Foto: Bela Magrela
A estimativa de produção da safra 2025 de trigo foi reduzida pela Conab em seu relatório de maio. A estimativa agora é de 8,3 milhões/t, abaixo da perspectiva de abril que era de 8,5 milhões/t. A redução acontece em função da menor área semeada, que agora é de 2,7 milhões de hectares, redução de cerca de 100 mil hectares frente a última estimativa.
No Paraná, o Deral-PR estima que a área semeada deverá ser menor, uma queda de 1,1 milhão de hectares em 2024 para 886 mil hectares em 2025 – redução de 22% frente a 2024. Mesmo com preços melhores em relação ao ano passado, a alta foi insuficiente para estimular os agricultores, que devem migrar para outras culturas, como cevada, aveia e até o milho.
A retração também chegou ao Rio Grande do Sul, ampliando o movimento observado no Paraná.
Segundo a Emater-RS, regiões como Erechim, Santa Rosa e Soledade indicam retração da área a ser semeada, com estimativas preliminares apontando queda de até 15% em relação à safra anterior. Os principais fatores para a redução são os custos dos insumos elevados e os preços pouco atrativos do cereal.
No Paraná, o trigo para panificação está cotado a R$1.536,04/t, com alta de 5,6% em 12 meses e queda de 2,5% em trinta dias - variações que mantêm a margem pouco atraente para o produtor.
No entanto, é preciso considerar a qualidade do trigo para alcançar os preços do mercado, especialmente o peso hectolitro. Grãos fora do padrão sofrem deságios, o que torna as projeções de lucro incertas.
Além da redução de área, observa-se uma mudança no perfil técnico das lavouras. Muitos produtores estão optando por sistemas menos intensivos, com uso de sementes próprias e menor aplicação de fertilizantes - reflexo direto da descapitalização causada por sucessivas frustrações de safra, alta nos custos de produção, dificuldade de acesso ao crédito e preços pouco atrativos do cereal.
Apesar do relatório da Conab indicar aumento na produtividade– com projeção de 3.058kg/ha frente aos 2.579kg/ha da safra 2024, diversos fatores colocam essa previsão em dúvida. A Conab começou a revisar para baixo a estimativa de área semeada, enquanto os produtores têm investido menos em técnicas e insumos, como fertilizantes, optando por sistemas de menor custo, como dito. Além disso, o clima segue incerto e pode afetar negativamente o rendimento. Diante desse conjunto de variáveis, as projeções de produtividade e produção para o trigo no Brasil, pela Conab, podem estar relativamente superestimadas.
A formação de preço do farelo de trigo dependerá não apenas da qualidade da safra e do volume de grãos desviados do consumo humano para uso animal - fatores ainda condicionados ao tempo -, mas também da dinâmica de preços de farelos concorrentes no mercado de rações.
Uma menor oferta de trigo panificável pode aumentar a dependência de importações, tornando o preço interno mais sensível ao mercado internacional e à variação cambial e, por hora, o cenário internacional está favorável ao consumidor brasileiro.
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