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  • Terça-feira, 16 de setembro de 2025
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Scot Consultoria

Carta Boi - Exportação de carne bovina: o mercado além dos Estados Unidos

Apesar da entrada em vigor da tarifa norte-americana à carne bovina, a exportação está firme. Destaque para a Indonésia, que aumentou o número de fornecedores brasileiros e, para o México, que também deve fazê-lo em breve.


Foto: Shutterstock

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Originalmente publicado no Broadcast Agro

Em julho, o governo dos Estados Unidos anunciou tarifa extra de 50% à exportação de carne bovina brasileira, a tarifa foi confirmada em 30 de julho e está valendo desde 6 de agosto.

O volume exportado no primeiro semestre foi o maior da história e os Estados Unidos foram, até então, o segundo destino da carne bovina brasileira – atrás, apenas, da China.

A exportação de carne bovina in natura está firme em 2025 e, apesar do anúncio e iminente perda da exportação para os norte-americanos, assim persistiu, tendo registrado, em julho, o melhor desempenho mensal da história e, em agosto, queda de 3% em relação a julho.

Veja, na figura 1, o volume de carne bovina exportada entre janeiro e agosto, ano a ano.

Figura 1.
Exportação de carne bovina in natura, em mil toneladas, nos primeiros oito meses dos anos.
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria

Perder um mercado relevante em volume e faturamento, é ruim. Mas, o tarifaço pouco deverá mudar o curso do mercado exportador.

Considerando os últimos 20, 15 e 5 anos, a exportação de carne bovina in natura cresceu em volume, preço e faturamento no segundo semestre, em relação ao primeiro.

Veja na tabela 1.

Tabela 1.
Comportamento da exportação de carne bovina in natura no segundo semestre, em relação ao primeiro.


1o semestre (A) 2o semestre (B)
  Volume (mil t) Faturamento (milhões US$) Preço (US$/t) Volume (mil t) Faturamento (milhões US$) Preço (US$/t)
2004 398,65 868,43 1.135 521 1.085 1.175
2005 528,31 1.160,70 1.293 554 1.251 1.243
2006 534,23 1.302,13 1.415 685 1.820 1.657
2007 694,28 1.733,26 1.855 583 1.734 1.999
2008 519,86 1.900,57 2.090 495 2.074 2.135
2009 453,92 1.356,90 1.653 470 1.660 1.699
2010 485,78 1.837,68 1.817 463 2.014 1.870
2011 406,46 2.023,74 2.129 412 2.137 2.326
2012 413,04 1.997,63 2.162 529 2.481 2.090
2013 523,88 2.378,29 1.886 659 2.973 1.859
2014 596,45 2.721,61 1.884 620 3.013 2.101
2015 486,78 2.067,81 1.859 585 2.560 1.830
2016 571,97 2.220,70 1.959 504 2.124 2.013
2017 523,94 2.173,23 2.108 682 2.897 2.048
2018 534,32 2.187,77 1.967 819 3.268 3.834
2019 688,25 2.609,43 5.008 881 3.937 5.248
2020 776,61 3.447,67 5.210 948 3.999 5.100
2021 735,80 3.515,24 5.488 824 4.452 6.506
2022 927,85 5.610,14 6.721 1.063 6.195 7.424
2023 882,21 4.345,65 8.043 1.124 5.150 7.377
2024 1.138,59 5.138,09 7.498 1.407 6.520 8.277

Variação (B/A)
  Volume (mil t) Faturamento (milhões US$) Preço (US$/t)
2004 30,8% 25,0% 3,5%
2005 4,8% 7,7% -3,9%
2006 28,3% 39,7% 17,1%
2007 -16,0% 0,1% 7,8%
2008 -4,8% 9,1% 2,2%
2009 3,6% 22,4% 2,8%
2010 -4,6% 9,6% 2,9%
2011 1,4% 5,6% 9,2%
2012 28,1% 24,2% -3,3%
2013 25,7% 25,0% -1,4%
2014 3,9% 10,7% 11,5%
2015 20,1% 23,8% -1,5%
2016 -11,9% -4,3% 2,7%
2017 30,3% 33,3% -2,9%
2018 53,3% 49,4% 94,9%
2019 28,1% 50,9% 4,8%
2020 22,0% 16,0% -2,1%
2021 12,0% 26,7% 18,6%
2022 14,6% 10,4% 10,5%
2023 27,4% 18,5% -8,3%
2024 23,6% 26,9% 10,4%

Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria

O mundo quer carne bovina e o Brasil está aí para atendê-lo

Em julho, a exportação de carne bovina in natura foi recorde, com 276,9 mil toneladas embarcadas. Em agosto, caiu 3%, mas com 268,5 mil toneladas embarcadas. Volume excelente.

Dois pontos merecem destaque: a China, que comprou o maior volume mensal de carne bovina do Brasil da história, em julho e em agosto – 158 mil toneladas. 

Figura 2.
Exportação brasileira de carne bovina para a China, em mil toneladas, por mês.
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria

E o México, que no período em questão, assumiu o posto dos norte-americanos e foi o segundo comprador – 28,8 mil toneladas.

Tabela 2.
Destinos da carne bovina brasileira em julho e agosto de 2025.

País Volume (kg)
China 316.428.966
México 28.881.015
Rússia 23.742.575
Chile 21.871.852
Filipinas 20.573.787
Estados Unidos 19.060.635
Egito 11.158.806
Itália 9.734.486
Arábia Saudita 8.463.412
Israel 7.859.149
Total - 10 principais destinos 467.774.683
Total - geral 545.441.711

Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria 

Em setembro, a exportação está firme. Até a primeira semana, o volume exportado foi de 78,3 mil toneladas, ou 15,6 mil toneladas/dia, crescimento de 30,8% em relação ao volume exportado em setembro de 2024. 

Destaque para o preço médio da tonelada, em dólares (US$5,55/kg), que aumentou 23,1% neste mesmo período. 

Destacaremos alguns pontos que devem ficar no radar em setembro. 

Mais carne bovina brasileira nos tacos mexicanos?

O mercado internacional está comprador e, somou-se aos bons números, notícias favoráveis ao setor. Uma comitiva do governo brasileiro esteve no México entre o fim de agosto e começo de setembro, buscando ampliar a parceria comercial entre os países.

Do encontro, a notícia de que 14 frigoríficos brasileiros (carne bovina, suína e de frango) deverão ser auditados em setembro, para exportarem carne bovina ao México, segundo o secretário de comércio do Ministério da Agricultura do Brasil, Luis Rua. 

O mercado do México é relativamente novo para a carne bovina brasileira – a abertura ocorreu em março de 2023, após mais de uma década de negociações. 

O estatus sanitário do Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação também colaborou para uma aceleração do processo de abertura de novas plantas – este é um dos requisitos sanitários impostos pelo país. 

A abertura à carne brasileira ocorreu em um momento de medidas para controle da inflação mexicana (figura 3). 

Figura 3.
Taxa (%) de inflação anual no México.

Fonte: Trading Economics / Instituo Nacional de Estatística e Geografia do México (INEGI)

A ampliação das vendas ao mercado mexicano está ligada à esta política econômica, mas, também, associada a uma oportunidade de mercado – a questão do tarifaço à carne brasileira.

México e Canadá juntos, foram responsáveis por um terço da carne bovina importada pelos norte-americanos em 2024 e, em 2025 mantém posição relevante (USDA).

O tarifaço torna inviável a manutenção da exportação brasileira e abre potencial ao mercado mexicano, ou para triangular as vendas, processando a carne comprada do Brasil e a revendendo, ou vendendo mais da produção interna aos norte-americanos e ampliando o consumo da carne bovina brasileira. De todo modo, ponto positivo ao Brasil.

Indonésia e o potencial aumento de demanda de carne bovina brasileira

A Indonésia anunciou, em 8 de setembro, a habilitação de 17 frigoríficos para exportação de carne bovina.

Com a decisão, são 38 unidades habilitadas.

Em 2024, o país comprou 11,4 mil toneladas de carne bovina in natura. Em 2025, até agosto, foram 15,3 mil toneladas.  Em 2022 comprou 20,4 mil toneladas.

Figura 4.
Exportação* de carne bovina in natura para a Indonésia, em mil toneladas.
*para 2025, acumulado de janeiro-agosto.
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria

O país é o quarto mais populoso do mundo, com 283,5 milhões de habitantes em 2024, segundo o Banco Mundial e um consumo per capta de carne bovina estimado em 2,5 quilos. 

Dados oficiais (BPS Statistics Indonesia) indicam, em 2024, uma produção de carne bovina em 478,8 mil toneladas e um consumo estimado de 679,4 mil t. 

A importação de carne bovina, em 2024, foi de 183,2 mil t. 

Índia, Austrália, Brasil e Estados Unidos, são os principais fornecedores de carnes – bovina e de búfalo (no caso da Índia) – para o país. 

Os Estados Unidos, com a cotação da sua arroba e, consequentemente, de sua carne bovina, em dólares, em alta, tem um cenário mais desafiador para manter o fluxo comercial. 

Com o tarifaço à carne bovina brasileira e o anúncio de aumento da importação norte-americana de carne bovina da Austrália (leia aqui), com tarifas mais competitivas, a cotação da arroba na Austrália subiu – consequentemente, o custo para a importação dos compradores da Indonésia, também será impactado. 

Espaço e oportunidade para o Brasil aumentar sua posição no mercado local. 

De olho na China e na operação antidumping

Em dezembro de 2024, os chineses anunciaram uma investigação de salvaguarda à produção local de carne bovina, contra os fornecedores internacionais (leia mais). 

O prazo previsto inicialmente para uma decisão sobre a importação de carne bovina expirou em agosto.

As autoridades chinesas, no entanto, informaram, no começo de agosto, que a divulgação do resultado, dado a complexidade do tema, foi postergada para o fim de novembro – fator positivo à manutenção da exportação de carne bovina, que, sazonalmente, cresce nos últimos meses do ano.

Mas, a questão gera dúvidas sobre o por vir: uma quota global à carne bovina importada pelos chineses? Aumento de tarifas a todos os fornecedores? Ou, uma nova postergação deverá ocorrer?

Por ora, o quadro é favorável.

Japão ou Turquia: abertura de mercado?

Com o reconhecimento, em junho, do Brasil como zona livre de febre aftosa sem vacinação, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), oportunidades para o atendimento a mercados exigentes estão tomando forma.

O Ministério da Agricultura (MAPA) tem conversado com o Japão, Coreia do Sul e Turquia para tratar da abertura desses mercados. A expectativa é de que até o final de 2025, Japão ou Turquia deverão importar carne do Brasil.

A Turquia é importante comprador de bovinos vivos do Brasil. 

Já o Japão e Coreia do Sul, estão entre os cinco maiores importadores globais de carne bovina.

Considerações finais

A abertura e conquistas de mercado, não é rápida e depende de uma série de fatores como os aspectos técnicos e exigências sanitárias entre outros. 

A concentração das vendas para poucos destinos (vide China), preocupa– vide as crises envolvendo aspectos sanitários (2021 e 2023), que afetaram profundamente o mercado do boi.

Mas, a parceria forte como os chineses permitiu uma boa estruturação das operações e da cadeia produtiva, para que a conquista de mercados nos últimos anos pudesse ocorrer de forma sólida – promovendo diversificação, menor risco à cadeia e robustez aos elos da cadeia. 

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