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Scot Consultoria

Ezequiel Rodrigues do Valle - Embrapa


Sexta-feira, 1 de abril de 2011 - 09h31

Engenheiro agrônomo pela Esalq-USP, mestre em fisiologia animal, Iowa State University, 1978 e doutor em fisiologia animal, University of Illinois, 1982. É pesquisador da Embrapa Gado de Corte, coordenador do Comitê Técnico do BPA/MAPA e coordenador nacional do programa BPA - Bovinos de Corte. Scot Consultoria: Para começarmos, fale um pouco como funciona o Programa de Boas Práticas Agropecuárias. Qual o objetivo desse programa? Ezequiel Rodrigues: O Programa de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) tem por objetivo conscientizar e orientar os produtores rurais sobre a necessidade de disponibilizar e assegurar ao mercado consumidor a oferta de alimentos seguros, com atributos de qualidade, provenientes de sistemas de produção sustentáveis, ou seja, aqueles que atendem as legislações ambientais, trabalhistas e são economicamente viáveis. O atendimento desses requisitos irá facilitar a inserção e a manutenção do Brasil no mercado mundial de carnes. A implantação voluntária das Boas Práticas Agropecuárias (BPA) irá, também, possibilitar a identificação e o controle dos diversos fatores que influenciam o processo produtivo, tornando-o mais rentável e competitivo. Para que essas metas possam ser atingidas a Embrapa está formalizando acordos de cooperação técnica com associações de produtores, indústrias de insumos e demais entidades ligadas a cadeia produtiva da carne bovina, para cooperar na divulgação, capacitação de técnicos e produtores e implantação do BPA nas principais regiões produtoras do país. Com a aprovação da Portaria Interministerial PRÓ-BPA n. 36, esse programa ganha mais visibilidade e o reconhecimento oficial dos Ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e do Trabalho e Emprego. Essa Portaria tem por objetivo desenvolver e promover a inclusão das BPA nas propriedades rurais das diversas cadeias pecuárias do país. Para tal haverá ações de políticas publicas de apoio à adoção e a implantação das BPA, bem como capacitação de técnicos e produtores, articulação com órgãos de extensão rural e ambientais, trabalhistas e da agricultura no âmbito federal, estadual e municipal de forma a cooperar na difusão e implementação do PRÓ-BPA. Scot Consultoria: A produção de commodities a cada ano vem crescendo, as exigências de qualidade aumentando e as margens dos produtores diminuindo, sendo necessário a otimização e o ganho em escala. Sendo assim, qual a importância de um sistema de gestão em uma propriedade rural? Ezequiel Rodrigues: O próprio programa BPA é uma ferramenta de gestão que possibilita a identificação dos fatores que podem estar contribuindo à redução da rentabilidade e da produtividade dos sistemas de produção. Com o aumento da competitividade a redução dos custos de produção e os ganhos em produtividade passam a ser determinantes no sucesso ou fracasso de um empreendimento. Essa preocupação faz parte do programa, uma vez que se pode observar que raríssimos são aqueles produtores que têm alguma idéia do seu custo de produção. Scot Consultoria: A pecuária nacional entrou em um novo momento, de exigência de qualidade de produção e de sustentabilidade, motivada principalmente por exigências internacionais de países importadores. Você acredita que o consumidor nacional está mais consciente, e no momento da compra, procura por produtos que atendam esses quesitos? Na sua opinião, acha que seria possível agregar valor e criar um nicho de mercado específico para produtos que possuem uma certificação de boas práticas agropecuárias? Ezequiel Rodrigues: Nos grandes centros essa preocupação por produtos de qualidade comprovada já existe e vem ganhando corpo com o desenvolvimento de novas “marcas”. Além de um processo de agregação de valor é uma garantia para o consumidor. O objetivo do Programa BPA, na sua fase inicial, é assegurar ao produtor rural ganhos “dentro da porteira” e à medida que for necessária a certificação o Programa BPA estará preparado para tal, de modo a possibilitar os ganhos fora da porteira. Scot Consultoria: Como você vê as diversas críticas que a pecuária nacional vem sofrendo, em relação a sustentabilidade? Ezequiel Rodrigues: Como o Brasil se tornou o maior exportador mundial de carnes é de se esperar que aqueles países que perderam mercado busquem “defeitos” nos nossos sistemas de produção. No entanto, cabe a nós estar preparados para comunicar, de forma clara e eficaz ao mercado consumidor, que produzimos carne de qualidade e que crescemos de forma sustentável. Scot Consultoria: Por fim, baseado ainda na questão de defesa da imagem da pecuária nacional, que tipo de ação o setor já desenvolve ou deveria desenvolver para elucidar e demonstrar para mercados e consumidores, os grandes avanços em produtividade e sustentabilidade que vem ocorrendo nos últimos anos? Ezequiel Rodrigues: O setor deve trabalhar muito a imagem da qualidade de nossos sistemas de produção. Devemos destacar que nossos sistemas não fazem uso de hormônios anabolizantes. Isso não tem sido evidenciado pela mídia como fator de diferenciação. A redução da idade de abate, novilhos jovens, já é uma realidade o que contribui de maneira significativa na qualidade do produto final, além da alimentação básica ser essencialmente de animais terminados a pasto e quando necessária a suplementação para garantir o acabamento não são utilizados nenhum subproduto de origem animal.
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