O aumento de 15,5% na produção de doses de sêmen reforça o papel da genética e da inseminação artificial como insumos essenciais para a melhoria da eficiência reprodutiva e a sustentabilidade da pecuária de corte.
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O agronegócio brasileiro é reconhecido por sua produtividade e capacidade de inovação. Para sustentar esse crescimento de forma contínua, é preciso insumos que viabilizem a produção pecuária.
Neste ano, observou-se um aumento na comercialização e produção de sêmen bovino no Brasil no primeiro semestre. Esse movimento reflete não apenas uma tendência, mas uma mudança de postura dos produtores: investir em genética é investir em produtividade, qualidade e rentabilidade.
Na pecuária, insumos como o sêmen bovino e as técnicas reprodutivas - especialmente a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) - vêm transformando propriedades de todos os portes.
A IATF, permite ao produtor acessar material genético de alto valor, promovendo ganhos reprodutivos e zootécnicos. Por isso, o sêmen é um insumo de alto impacto - técnico, econômico e estratégico - na cadeia produtiva pecuária.
Dentro dessa vertente, um dos principais consumidores, é o mercado de cria. A genética utilizada hoje definirá o perfil e o preço dos bezerros nos próximos ciclos.
Desde 2023 - ano que marcou o a fase de baixa do atual ciclo pecuário de preços - o mercado de inseminação artificial bovina vem apresentando sinais consistentes de recuperação. Esse movimento é sustentado pela demanda interna, pela tecnificação das propriedades e pelo reconhecimento da genética como instrumento de eficiência e agregação de valor.
Segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), foram comercializadas 13,1 milhões de doses de sêmen bovino no primeiro semestre, um aumento de 14,3% em relação ao mesmo período de 2024. Destas, 10,2 milhões foram produzidas internamente (+15,5%) e 2,94 milhões foram importadas (+10,4%). Veja na figura 1.
Figura 1.
Entrada de doses de sêmen no mercado brasileiro (1o. semestre).
Índice | Período | 1º semestre |
---|---|---|
Total importado | 2025 | 2.945.809 |
2024 | 2.666.463 | |
Variação 25/24 | 10,4% | |
Produção | 2025 | 10.214.184 |
2024 | 8.839.762 | |
Variação 25/24 | 15,5% | |
Mercado brasileiro | 2025 | 13.159.993 |
2024 | 11.506.225 | |
Variação 25/24 | 14,3% |
Fonte: Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia)/ Elaboração: Scot Consultoria.
Da produção, 8 milhões de doses foram destinadas à bovinocultura de corte, frente às 7 milhões em igual período de 2024 (figura 2).
Figura 2.
Doses com aptidão para corte coletadas nos primeiros semestres a partir de 2023 em milhões de doses.
Fonte: Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia)/ Elaboração: Scot Consultoria.
Esse crescimento reflete o investimento dos produtores na eficiência reprodutiva e no aprimoramento da qualidade genética, com impactos na rentabilidade - especialmente no mercado de reposição.
O tempo tem tudo a ver com o fator genético. Isso porque o ciclo reprodutivo exige decisões que antecipam os resultados em pelo menos dois ou três anos. A estação de monta realizada agora resultará em bezerros que nascerão no final do próximo ano, serão desmamados adiante e chegarão ao mercado como bois gordos apenas em 2027 ou mais. Isso mostra que as escolhas genéticas presentes influenciarão a eficiência da produção futura.
O investimento em sêmen de qualidade não é uma ação pontual, mas uma estratégia de continuidade e progresso genético. Quem não iniciar esse processo hoje dificilmente conseguirá manter competitividade no médio e longo prazo.
A adoção da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é um dos avanços técnicos que mais contribuíram para o aumento da produtividade por animal. Hoje, propriedades que adotam a IATF conseguem agregar entre 20kg e 30kg a mais por bezerro, em comparação à monta natural.
Além disso, o custo da IATF vem caindo nas últimas duas décadas. Em anos anteriores essa técnica representava cerca de 25,0% do custo de um bezerro, atualmente essa participação caiu para 8,0%. No custo de produção de um boi gordo, a inseminação artificial representa menos de 2,0%, sendo um dos insumos mais em conta pensando na eficiência e disponibilidade para o produtor.
O foco na cria tecnificada repercute no mercado da reposição. O aumento de 38,0% no preço do bezerro de desmama no primeiro semestre de 2025 em São Paulo, em comparação com o mesmo período de 2024, evidencia a valorização da categoria, impulsionada tanto pela melhora genética quanto pela restrição de oferta.
Ainda assim, o abate de fêmeas aumentou no período, e embora isso possa ser um sinal de alerta, o rebanho nacional ainda possui volume suficiente de matrizes para reprodução. Fato confirmado pelo crescimento do rebanho nos últimos anos.
Apesar dos abates de fêmeas recorde no primeiro semestre, o mercado do boi gordo não dá sinais de excesso de oferta.
No mercado de sêmen, o bom volume de vendas indica que está havendo investimento na cria.
No mercado de reposição, o aumento nas cotações frente a 2024, mostra que oferta já não se encontra tão abundante e que a demanda vem aumentando.
O mercado de sêmen indica que há investimento ativo na cria, o que é positivo.
No mercado de reposição, a valorização dos bezerros indica que a oferta não está abundante e que a demanda tende a se manter aquecida, sustentada pela tecnificação da produção.
Em resumo, o crescimento da comercialização de sêmen bovino reflete uma mudança estrutural e consciente no modelo de produção pecuária. O sêmen é um insumo que carrega técnica, estratégia e visão de futuro. Sua utilização impacta na rentabilidade, na reposição e na longevidade da atividade pecuária.
Referências
INDEX ASBIA - https://asbia.org.br/index-asbia/
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