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Scot Consultoria

Evolução do uso de IATF no Brasil

Entrevista com o médico veterinário, José Luiz Moraes Vasconcelos

Terça-feira, 30 de novembro de 2021 - 17h00
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Médico-veterinário, mestre em produção animal pela UFMG, doutor pela UNESP - Jaboticabal e professor na UNESP - Botucatu. Realiza pesquisas que colaboram com a divulgação e disseminação da utilização dos protocolos de inseminação artificial em tempo fixo em gado de leite e corte em todo o Brasil

Foto: Unsplash


Scot Consultoria: Conte-nos brevemente sobre a história do Grupo Especializado em Reprodução Aplicada ao Rebanho (GERAR). Quais os resultados obtidos?

José Luiz Moraes Vasconcelos: O GERAR foi organizado em 2006 e conta com mais de 250 técnicos envolvidos e em torno de 9,5 milhões de dados analisados do GERAR Corte. Do ponto de vista técnico, é um local de extensão, onde o conhecimento e a tecnologia são difundidos para o sistema de produção.

As fazendas são divididas em terço superior, médio e inferior. O resultado médio do GERAR é de 51,5% de concepção em uma Inseminação Artificial em Tempo Fixo. No terço superior, independente da categoria (novilha, novilha precoce, primípara), é acima de 60% de concepção em uma IATF, sinalizando o potencial da técnica e do resultado que pode ser obtido pelo sistema.

Scot Consultoria: A IATF já é uma tecnologia bem estabelecida na pecuária brasileira? Quais os principais benefícios ao se adotá-la?

José Luiz Moraes Vasconcelos: Desde o início o GERAR reflete mais de 25% de toda a IATF realizada no país ao ano, com uma taxa de crescimento anual em torno 20%. Hoje essa técnica pode não estar bem estabelecida, mas amanhã com certeza estará.

Entre os benefícios na adoção da IATF destacamos principalmente a inserção de genética no rebanho e em um maior número de animais.

Antigamente se usava genética nas vacas que estivessem ciclando naturalmente, o que é uma baixa proporção durante a estação de monta.

A técnica de IATF foi implementada, inicialmente, no gado zebu e permitiu que vacas não aptas, ou seja, em anestro, fossem inseminadas com a melhor genética disponível.

Scot Consultoria: Como o senhor enxerga a evolução genética dos rebanhos de corte? E qual a parcela de importância que a IATF tem neste processo?

José Luiz Moraes Vasconcelos: Há 5 anos, 40% das fêmeas zebu recebiam sêmen zebu e 60% recebiam sêmen angus. Hoje 60% de fêmeas zebu recebem sêmen de zebu, caracterizando a qualidade do zebu e a importância da fêmea da raça dentro do sistema de produção.

Num rebanho de fêmeas deve-se usar genética, destacando a utilização de sêmen de touro com alta habilidade de transferir a característica de alta fertilidade, resultando, portanto, em fêmeas com alta fertilidade.

Scot Consultoria: Estamos em plena estação de monta. Quais impactos o pecuarista pode ter ao adiar o início da estação em função do escore corporal ruim das matrizes?   

José Luiz Moraes Vasconcelos: Quando se atrasa o início da estação de monta, em um primeiro momento pode-se manter a quantidade de bezerro, mas a qualidade vai diminuir. O impacto pode ocorrer no ano seguinte, pois as fêmeas que emprenharam no final desse período, no próximo ano vão emprenhar depois da estação de monta, resultando em bezerros inferiores e em menor proporção de fêmeas prenhas, a não ser que a estação de monta continue sendo alongada.

O ideal é não atrasar a estação de monta, pois a repercussão é no médio prazo e não no curto prazo.

Scot Consultoria: Quando o pecuarista pode considerar sua cria rentável? Quais os principais indicadores a serem medidos?

José Luiz Moraes Vasconcelos: A cria é uma ferramenta dentro do sistema de produção de carne bovina. A produção de carne (kg/vaca) dentro do rebanho é a melhor forma de mensurar a possibilidade de retorno dentro de um sistema. Quando o resultado é maior, significa que o sistema emprenhou mais vacas e produziu bezerros de maior qualidade. Entretanto, o custo aumenta devido ao trato, tecnologia, mas esse custo acaba sendo diluído.

O principal indicador, quilo de bezerro por vaca exposta, é um medidor geral, que está associado à maior produtividade e maior rentabilidade.

Scot Consultoria: Qual a importância do manejo nutricional para as matrizes?

José Luiz Moraes Vasconcelos: O manejo nutricional é vital para que a vaca possa emprenhar e manter a gestação, tendo um grande impacto no resultado da produção da cria. Fêmeas com melhor escore de condição corporal emprenham mais na IATF quando comparado com fêmeas de menor escore. Nos últimos anos, o manejo nutricional vem sendo um dos fatores que está mudando dentro das propriedades.


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