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Scot Consultoria

O que esperar do consumo de carne para o próximo trimestre


Sexta-feira, 22 de setembro de 2017 - 15h15

Foto: Scot Consultoria


Sidnei Maschio: Alex, muita gente pensou que o consumo iria melhorar de verdade, mas foi só “fogo de palha”, não é mesmo? O que é que continua empatando uma recuperação mais consistente?


Alex Lopes: O que ocorreu recentemente, que deu a impressão de melhora no consumo, foi decorrente de uma grande redução na oferta de boiadas. Isso enxugou os estoques das indústrias. Ao mesmo tempo, houve aumento sazonal de vendas, no começo de mês, e isso permitiu às indústrias aumentar os preços das carnes.


Com a oferta melhorando e a entrada do segundo semestre do ano, tudo voltou “ao normal”, consumo sem força e queda nos preços da carne.


Sidnei Maschio: O que foi que tirou o mercado do boi gordo do rumo de “morro acima”?


Alex Lopes: O aumento natural da oferta, em decorrência da proximidade do segundo turno de confinamento, sozinha, não tem força para imprimir tal conjuntura baixista. O que existe é a combinação entre compras ligeiramente melhores, consumo patinando e incerteza quanto ao preço da arroba no curto prazo.


Os contratos de outubro e novembro na Bolsa B3, por exemplo, que chegaram a R$143,00/@, na segunda quinzena de setembro estão entre R$138,00/@ e R$137,00/@. Essa sinalização de um cenário menos atrativo em termos de preços pode fazer o pecuarista que, eventualmente, adiava a entrega da boiada terminada, negociar com o frigorífico.


Isso trouxe pressão de baixa ao mercado.


Sidnei Maschio: Este procedimento atual do comprador de boiada já teve alguma serventia pra mudar a situação das escalas de abate na indústria?


Alex Lopes: As escalas de abate estão confortáveis, em relação à demanda por carne bovina existente, mas se ela diminuir, certamente terá reflexo altista nos preços da arroba.


Sidnei Maschio: Apesar da redução nas compras de gado, o preço da carcaça caiu na semana passada, ao mesmo tempo em que a carne sem osso no atacado aumentou. Qual é a explicação pra isso, Alex?


Alex Lopes: A carne com osso possui uma liquidez maior em função do menor tempo de prateleira. Isso faz com que este produto reflita, de forma mais rápida, as condições de mercado.


Esta semana, por exemplo, a carne sem osso também trabalhou em baixa.


Sidnei Maschio: E a respeito dos preços ao consumidor, Alex, como é que está sendo o comportamento do mercado?


Alex Lopes: Os varejistas conseguem controlar melhor os estoques, realizando compras conforme a demanda surge, e isso ameniza o impacto das vendas ruins.


Mas, ainda assim, na última semana, a margem dos açougues e supermercados trabalhou no menor patamar do ano, 63,0%.


Sidnei Maschio: Um dos principais objetivos do dono do frigorífico com essa reviravolta no mercado é segurar a sua margem de comercialização, ele tá conseguindo fazer isso?


Alex Lopes: As indústrias conseguiram recuperar parte da margem perdida depois que a arroba subiu forte em julho e agosto. Mas ainda assim está longe dos 42,0%, recorde, alcançado este ano.


Sidnei Maschio: Voltando pra questão do consumo de carne, normalmente o segundo semestre do ano sempre é melhor do que o primeiro.  Podemos contar com isso este ano?


Alex Lopes: Os índices econômicos do país melhoraram e isso nos dá esperança de que, diferente de 2016, este ano tenhamos acréscimo de consumo nos últimos três meses do ano, como sazonalmente ocorre em função do pagamento de décimo terceiro salário e bonificações.



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