• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Alex Lopes concedeu uma entrevista ao canal Terraviva, onde falou sobre o consumo e os rumos para a carne bovina


Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 - 10h56

Foto: Alex Lopes, consultor de mercado da Scot Consultoria

 


Sidnei Maschio: Começando pela questão do consumo, todo mundo sabe que janeiro sempre é um mês muito fraco, mas em fevereiro normalmente a situação já começa a melhorar. Por que isso não aconteceu agora neste começo do ano?


Alex Lopes: Isso tudo é resultado da situação econômica do país. Não há estímulo, por enquanto, da economia. Enquanto o poder de compra da população não for retomado, deveremos seguir sem reposta positiva do consumo, ou pelo menos sem aumento importante das vendas.


Sidnei Maschio: Além de não ter subido nem uma vez este ano, o que foi que aconteceu com a carne sem osso no atacado?


Alex Lopes: Os frigoríficos, desde o começo do ano, ainda não conseguiram elevar o preço da carne. Aliás, o que ocorreu foi somente queda de preços.


Cortes como filé mignon está sendo vendido por um quarto do preço de um ano atrás.


Sidnei Maschio: Qual foi o resultado disso na margem de comercialização dos frigoríficos?


Alex Lopes: A margem de comercialização praticamente não sofreu com isso. Saiu de 26,0% no começo do ano para algo próximo de 22,0% a 23,0%, valor que é historicamente bom, acima da média deste indicador. Os recentes recuos no preço da arroba garantiram este resultado, mesmo com a carne mais barata.


Sidnei Maschio: Mantendo esta mesma margem de comercialização, se o preço da carne sem osso hoje fosse o mesmo do começo de janeiro, até quanto o frigorífico poderia pagar pela arroba do boi gordo?  


Alex Lopes: O frigorífico poderia estar pagando até R$7,00 a mais do que se paga hoje em São Paulo. É claro que o fato de vender carne por preços maiores não significa que os preços da arroba subiriam, mas abriria espaço para isso, caso fosse necessário.


Sidnei Maschio: Nas horas de aperto como esta, o trabalhador costuma cortar o que é mais caro. Isso está acontecendo com a carne também?


Alex Lopes: Sim. Dentre as opções de proteína, a carne bovina, principalmente a de traseiro, acaba sendo “mais cara” do que o frango, suíno e alguns embutidos, etc.


Com um quilo das carnes bovinas de menor preço vendidas no varejo é possível comprar algo em torno de dois quilos de frango inteiro. É claro que, na situação atual, o frango ganha muita competitividade.


Sidnei Maschio: E para os cortes de dianteiro qual foi o comportamento dos preços?


Alex Lopes: O dianteiro, mesmo sendo um produto de menor valor de mercado também não tem encontrado muito espaço para valorização. Desde o começo do ano este produto teve seus preços diminuídos em 2,2%.


Sidnei Maschio: Esta queda nos preços da carne sem osso no atacado está chegando ao varejo na mesma proporção?


Alex Lopes: Não. O varejo tem conseguido manter suas margens ao redor de 60,0% a 65,0%.


Sidnei Maschio: Qual é a mágica que o comerciante varejista está fazendo para aumentar sua margem de comercialização apesar da fortíssima queda no consumo?


Alex Lopes: Os açougues e supermercados têm conseguido manter estoques mais ajustados a demanda e isso reduz o giro do atacado, já que se compra menos, mas permite manter a carne em patamares de preços maiores.


Sidnei Maschio: Apesar da forte pressão baixista do comprador, o preço do boi gordo está caindo mas de forma lenta. O pecuarista está segurando gado terminado na invernada?


Alex Lopes: Existe sim pecuarista segurando a boiada. Mas o nível de oferta regular também não é abundante e mantém o mercado regulado.


Sidnei Maschio: Todas as previsões dos especialistas tão dizendo que a oferta de gado terminado deve aumentar nas próximas semanas. Levando isso em consideração, vale a pena correr o risco de adiar a venda dos animais que já tão prontos?


Alex Lopes: Não vale a pena. Isso agrega custos, agrega risco e o mercado não aponta possibilidade de aumento de preços. A melhor coisa a se fazer é  vender sempre que possível.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja