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Scot Consultoria

Brasil quer discutir com a Rússia cotas de importação de carne


Segunda-feira, 24 de novembro de 2008 - 17h00

A preocupação recai sobretudo entre os exportadores de carnes de frango e de suíno. A política de cotas de importação de carnes pela Rússia está entre os pontos principais da pauta brasileira prevista para ser discutida com o presidente russo, Dmitry Medvedev, que chega hoje ao Brasil em visita oficial. A preocupação recai sobretudo entre os exportadores de carnes de frango e de suíno, itens cuja importação a Rússia declaradamente busca substituir por produção interna, o que significa que haverá cada vez mais disputa por cada quilo da cota tarifária de importação. O atual sistema russo de cota de importação de carnes foi definido em 2005, com base no histórico de importação do país entre os anos de 2000 e 2003, período em que a participação do Brasil as compras russas de carne era praticamente inexpressiva, conforme explica Luiz Cláudio Carmona, coordenador-geral de Assuntos Multilaterais do Ministério da Agricultura (MAPA). “Desde então, o Brasil acaba ocupando as cotas da categoria “Outros” e as de outros países”, explica Carmona. E assim deve permanecer até 1 de janeiro de 2010 quando entra em vigor um outro sistema de cotas, cujo formato será definido a partir de meados de 2009. No entanto, a prática de usar a cota de outros países não vem atendendo a necessidade dos exportadores de frangos e suínos. Pedro de Camargo Neto, Presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Suína (Abipecs), explica que o Brasil, que vinha usando a cota da União Européia (UE), perdeu essa regalia depois que a Rússia se comprometeu diante da Organização Mundial do Comércio (OMC) a respeitar as cotas de importação já estabelecidas para a UE. “Na época, o Brasil aceitou o sistema de cotas, com o comprometimento de que a Rússia administraria o sistema de cotas de forma a não prejudicar o Brasil, mas não foi o que aconteceu”, lamenta Camargo. Ele lembra que os embarques de carne suína do Brasil para a Rússia recuaram do patamar de 400 mil toneladas em 2005 para 250 mil toneladas neste ano”, contabiliza Camargo, ponderando que também houve problemas sanitários neste período que contribuíram para essa redução. Já os exportadores de carne bovina não têm muito do que se preocuparem neste momento. Apesar de também estar relegado à categoria “outros” no sistema de cotas da Rússia, na prática, o Brasil consegue usar a cota de outros países e blocos que não têm volume suficiente para atender a necessidade russa. Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, explica que no caso dessa carne o mercado sempre funcionou alheio à ao sistema de cotas. No ano passado, a Rússia importou 1,030 milhão de toneladas de carne bovina (equivalente carcaça), segundo o USDA. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) o Brasil embarcou a esse destino 582,7 mil toneladas (equivalente carcaça). O atual sistema de cotas está razoável aos exportadores de carne bovina do Brasil. “Diferentemente do que ocorre com a produção interna de frangos e suínos, a Rússia não tem condições de substituir as importações de carne bovina”, afirma Luiz Carlos de Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). De acordo com informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produção de frango mais que dobrou entre 2004 e 2008 - de 650 mil toneladas para 1,5 milhão - e a projeção para 2009 é de avançar mais 15%, enquanto o consumo interno crescerá 6,7%. A produção de carne suína cresceu 18,2% entre 2004 e este ano, e a previsão para 2009 é de avanço de 6,8%.Sobre o sistema de cotas para 2009, entregue pela Rússia à OMC, Camargo afirma que tratou-se mais de protocolo dentro do processo de entrada da Rússia na Organização do que uma proposta real. “Eles têm de entregar alguma proposta para terem um papel para negociar”, explica. Camargo pondera que o Brasil quer é que haja uma cota global que seja ocupada pelo produto mais competitivo. “Não queremos uma cota específica para o Brasil”, esclarece o dirigente da Abipecs. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. 24 de novembro de 2008.
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