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Scot Consultoria

Soda no leite


Quarta-feira, 21 de novembro de 2007 - 10h28

Médico diz que "um método inócuo e eficiente para conservação de um alimento tão importante, mas facilmente perecível, não pode ser ignorado". Foi surpreendente a notícia que o leite para consumo doméstico, continha soda cáustica. Aqui na Santa Casa de Rio Preto, cheguei a manter uma Enfermaria inteira para tratamento da esofagite cáustica, causada pela ingestão acidental de soda cáustica. Éramos no interior o único serviço que tratava essa terrível doença. A soda era de uso doméstico, toda residência tinha em sua despensa uma latinha de soda cáustica. Freqüentemente, a criança confundia a soda com o açúcar e bastava provar uma pequena quantidade para ficar seriamente doente, necessitando longo e doloroso tratamento, algumas vezes complementado por complicadas cirurgias, e em outras vezes, a morte era inevitável. A notícia de soda no leite aflorou minhas recordações de todas dificuldades que tivemos no tratamento dessas crianças. Fiquei ansioso, na expectativa de notícias das prováveis vítimas. Desta vez, não só crianças. As vítimas seriam de todas idades, pois todos tomam leite. Noticiou-se diariamente que a Vigilância Sanitária comprovou soda no leite, e fechou vários laticínios. A Polícia prendeu os infratores. E as vítimas? Onde estavam? Certamente nos Hospitais, os quais, superlotados, estariam convocando voluntários para auxiliar no atendimento. Mas não existiam vítimas! Não se constatou doenças provocadas pela ingestão desse leite com soda! Pelo contrário, as pessoas estavam mais saudáveis, pois a melhor conservação do leite deve ter impedido a proliferação de bactérias nocivas à saúde. Fato inédito como esse não despertou a menor curiosidade científica em nossas autoridades sanitárias! Os responsáveis pela Saúde não podem ignorar que um composto químico pode ser ao mesmo tempo: alimento, medicamento ou veneno. Muitos pacientes têm morrido pelo uso indevido de água. A administração correta de água é preocupação constante para médicos de UTI. O veneno de cobra, o arsênico, o mercúrio e a estricnina têm salvo muita gente, quando administrados adequadamente. Provavelmente, o que deve ter acontecido é que os responsáveis por esse método de conservação do leite experimentaram e testaram exaustivamente, até passarem a usá-lo em larga escala. Não podemos desprezar o fato de centenas de pessoas terem ingerido esse leite, sem apresentarem nenhum sintoma. Um método inócuo e eficiente para conservação de um alimento tão importante, mas facilmente perecível, não pode ser ignorado. Se o método é ilegal, mude-se a Lei. Afinal, nosso país, está totalmente poluído, a água e os alimentos já contém fezes humanas (coliformes fecais) e a própria lei estabelece as quantidades de fezes que os alimentos podem conter (!). Se ingerir um pouco de fezes é legal e não faz mal, por que não legalizar a ingestão de pequenas quantidades de soda cáustica com água oxigenada? Fonte: Ambientebrasil. Por Gilberto Lopes da Silva Júnior, médico cirurgião em São José do Rio Preto. 22 de novembro de 2007.
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