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Scot Consultoria

Preço do boi gordo tem maior alta na entressafra desde o Real


Quarta-feira, 4 de outubro de 2006 - 12h17

Os preços da arroba do boi gordo em São Paulo, sede dos principais frigoríficos do Brasil, registraram este ano a maior alta em um período de entressafra desde a implantação do Plano Real, em 1994, de acordo com a Scot Consultoria. Comparando o preço médio de julho (51,33 reais), quando começa a entressafra, com o de setembro (59,83 reais), a Scot detectou uma valorização de 16,5 por cento no valor da arroba. "Foi a maior alta do Plano Real, sinal de que esse movimento não é só por causa da entressafra. Reflete também o forte abate de matrizes nos últimos anos e a redução de investimentos", afirmou o analista da Scot, Fabiano Tito Rosa. O índice de alta dessa entressafra superou o registrado em 2002, quando a valorização foi de 13,6 por cento. "Mas naquele ano teve o nervosismo da eleição, que puxou o dólar para cima. Este ano, pelo contrário, o dólar está lá embaixo." O consultor salientou ainda que o mercado está aquecido. "A arroba já está sendo cotada a 63 reais, com alguns negócios a preços mais altos. Alguns já se aproximando de 65", disse. Com a forte valorização, a arroba atingiu o maior valor em quase dois anos no Estado, segundo série histórica do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP. Na última sexta-feira, o indicador Cepea/Esalq para negócios a prazo (pagamento em 30 dias) marcou 62,63 reais/arroba, o maior valor desde 9 de dezembro de 2004 (62,79 reais/arroba). "As ofertas diminuíram. Tem tendência de recuo por parte do vendedor. Poderia ter um volume maior (apesar da entressafra), mas os vendedores estão recuados, querem um preço maior", avaliou a analista do Cepea Shirley Martins Menezes. "As escalas estão curtas, os frigoríficos estão sentindo a falta de oferta, inclusive nas outras regiões", completou. No ano passado, no mesmo período, a valorização da arroba foi menos acentuada devido à ocorrência de febre aftosa, que levou muitos países a embargarem as exportações de carne do Brasil. Esse problema sanitário, embora não tenha ocorrido em São Paulo, contaminou os preços no Estado, e o fundo do poço das cotações ocorreu em janeiro, quando o Cepea cotou a arroba em 48,41 reais. Essa situação estimulou o abate de matrizes. Os dois analistas concordam que uma alta maior nessa entressafra já era esperada – considerando que as exportações brasileiras mantiveram o vigor apesar dos embargos parciais –, mas não na magnitude registrada. Eles não descartam uma continuidade do movimento de alta, pois as chuvas ainda não foram suficientes para recuperar as pastagens, e em geral os frigoríficos estão contando apenas com o boi confinado. Novo ciclo Na opinião de Tito Rosa, o recente movimento de preços sinaliza também o início de um novo ciclo de preços de boi. "Não se pode dizer que esse preço é remunerador, mas pelo menos recupera a margem. Essa situação deve permanecer até chegar o boi de pasto. Os preços devem recuar na safra, mas não na intensidade de anos anteriores, já que há um novo ciclo da pecuária começando," considerou ele. De acordo com o analista, os preços da carne já reagiram no atacado e no varejo, embora nesse último caso esbarrem em um consumo estacionado. "Mas os preços estão mais altos nesse semestre. Não tem como não repassar ao consumidor. Não na mesma intensidade, mas repassa." Fonte: Reuters. Por Roberto Samora. 3 de outubro de 2006.
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