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O especialista no mercado de coprodutos da indústria de etanol de milho, Guilherme Martins, com vivência no setor e conhecimento sobre as dinâmicas desse mercado, aborda nesta entrevista a consolidação do DDG e do WDG no Brasil, destacando o avanço dessas alternativas nutricionais na pecuária nacional.
Durante a conversa, ele compartilhou detalhes sobre a evolução da indústria de etanol de milho no país, os desafios enfrentados, as oportunidades de diversificação no uso do DDG e os impactos positivos que esse coproduto tem proporcionado para a cadeia produtiva.
Scot Consultoria: Pode começar explicando o que é o DDG e o WDG, que têm crescido no mercado brasileiro nos últimos anos?
Guilherme Martins: O DDG é um produto consolidado no mercado americano, porém, faz pouco tempo que começou a ficar conhecido aqui no Brasil. Tivemos as primeiras indústrias de etanol de milho chegando ao Brasil a partir de 2016, 2017. Então, foi aí que o DDG começou a aparecer em alguns lugares, principalmente nos estados onde surgiram as primeiras plantas de etanol de milho: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, agora em Goiás e em outros estados. O DDG é, basicamente, um coproduto oriundo da produção de etanol a partir do milho.
Quando se mói o milho para produzir o etanol, ocorre a separação de outros produtos, que são basicamente dois: o óleo de milho e o DDGS, ou DDG. DDG é a sigla para Dried Distillers Grains; com adição do “S” pode ser com solúveis, ou só o DDG. Hoje, existem mais de dez tipos de DDG no Brasil, com algumas especificações diferentes, porém classificamos todos como produtos oriundos da produção de etanol de milho.
Basicamente, é um produto que serve tanto como fonte de proteína para uma dieta na nutrição animal, quanto como fonte de energia. Então, pode ser tanto um substituto de outro coproduto proteico como também um substituto de alimentos energéticos, como o milho em uma dieta ou outros produtos.
Scot Consultoria: Olhando hoje para o confinamento, o DDG acaba concorrendo diretamente com o farelo de algodão e o caroço de algodão, por exemplo. Estes são produtos que, dentro dos confinamentos, têm cedido um pouco de espaço para que o DDG também possa fazer parte, cada vez mais, da rotina dos pecuaristas aqui do Brasil. Por ser um produto recente no nosso país a grande questão é: temos uma diversificação grande de atendimento de clientes que chegamos a comercializar, ou não? Como vocês têm enxergado esse desafio para o segmento?
Guilherme Martins: O DDG, majoritariamente, atende o mercado de gado de corte, confinamento principalmente. Então, acredito que, por ser um produto ainda recente no mercado, o volume tenha crescido muito a cada ano que passa. É um produto que temos muito o que explorar aqui no Brasil, para outros públicos.
Portanto, hoje, embora seja uma alternativa fantástica para os confinadores, acaba sendo uma opção muito vantajosa também para gado de leite, aves, suínos e para a própria fábrica de ração. Acaba sendo um produto que se encaixa em diversos aspectos de uma dieta, sendo, portanto, muito versátil e flexível. A questão do preço também pode fazer muito sentido, barateando o custo de uma dieta sem perder eficiência.
Por isso, é um “produtaço” e ajuda não só o produtor do próprio DDG, que está produzindo o etanol de milho, mas também a outra ponta. Assim, ele vem para somar, tanto para o lado que está produzindo quanto para o lado que está consumindo. Vira uma alternativa aos coprodutos de algodão, amendoim, polpa cítrica, entre outros diversos produtos que já temos no mercado. Muitos desses são regionais, e acabam sofrendo influência, muitas vezes, do clima, fazendo com que a disponibilidade nem sempre seja frequente ao longo de todo o ano.
Dessa forma, o DDG acaba trazendo essa vantagem: você mói milho ao longo de todo o ano, a maior parte das plantas atua durante o ano todo, então há uma disponibilidade maior de produto, com um padrão de qualidade que ajuda esse pessoal a manter uma dieta dentro das especificações de que precisam.
A entrevista completa com Guilherme Martins está disponível no canal da Scot Consultoria no YouTube. Para assistir a todos os detalhes da conversa, acesse: https://youtu.be/k34c6Cw6Ij4
Engenheiro Mecânico formado pela UFSCar com MBA em Finanças e Controladoria pela ESALQ/USP e atualmente ocupando o cargo de Especialista Comercial de Coprodutos na empresa São Martinho.
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