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Scot Consultoria

Mercado agro: TEC, desenvolvimento e covid-19

Entrevista com o engenheiro agrônomo, Eduardo Sampaio Marques

Terça-feira, 17 de novembro de 2020 - 12h30
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Eduardo é engenheiro agrônomo e mestre em agronomia pela UFLA, assessor no gabinete da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Já foi secretário de Política Agrícola e atuou no desenvolvimento e execução da política comercial e de promoção internacional do Ministério da Agricultura, e também é um dos debatedores do Encontro de Analistas da Scot Consultoria

Foto: Scot Consultoria


O nosso debatedor desta semana é o Eduardo Sampaio Marques.

Eduardo é engenheiro agrônomo e mestre em agronomia pela UFLA, assessor do gabinete do Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ele foi secretário de Política Agrícola e esteve envolvido no desenvolvimento e implementação da política comercial e de promoção internacional do Ministério da Agricultura, e também é um dos debatedores no Encontro de Analistas da Scot Consultoria .

Scot Consultoria: O senhor poderia comentar um pouco sobre o tema que abordará no Encontro de Analistas da Scot Consultoria e sobre a importância do evento para o setor agrícola nacional?

Eduardo Marques: Vivemos um momento de incertezas. Nesse sentido, a informação é importante, mas ainda assim importante, para melhorar a tomada de decisão dos participantes do mercado.

Precisamos conversar sobre o mercado - produtos e insumos da pecuária - e as ações governamentais no cenário atual. Da participação brasileira no mercado externo - novamente, dos produtos e insumos - e das implicações para o mercado interno, das perspectivas para o futuro próximo, da situação dos investimentos no agronegócio brasileiro.

Scot Consultoria: Eduardo, qual o reflexo da retirada da Tarifa Externa Comum (TEC) para o avanço da economia brasileira? Que outra estratégia “protecionista” o governo poderia adotar para que, de certa forma, possamos garantir algumas commodities no país e o produtor / consumidor não seja afetado?

Eduardo Marques: A expectativa do governo com a suspensão temporária da arrecadação da TEC é definir um teto um pouco mais baixo para os produtos importados. No caso do arroz, isso já aconteceu.

Acredito que o setor poderia avançar no modelo de pré-compra, muito comum, por exemplo, entre empresas exportadoras. Com isso, um consumidor de grãos, por exemplo, poderia garantir, pelo menos em parte, seu abastecimento a preços conhecidos. O setor de produção agrícola de grãos usa muito esse modelo no ponto de venda, com grande sucesso.

Não acredito que medidas protecionistas venham a ajudar o setor. Temos que lembrar que o Brasil é um grande exportador de produtos do agronegócio, se descontarmos o que é importado e tratarmos das exportações líquidas, o Brasil é o maior exportador mundial, de longe. Em carnes somos os maiores exportadores. Portanto, devemos ser os primeiros a nos posicionar contra as medidas protecionistas.

Scot Consultoria: Do ponto de vista deles, quais devem ser os próximos passos diante da questão sanitária na produção de alimentos, diante dos problemas decorrentes do covid-19 e do surto de peste suína africana na China diante do papel do Brasil no mercado internacional?

Eduardo Marques: Acho que a preocupação com a saúde deve aumentar. Isso nos força a manter um alto nível de defesa e inspeção industrial, o que às vezes é difícil de explicar aos participantes da indústria. Esse é um papel muito típico do Estado e, diante das atuais restrições de gastos públicos, é um desafio manter um padrão elevado. Isso deve ser uma prioridade no futuro.

Scot Consultoria: Vários segmentos do agronegócio continuaram a empregar e investir em inovação e tecnologia durante o período de pandemia covid-19. Em sua opinião, quais fatores possibilitaram esse cenário e como isso pode impactar positivamente o desenvolvimento do agronegócio brasileiro no curto e médio prazo?

Eduardo Marques: O principal motivo foi o mercado, que continuou muito procurado durante a pandemia. Isso está alavancando o investimento no setor e contribuindo muito para minimizar a queda do PIB do país neste ano complicado.

O setor, como um todo, tem mostrado alta receptividade aos preços altos e vem obtendo bons resultados. Claro que corremos riscos. O mercado pode mudar no futuro e as empresas podem perder muita lucratividade. Mas, no curto prazo e possivelmente no médio prazo, os preços já estão definidos e o setor deve continuar crescendo, investindo e contribuindo para o desenvolvimento brasileiro.

Scot Consultoria: Os Estados Unidos são atualmente o maior produtor de etanol de milho. Como o setor de sacarose sentiu os impactos da pandemia, as indústrias de etanol de milho expandiram sua posição - ainda mais do que o esperado no início deste ano. Como o senhor vê a evolução do setor de etanol de milho no Brasil nos últimos anos e qual a sua projeção para os próximos anos?

Eduardo Marques: O setor de etanol de milho tem sido mais agressivo que o de etanol de cana no passado recente. Vejo que nos próximos anos a produção vai aumentar muito, até pelos investimentos já em andamento. Existem muitas sinergias no modelo híbrido - produção de cana e milho - o que confere competitividade ao aumento da colheita de grãos.

A produção de etanol no norte de Mato Grosso, onde está localizada a maior parte das indústrias que utilizam apenas milho, terá que se beneficiar muito com os avanços na logística de transporte até os portos do rio Tapajós e a partir daí, por navegação de cabotagem, será possível. colocar o produto nos portos da Região Nordeste a preços bastante competitivos.


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