• Quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
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Scot Consultoria

Benchmarking 2025 do Confina Brasil se torna público

Volume de bovinos confinados para abate aumenta em média 18,4%, dado está 11,0% maior do que a projeção feita pela Scot Consultoria no início do ano.


O Confina Brasil, pesquisa expedicionária promovida pela Scot Consultoria desde 2020, está divulgando nesta sexta-feira, 5, o benchmarking 2025 com indicadores e análises completas sobre as tendências praticadas pelos confinamentos em 15 estados brasileiros. O estudo destaca os aspectos de nutrição, sanidade, bem-estar animal, gestão e manejo.

Para entender melhor como o estudo foi construído e o que mais surpreende nos indicadores da edição desse ano, conversei com a equipe do Confina Brasil sobre sinergia entre pecuária e agricultura, participação de fêmeas no abate e como isso pode impactar a produção em 2026, os pontos fortes e os desafios enfrentados pelos produtores, e como os dados do benchmarking podem auxiliar o produtor a ir além e se o estudo pode contribuir para o desenvolvimento da pecuária no Brasil. 

A expedição rodou o Brasil durante quatro meses com início em junho de 2025. Além disso, uma equipe foi responsável pela aplicação das entrevistas remotas com propriedades, reunindo, ao todo, indicadores de 15 estados brasileiros. A percepção que tiveram a campo foi a mesma que se refletiram nos dados analisados e na construção do benchmarking? Teve algum dado que mais impactou a equipe que desenvolveu o estudo?

Confina Brasil: Sim, a percepção de campo e os dados analisados caminharam juntos.

É importante destacar que cada propriedade tem sua realidade, com desafios, sistemas e níveis de intensificação distintos. O benchmarking é justamente a leitura conjunta dessas realidades, permitindo identificar tendências regionais e nacionais, sem perder de vista a diversidade.

Mesmo com essa heterogeneidade, o que vimos nos quatro meses de expedição foi exatamente o que os dados traduziram: avanço consistente da intensificação, maior uso do cocho tanto na terminação quanto em estratégias de recria intensiva, busca crescente por profissionalização e um ambiente de otimismo, após os últimos anos de maior pressão sobre as margens.

Um dado que chamou a atenção foi o crescimento do volume de bovinos confinados para abate em 2025 entre as propriedades mapeadas, que apresentaram média de 18,4% de aumento frente a 2024, superando o incremento nacional projetado para a categoria pela Scot Consultoria no início do ano (11,9%).

Outro destaque foi o avanço mais intenso da ferramenta em regiões como MATOPIBA e Pará, que cresceram acima de polos tradicionais como GO, SP, MG, MT e MS, reforçando a expansão do confinamento sobretudo em regiões agrícolas.

Em comparação aos anos anteriores, quais foram os aspectos observados como tendência? Essa expansão da atividade se limita à pecuária ou foi possível identificar sinergias com o setor agrícola?

Confina Brasil: A intensificação aparece como tendência consolidada e crescente na pecuária. Um dos pontos mais claros em 2025 foi a crescente procura pelo uso do cocho, não apenas no confinamento tradicional, mas também em estratégias como sequestro, recria intensiva, RIP e TIP.

A sinergia entre pecuária e agricultura também se fortalece. Mais de 70,0% dos produtores produzem seu próprio grão e mais de 90,0% produzem sua própria silagem, mostrando que boa parte da eficiência observada está diretamente ligada à base agrícola das propriedades.

A integração lavoura-pecuária também é uma realidade estabelecida, com mais da metade das propriedades com lavoura adotando a ILP como estratégia. A circularidade de recursos — como produção e utilização de biofertilizantes dentro da própria área agrícola — também é um fato consolidado no sistema intensivo brasileiro.

Uma tendência relevante observada nos números é a adesão ao boitel como estratégia. Cerca de 1/3 dos produtores afirmaram que parte da reposição é originada através desse sistema. Estados como São Paulo (52,2%), Bahia (50,0%) e Mato Grosso do Sul (48,0%) ficaram acima da média nacional (26,6%), indicando maior adoção dessa alternativa em algumas regiões.

Quando olhamos para a participação de fêmeas no abate vimos que ela foi expressiva em 2025 e este é um comportamento já observado pela Scot Consultoria nos últimos anos. Quais dados traduzidos no benchmarking desse ano explicam melhor esse movimento? Como isso pode impactar o mercado em 2026?

Confina Brasil: A participação elevada de fêmeas no abate em 2025 está ligada a um movimento estrutural do ciclo pecuário dos últimos anos, com comportamento de alta, sinalizando uma fase de liquidação de matrizes e novilhas.

Em 2025, a participação média das fêmeas ficou próxima de 50,0%, superando o volume de machos abatidos pela primeira vez na série histórica do IBGE. Esses resultados podem ser consequência de fatores como o deslocamento da estação de monta em 2024 (impacto das queimadas), a necessidade de capital de giro no início do ano e o crescimento do mercado premium e de exportações, que valorizam a carne de bovinos jovens e novilhas para atender padrões específicos do mercado consumidor.

Mesmo com maior volume abatido, a valorização persistiu, reforçando o apetite do mercado por essa categoria. A arroba da novilha passou por forte valorização nos últimos anos, saindo da faixa de R$150,00/@ em meados de 2019 para picos acima de R$300,00/@ em diferentes momentos entre 2022 e o início de 2025. Apesar da volatilidade, a demanda permaneceu firme o suficiente para sustentar preços elevados mesmo com a maior oferta.

Para 2026, o ciclo aponta para menor oferta de animais terminados, resultado direto do volume alto de fêmeas abatidas entre 2023 e 2025. A expectativa é de retenção de matrizes, menor oferta de bezerros e, consequentemente, de boi gordo, cenário que tende a sustentar ou elevar as cotações ao longo do ano.

Com base nos indicadores do benchmarking 2025, a pecuária de corte brasileira evidencia pontos fortes e desafios a serem enfrentados. Quais são eles? Os confinamentos brasileiros estão olhando com atenção para esses gargalos?

Confina Brasil: A intensificação permitiu queda na idade ao abate, giros mais dinâmicos, melhor ganho médio e conversão, traduzindo ganhos claros em produtividade.
O setor também vem atendendo com eficiência mercados mais exigentes, especialmente na exportação, graças a combinação de desempenho, padronização e idade mais jovem ao abate. Além disso, a alta densidade bovina dos sistemas intensivos exige rigor sanitário e de bem-estar, necessário para evitar problemas sanitários e embargos.

O uso crescente de ferramentas de gestão também sinaliza que os produtores estão buscando profissionalização para lidar com uma operação cada vez mais dinâmica e de risco.

Quanto aos principais gargalos observados na pecuária intensiva, a mão de obra permanece como um dos maiores desafios, tanto pela dificuldade de encontrar profissionais qualificados quanto pela complexidade de manter equipes treinadas e estáveis ao longo do ciclo produtivo.

No campo sanitário, os problemas respiratórios seguem como as ocorrências mais frequentes, influenciados pela maior densidade animal, pelo estresse e pelas variações de ambiente típicas de sistemas de cocho.

No dia a dia da operação, surgem também desafios logísticos e operacionais, especialmente nas unidades de maior escala, relacionados a reposição constante de insumos, o abastecimento regular das estruturas e a organização dos fluxos internos de reposição.

Por fim, a volatilidade de preços continua como um ponto sensível, reforçando a necessidade de maior entendimento de mercado e da adoção de estratégias de proteção de margem para lidar com oscilações nas cotações e garantir a previsibilidade financeira da atividade.

Como os resultados divulgados podem orientar estratégias e aumentar a competitividade e sustentabilidade dos sistemas produtivos? Esses indicadores podem ser utilizados de forma prática no dia a dia pelo produtor?

Confina Brasil: O benchmarking oferece uma visão abrangente e comparativa da pecuária intensiva no Brasil, permitindo entender não apenas os números, mas os contextos regionais e as diferentes realidades produtivas que compõem o setor.

Essa leitura ajuda o produtor a comparar suas estratégias e desempenho com referências nacionais e regionais e identificar possíveis caminhos de melhoria.
Além do relatório final, todo o material produzido durante a expedição — releases, análises, artigos técnicos e vídeos informativos — amplia essa compreensão, permitindo que quem acompanha o Confina Brasil veja de perto realidades muito distintas das suas e “fure a bolha” em termos de conhecimento técnico e operacional.

Na prática, esses materiais funcionam como ferramentas para orientar decisões e estratégias, oferecendo comparações, referências e insights aplicáveis à rotina de cada sistema produtivo.

Por fim, como vocês enxergam que esse levantamento pode contribuir para o futuro da pecuária brasileira?

Confina Brasil: Ao reunir dados de grande representatividade e cruzar indicadores produtivos, sanitários, econômicos e estruturais, o estudo entrega um diagnóstico sólido sobre a pecuária intensiva brasileira.

Ele identifica tendências de longo prazo da intensificação, aponta os gargalos que merecem maior atenção, mostra quais tecnologias e serviços estão ganhando tração e oferece uma visão regionalizada e realista da operação porteira adentro.

Essas informações ajudam produtores, empresas e instituições a formular estratégias e investimentos mais alinhados à realidade e ao futuro da atividade.

Quer ter acesso ao benchmarking na íntegra? Acesse agora o estudo completo.

Equipe Scot Consultoria

A Scot Consultoria é uma empresa dedicada à competitividade do agronegócio brasileiro. Foi criada com intuito de viabilizar a coleta, análise e divulgação de informações de mercado para o campo, onde geralmente há carência de informações confiáveis.

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