• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

O que a curva do mercado futuro sinaliza para o boi gordo em 2016?


Quarta-feira, 27 de janeiro de 2016 - 18h00


“... [Na pecuária] temos preços de boi magro em patamares altíssimos em relação aos do boi gordo e uma curva de preços futuros para a entressafra ainda com pouco ágio gerando um cenário de grande indefinição...”


Essa é a constatação de Leandro Bovo (FCAV/UNESP – Jaboticabal-SP) médico veterinário e consultor de mercado futuro do boi gordo do Haitong Bank.


Batemos um papo com ele sobre o confinamento e o mercado de opções.


Lembrando que em abril acontece o Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, entre os dias 12 e 15 de abril, em Ribeirão Preto-SP e Barretos-SP. Para mais informações acesse www.encontroconfinamento.com.br ou ligue para 17 3343 5111.


Confira a entrevista na íntegra:



Scot Consultoria: O cenário exportador para soja e milho parece animador neste ano, ao mesmo tempo em que as incertezas quanto ao preço da arroba são muitas. Para um produtor começar a planejar, confinar deve ser mais difícil neste ano? Mas se eu não confinar para encurtar o ciclo, corro o risco de vender em 2017, quando os preços devem cair. O que fazer?


Leandro Bovo: Na verdade o que tem feito a diferença no mercado de milho até agora foi o montante exportado no ano de 2015. Se considerarmos o total exportado de janeiro 2015 a janeiro 2016 teremos por volta de 36 milhões de toneladas, é um volume muito grande que tirou o Brasil de uma situação de excesso de milho e nos colocou numa situação de estoques de passagem bastante ajustado.


Esse fato, aliado à diminuição da área de milho plantada nessa safra e às incertezas de uma safrinha com área significativa plantada fora da janela ideal geram uma grande preocupação com os preços do milho em 2016.


Do lado da pecuária, temos preços de boi magro em patamares altíssimos em relação aos do boi gordo e uma curva de preços futuros para a entressafra ainda com pouco ágio gerando um cenário de grande indefinição.


Fazendo as contas usando os dados de hoje podemos dizer que a conta do confinamento não é nem um pouco atrativa, o que levaria a uma diminuição na intenção de confinar esse ano. Como atualmente paga-se um ágio grande nas carcaças magras, esse ágio tem que ser diluído nas arrobas engordadas para a conta fechar, com o custo das diárias em confinamento com uma alta média de 25,0% até agora, a opção natural é a de tentar acelerar a engorda na safra e aproveitar ao máximo o ganho nas pastagens para “escapar” do confinamento.


Logicamente a decisão de não confinar e deixar os animais para serem abatidos no ano seguinte agrega um risco, mas pode fazer sentido correr esse risco pelo maior tempo para se “amortizar” o ágio pago na carcaça magra frente à opção de arriscar no confinamento sem poder travar os preços de venda em um nível que garanta um lucro interessante. Apostar numa possível alta de preços na entressafra com bois no cocho é uma decisão muito arriscada devido ao grande capital envolvido e à impossibilidade de se reter o estoque de animais caso os preços não melhorem.


Scot Consultoria: Pensando nas ferramentas de proteção de preços, como o confinador pode se planejar para a alta dos alimentos que são a base da dieta dos seus animais?


Leandro Bovo: A forma mais fácil para se proteger contra alta de preços dos alimentos é comprando opções de compra “Calls” de milho na BVMF. O pecuarista paga um prêmio e adquire o direito de comprar um contrato de milho futuro em um determinado preço. Em caso de alta o pecuarista recebe tudo o que estiver acima desse patamar. É um seguro contra altas mais fortes e teoricamente garante um preço máximo a ser pago pelo milho usado na dieta do confinamento.


Existem outras alternativas como comprar milho no mercado futuro ou até mesmo construir um intervalo de preços mínimo e máximo a custo zero através do mercado de opções.


Scot Consultoria: A utilização do mercado de opções como uma possibilidade de aproveitar eventuais altas e não perder o poder de compra frente a reposição tem sido usada?


Leandro Bovo: Sim, em geral o mercado de opções e as estratégias mais “elaboradas” do que simplesmente comprar um seguro de preço mínimo têm sido usadas. Muitas vezes o pecuarista efetua as vendas do seu confinamento, seja a termo ou no mercado futuro e compra uma opção de compra “call” para se proteger e preservar seu poder de compra em arrobas caso o mercado suba mais. Essa é uma alternativa interessante e tem sido cada vez mais usada, sobretudo pelos confinadores.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja