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Scot Consultoria

O conselho ao pecuarista é fazer conta


Quarta-feira, 6 de abril de 2016 - 13h58


Antônio Guimarães de Oliveira é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Jaboticabal. Com experiência pela Scot Consultoria como analista de mercado, atualmente atua como gestor de pecuária de corte, com foco na recria e engorda, do grupo Reunidas da Bagagem. Grupo que hoje está com atividades no Triangulo Mineiro, São Paulo e Tocantins e trabalha com outras culturas como soja, milho e cana-de-açúcar.


Antônio será um dos palestrantes do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, que acontecerá de 12 a 15 de abril em Ribeirão Preto-SP e no Confinamento Monte Alegre, em Barretos-SP.


Para mais informações acesse www.confinamentoerecria.com.br ou ligue para 17 3343 5111.



Confira a entrevista na íntegra:


Scot Consultoria: O que mudou no confinamento da Fazenda Reunidas da Bagagem, em relação à estrutura física e nutrição, até chegar ao modelo atual?


Antônio Guimarães: Em relação à nutrição não teve tanta alteração, pois já vínhamos tendo bons ganhos, o que foi alterado foi a estrutura física.


Fizemos um projeto há vinte anos com três currais onde meu pai e o meu tio iniciaram um confinamento junto ao meu avô e assim fomos aumentando. Teve um planejamento, mas não teve um projeto, por exemplo, de quantos currais teríamos.


Fizemos várias pequenas ampliações. Agora estamos dando um passo bem maior e por ser um projeto que iremos dobrar a capacidade do confinamento, resolvemos estruturar um pouco mais.


Em termos de estrutura física a principal alteração foi a troca do pé de cocho de cascalho que, com o tempo, principalmente quando se trabalha em períodos chuvosos, a área começa a ficar mais depreciada, todo ano tínhamos que fazer reforma, adicionando mais cascalho. Agora na nova estrutura todos os pés de cocho são de cimento, não o curral inteiro, mas os pés de cocho.


Outra importante alteração foi o bebedouro. Antes tínhamos um bebedouro com capacidade de volume maior e com vazão menor. Para fazer a limpeza dava mais trabalho. Esse ano nós estamos adotando cochos com profundidades mais rasas para conseguir melhorar a eficiência da limpeza e com menos mão de obra, e optamos também por aumentar a vazão dos bebedouros. Fizemos um reservatório em um ponto estratégico mais alto para poder descer a água por gravidade e conseguir uma boa vazão para não faltar água para os animais, principalmente em dias mais quentes.


Outra mudança na estrutura física foi a inclusão da irrigação. No projeto antigo fazíamos irrigação quando estava muito seco e a poeira estava judiando demais do gado. Na época era utilizado um caminhão pipa, um método mais rústico, mas que resolvia em parte os problemas com a poeira. Agora já estamos com aspersor para evitar a poeira e, consequentemente, diminuir o índice de doenças respiratórias e melhorar a questão do conforto térmico. 


O confinamento roda dois giros, iniciamos o primeiro na semana passada. O giro fica em torno de 105 a 110 dias, então fecharemos o segundo giro no início de agosto indo até novembro. Quando começa a época das águas paramos para a estruturação física do confinamento. Trabalhar com confinamento na época das águas é uma questão muito delicada, como temos área de recria, preferimos trabalhar com ela na época das águas e trabalhar dois turnos no confinamento.


Por fim, nesse projeto, toda a parte de compactação e declividade do terreno foi calculada por um profissional, então conseguimos aproveitar a parte do declive do terreno. A parte de compactação foi feita por uma equipe de engenharia, para ter uma compactação melhor e evitar a depreciação dos currais ao longo do tempo.


O novo projeto foi dividido em duas partes, a capacidade total é para dez mil cabeças. A primeira fase, que estamos finalizando agora, é para cinco mil animais e daqui a alguns anos ampliaremos mais um pouco, chegando até a estrutura de dez mil. No entanto, toda a estrutura física de reservatório de água já está dimensionada para as dez mil cabeças.


Scot Consultoria: Quais foram as primeiras tomadas de decisão que resultaram no modelo atual da planta de confinamento utilizada pelo senhor?


Antônio Guimarães: A primeira coisa com relação à tomada de decisão foi a questão de ampliação. Quando a margem começou a ficar estreita, vimos à necessidade de crescer e como era um projeto de longo prazo resolvemos planejar.  Para não ocupar muito as nossas áreas, onde temos também outras culturas, resolvemos fazer a ampliação do confinamento.


Scot Consultoria: Você já tem os preços travados para esse ano no confinamento? Pensando nisso, qual você acredita ser o ponto de viragem no preço do boi magro e da dieta?


Antônio Guimarães: Já foram travados os preços de boa parte da primeira etapa do confinamento, que seriam os animais de julho, em torno de 80,0% foram negociados na bolsa.


Para a segunda etapa já começamos a travar, mas ainda não estamos muito focados, justamente por conta do tempo travamos uma quantidade menor.


Sempre travamos de acordo com o lucro, já temos os custos, a dieta já está estocada e os animais comprados. Então analisamos se o preço esta condizente e com lucro interessante para poder tomar a decisão de travar os preços.


A questão do ponto de viragem é mais complicado de saber, principalmente neste ano que esta sendo muito atípico, portanto, tem sido difícil fazer qualquer previsão de preços.


Diante desse cenário, trabalhamos sempre olhando os custos e o lucro pra saber se é interessante, caso não for, esperamos para ver a reação do mercado.


Este ano, com o bom volume de chuvas e por conta da pressão que está tendo por parte dos frigoríficos, as ofertas de boi gordo estão mais moderadas e os pecuaristas estão retendo bastante. Porém, acredito que a partir de maio e junho, os pastos comecem a secar podendo ocorrer um aumento na oferta, no entanto, na minha concepção ainda será um ano de preços bons e a própria bolsa vem sinalizando isso.


Scot Consultoria: Você tem usado alguma estratégia de compra de boi magro para fugir da escassez? Se sim, o frete compensa?


Antônio Guimarães: O frete hoje está bem pesado, em termos de estratégia de compra, ficamos de olho no ágio, sempre trabalhamos o ágio, principalmente por conta dos preços que já foram travados, faço então o ágio em cima do preço travado para ver se compensa.


Buscar animais a longa distância depende muito da região. Muita gente tem feito isso, estão no estado de São Paulo e buscam boi em Goiás, Tocantins, entre outros estados, o que acaba inflacionando o mercado em outras regiões.


Nós, por exemplo, temos áreas em Tocantins e trazemos os animais para o nosso confinamento no estado de São Paulo, mas como é um gado que compro lá a preços menores, consigo recriar e levar para o cocho. Neste caso, o frete acaba compensando.


Ou seja, não tem uma conta certa para isso, depende do preço ao adquirir os animais para saber se o frete irá compensar.


O que o pecuarista sempre tem que ficar atento é ao valor que o animal chegará à fazenda, pois às vezes comprar um boi longe, com o ágio valendo a pena, na hora que chega à região o frete eleva o ágio, por exemplo, R$10,00 acima da arroba e acaba não compensando. Então o conselho ao pecuarista é fazer conta para saber o valor final, pois muitas vezes tem que pagar comissão e frete. Portanto, a conta deve ser feita antes de negociar o gado.



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