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Scot Consultoria

A margem estreita continua sendo motivo de atenção


Sexta-feira, 8 de abril de 2016 - 13h58


Hyberville Neto, consultor de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do canal Terra Viva sobre o mercado do boi gordo e as tendências.


Hyberville Neto é médico veterinário formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mestre em Administração de Organizações pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP).



Confira a entrevista na íntegra:


Sidnei Maschio: Hyberville, todo mundo viu que o frigorífico tentou, mas não conseguiu derrubar o preço do boi, o motivo foi a falta de gado terminado na praça? Essa carestia é porque a safra é curta mesmo, porque o pecuarista esta segurando o gado na fazenda, ou a soma das duas coisas?


Hyberville Neto: Nós não esperamos que este seja um ano de boa oferta de boiadas. Os preços da reposição em alta devem gerar mais um ano de retenção de fêmeas, que também fazem falta no gancho.


Acreditamos que a disponibilidade pequena de boiadas observada atualmente seja uma soma destes dois fatores. Embora haja pecuaristas retendo animais, não deve ser um ano de grande volume de vendas.


Sidnei Maschio: De um jeito ou de outro, daqui até junho é certeza que a oferta de gado terminado vai aumentar?


Hyberville Neto: Com a chegada da seca esta é a tendência. O pecuarista perde a possibilidade de reter os animais nas pastagens, gerando incremento da oferta de boiadas, é o que chamamos de desova de final de safra.


A dúvida fica a cargo da distribuição e volume das vendas de boiadas nos próximos meses.


Na região Centro-Sul do país a expectativa é de chuvas acima da média para os próximos meses, enquanto mais ao norte a expectativa é de menos chuva, na comparação com a média. Onde a seca começará mais branda, pode haver uma menor pressão de venda e isto deve influenciar menos o mercado nestas regiões.


Sidnei Maschio: A intenção do frigorífico com essa pressão baixista que fez sobre o mercado durante praticamente todo o mês passado era desapertar a sua margem de comercialização? Depois de tudo, o que foi que aconteceu com essa margem?


Hyberville Neto: Como as cotações dos produtos da venda também cederam no começo de março, nós tivemos uma margem de comercialização sem grandes alterações.


Desde o começo da pressão de baixa, a margem não atingiu 16,5%, patamar bem abaixo da média para o índice, de 20,7%, considerando o período de cálculo, iniciado em 2007. 


Sidnei Maschio: Tirando a queda no preço do boi, que outras alternativas o frigorífico tem pra tentar melhorar a sua margem de comercialização?


Hyberville Neto: Dentre os custos, o boi é o principal. A outra possibilidade é tentar impor valorizações aos produtos vendidos (carne e derivados), fato limitado pela dificuldade de escoamento, proveniente da situação econômica.


Sidnei Maschio: Em meados do ano passado, quando a margem de comercialização da indústria estava mais ou menos nesta faixa em que está agora, o jeito que o setor encontrou pra tentar reequilibrar suas contas foi fechar quase cinquenta frigoríficos em várias regiões do país. E hoje, será que existe o risco de uma nova onda de fechamento de unidades?


Hyberville Neto: Considerando a situação de margem, oferta limitada de boiadas e dificuldade no escoamento, não estão descartados mais fechamentos.


Parte das empresas que tinham situação mais frágil saiu do mercado no último ano, o que poderia ter "selecionado" as que ficaram. Por outro lado, as que estão em atividade hoje já vêm de alguns anos de oferta limitada e resultados apertados.


Sidnei Maschio: Neste ano, e especialmente no mês passado, as exportações de carne apresentaram um forte crescimento em relação a 2015. Em que medida isso ajuda a melhorar a situação do setor frigorífico brasileiro em geral?


Hyberville Neto: Como não são todas as empresas que possuem acesso ao mercado externo, um bom desempenho nesta via acaba gerando um cenário um pouco melhor por parte delas, mas a situação geral de margem estreita continua sendo motivo de atenção.


Sidnei Maschio: A situação atual do setor frigorífico deve ser motivo de preocupação paro o pecuarista brasileiro?


Hyberville Neto: Sim. Apesar de a margem de comercialização estar ao redor de 14,5%, maior que os 10,0% que foram atingidos no início do último ano, outros componentes de custo, como mão de obra, eletricidade e diesel tiveram altas.


Por garantia, a melhor estratégia é vender lotes menores, buscando negociar com mais de uma empresa e receber à vista.



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