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Scot Consultoria

O momento é de cautela para o produtor de leite?


Quarta-feira, 16 de agosto de 2017 - 17h36

Foto: Scot Consultoria

 

Quais estratégias o produtor de leite deve adotar para suportar as quedas antecipadas no preço do leite? Quais são as expectativas para os próximos meses? O preço do milho vai auxiliar a diminuir os custos de produção? E as margens, vão aumentar?

Essas e outras questões serão respondidas durante a palestra do consultor e analista de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, durante o Encontro da Pecuária Leiteria da Scot Consultoria, que acontecerá em Ribeirão Preto-SP, no dia 5 de outubro.

No dia 6, haverá um dia de campo dividido em duas etapas, com visitas à Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos-SP, e à Fazenda Recanto Arizona (Laticínio Muugy), em Brotas-SP.  

O seu objetivo é ter “a faca e o queijo na mão”? Então participe do evento e faça sua inscrição pelo site http://www.scotconsultoria.com.br/encontros/ ou pelo telefone (17) 3343-5111!

Confira a entrevista na íntegra:

Scot Consultoria: Quais foram os fatores que levaram os preços do leite ao produtor caírem antecipadamente em 2017?

Rafael Ribeiro: O mercado do leite perdeu sustentação mais cedo em 2017, em função da demanda fraca e da retomada do crescimento da produção.

A produção aumentou no Brasil, em 2017, com o clima favorável e também em função da queda nos custos de produção, especialmente da dieta, com destaque para o milho e o farelo de soja.

Em junho, segundo o Índice Scot Consultoria de Captação de Leite, o volume captado pelos laticínios (média nacional) cresceu 2,1% em relação a maio. Em julho, o incremento foi de 2,4% na produção, com aumentos nos estados do Sul do país, além de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

Os dados parciais de agosto apontam para crescimento de pelo menos 1,0% na produção, na comparação mensal.

Outro ponto importante é a demanda fraca na ponta final da cadeia. As questões relacionadas ao consumo patinando e a dificuldade de escoamento, em função da situação econômica do país, vêm prejudicando o mercado de leite, com pressão de baixa sobre os preços dos lácteos na indústria e na ponta final da cadeia.

No atacado, segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço do leite longa vida caiu 7,6% comparativamente com 2016 (média de janeiro a agosto). As cotações do queijo muçarela e do leite em pó recuaram, em média, 4,2% e 1,0%, respectivamente, neste mesmo período.

Scot Consultoria: Como deverá ficar a margem do produtor de leite neste segundo semestre do ano?

Rafael Ribeiro: Com relação aos custos de produção, espera-se um cenário de preços mais firmes para o milho, em função da maior movimentação para exportação. O mercado de farelo de soja também apresentou forte oscilação nos preços com as incertezas climáticas nos Estados Unidos e a demanda mundial firme.

Por outro lado, com a retomada das chuvas e melhoria das condições das pastagens, a necessidade de suplementação com alimentos concentrados diminui. Ou seja, a situação da margem para o produtor dependerá do ritmo de queda nos preços do leite durante a safra no Brasil Central e região Sudeste.

A expectativa é de estreitamento das margens nos próximos meses, mas o cenário deverá ser melhor que o verificado no segundo semestre do ano passado, quando os custos de produção em alta prejudicaram o resultado da atividade.

Para o pecuarista, a situação ainda é de cautela, já que a atividade leiteira vem de dois anos ruins, de margens apertadas e prejuízos em muitos casos. O produtor de leite está descapitalizado e a sugestão é aproveitar os resultados melhores em 2017 para colocar a casa em ordem.

Scot Consultoria: Como estão os preços no mercado internacional e quais são as expectativas para o segundo semestre e 2018?

Rafael Ribeiro: No mercado internacional os preços médios dos produtos lácteos negociados na plataforma Global Dairy Trade (GDT), referência de preços no mercado internacional, subiram 37,1%, considerando as cotações de agosto deste ano, em relação ao mesmo mês de 2016. Para o leite em pó, a alta foi de 38,8% neste período.

A produção mundial de leite cresceu a um ritmo menor em 2016 e deverá ser assim também em 2017 (expectativa).

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o incremento na oferta mundial foi de 0,7% em 2016, frente a 2015, e a estimativa é que a produção cresça 1,7% em 2017, em relação a 2016. O crescimento médio de 2010 a 2015 foi de 2,9% ao ano.

A expectativa para os próximos meses é de um mercado mais pressionado para baixo, porém, o patamar de preços do leite em pó integral deverá ficar entre US$3.100,00 e US$3.200,00 por tonelada.

Tabela 1.

Expectativas de preços para o leite em pó na plataforma Global Dairy Trade (GDT), em US$/tonelada.

Rafael Ribeiro: Do lado do consumo de produtos lácteos, o cenário mundial está numa tendência diferente da do Brasil, puxado pelo incremento da demanda de países asiáticos, com destaque para a China. Este fato, diante de uma oferta mais comedida no mercado mundial tem dado sustentação as cotações do leite e derivados.

No Brasil, espera-se uma retomada do crescimento do consumo de lácteos a partir de meados de 2018, porém ainda em um ritmo mais fraco que o observado antes da crise.

Se considerarmos o quadro de oferta de leite mais ajustado no mercado interno este ano e no ano que vem (crescimentos mais comedidos da produção de leite), a expectativa é de preços mais firmes no mercado de leite.


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