de baixa tecnologia ou com a pecuária extensiva, cuja renda por hectare é diminuta. Essa concorrência , no entanto, não é generalizada e não acontece com a mesma intensidade em todo o Brasil. Nas regiões onde a agricultura impera, a pecuária, para se manter, deverá dar um lucro semelhante ao proporcionado pelas lavouras ao longo dos anos e, isso é possível. Mas antes de sair por aí comprando tecnologias como as citadas convêm passar por um choque de gestão e arrumar a casa com critério, acertando primeiramente a fertilidade do solo, a divisão das pastagens, o manejo do capim, combater as ervas invasoras, estabelecer um programa de mineralização e suplementação alimentar, adotar um protocolo sanitário racional e somente depois de acertado tudo isso, pensar na genética. Trata-se de um processo.


NESPRO: Qual é o índice de produtividade da pecuária de corte brasileira?


Alcides Torres: O indicador nacional é muito baixo, em função da extensão territorial e dos diferentes biomas onde a pecuária é explorada. Por exemplo, o máximo de produtividade obtido no pantanal é muito baixo se comparado o que é obtido em fazendas-referência no Centro-Oeste. Não é uma boa idéia adotar apenas um indicador para retratar a pecuária brasileira. Mas admitindo-se que sejam baixos, por que é assim? E é ou foi assim, pois não havia necessidade de se produzir mais. O que determina de fato a busca pela produtividade é o mercado.


NESPRO: Os produtores brasileiros têm investido em seleção genética para formação de seus plantéis? Além da genética, a alimentação e a sanidade do rebanho também são preocupações do pecuarista brasileiro? Como a tecnificação pode aumentar a rentabilidade da pecuária?


Alcides Torres: Há produtores e produtores. Você encontrará de tudo no Brasil. Se há seleção, há e muito. Alimentação e sanidade é um binômio comum entre os pecuaristas. A tecnificação pela tecnificação, porém, é um desastre. É preciso um diagnóstico para saber os gargalos de uma fazenda ou de uma região e adotar as medidas preconizadas pelo diagnóstico fazendo contas. Quando ganhar-se-á por real investido e em quanto tempo? A tecnificação só se justifica quando deixa mais dinheiro para o pecuarista. Normalmente ela deixa.


NESPRO: Os projetos de confinamento seguirão sendo uma tendência no Brasil? Em quais regiões eles são mais comuns? Qual o número de animais confinados? Ele aumentou ou reduziu em 2013?


Alcides Torres: Embora a pecuária brasileira se caracterize pela produção em pasto e será assim por muitos e muitos anos, o confinamento de bovinos aumentará. O tamanho desse aumento será definido pelo mercado. A maior quantidade de bovinos confinados está no Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul, mas há confinamentos praticamente em todo o Brasil. Estima-se que a quantidade de bovinos confinados varie entre 3,5 e 4,0 milhões de cabeças. Perto de 10,0% do abate nacional. Em 2013, a quantidade ficou estável em relação a 2012, e neste ano a expectativa é de aumento.


NESPRO: Qual é o tamanho do rebanho brasileiro de gado de corte? Quais as raças com maior número de cabeças? Nelore, Angus, Hereford e Braford? Quantas raças podem ser exploradas para produção comercial de carne bovina no Brasil?


Alcides Torres: O rebanho brasileiro está estimado em 211,0 milhões de cabeças, em 155,0 milhões de hectares. A raça predominante é a Nelore. No Brasil de clima temperado destacam-se as raças Angus, Hereford, etc. Todas são exploradas comercialmente. Difícil é encontrar uma que não seja.


NESPRO: Em quais regiões do país a pecuária de corte tem apresentado maior crescimento? Por quê?


Alcides Torres: Sem sombra de dúvida nos últimos 30-40 anos o crescimento foi no Centro-Oeste e no Norte, em função da conquista e ocupação do território brasileiro e do processo civilizatório dos sertões. Não fosse essa caminhada para o oeste e para o norte, o Brasil ainda seria um país litorâneo vivendo um brutal sub-desenvolvimento.



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