Complexo de soja segue como carro-chefe das exportações argentinas, representando mais de 20,0% do total no primeiro semestre de 2025.
Foto: Freepik
As exportações agroindustriais da argentina representaram 58,0% das exportações do país em 2024, segundo dados da Expoagro.
Mesmo diante de um cenário macroeconômico interno conturbado, o agronegócio argentino tem mantido sua relevância no comércio internacional, ocupando posições de liderança mundial em diversas cadeias de valor e com as exportações de grãos e derivados representando o carro-chefe da balança comercial argentina.
O protagonismo do país está atrelado ao complexo soja, que abrange grãos in natura, óleo e farelo - sendo a Argentina o maior exportador global de óleo de soja e farelo de soja, com o Brasil ficando em segundo lugar para ambos derivados.
O Brasil é, atualmente, o maior produtor e exportador mundial de soja. Grande parte dessa produção segue para o mercado externo, sobretudo para a China, porém, a maior parte das exportações é de soja em grão. Apesar disso, nos últimos anos, o Brasil tem ampliado sua presença também no mercado de derivados, tendo assumido, momentaneamente, no caso do farelo, o posto de maior exportador.
Já a Argentina, apesar de produzir menos soja - cerca de 50,0 milhões de toneladas - possui um diferencial importante, mais de 65,0% da sua produção é processada internamente.
O país consolidou-se como líder mundial na exportação de farelo e óleo de soja, resultado de uma indústria de esmagamento forte, o que agrega valor ao produto antes de destiná-lo ao mercado externo.
Essa característica garante ao país relevância global como fornecedor de derivados, mesmo com volume de produção, em relação ao Brasil, bem menor.
Figura 1.
Exportações de farelo de soja do Brasil e da Argentina, por safra, em milhões de toneladas.
*Estimativa
Fonte: USDA
Figura 2.
Exportações de óleo de soja do Brasil e da Argentina, por safra, em milhões de toneladas.
*Estimativa USDA
Fonte: USDA
Em 2024, na Argentina, também se destacaram as exportações de milho, trigo, amendoim, feijão, girassol e até mesmo erva-mate, o país figurou entre os três maiores exportadores desses produtos.
E, em 2025, o desempenho é parelho. No acumulado do primeiro semestre de 2025, as exportações agroindustriais somaram 54,4 milhões de toneladas, alta de 4,5% frente ao mesmo período de 2024, com receitas de US$23,29 bilhões.
Do total, 40,2% das exportações estiveram relacionadas à soja, milho, trigo, girassol, cevada e seus derivados.
Figura 3.
Participação dos principais complexos exportados pela Argentina no primeiro semestre de 2025 em %.
* Alumínio, Alho, Avícola, Arroz, Arandos e frutos similares, Cítricos (excluindo limão), Equino, Florestal, Farmacêutico, Lácteo, Limão, Litio, Mel, Outros minerais metalíferos, Olivicula, Peras e maçãs, Feijões, Siderúrgico, Tabaco, Têxtil, Té, Uva, Açucareiro, Amendoim, Erva-mate, Grão-de-bico.
Fonte: INDEC / Elaborado pela Scot Consultoria
O destaque ficou para o complexo de girassol, cuja participação no total exportado foi a que mais cresceu em relação ao mesmo período de 2024, passando de 1,7% para 2,3%. Esse aumento fez com que a receita obtida com as exportações desse complexo avançasse 42,6%, subindo de US$636,0 milhões no primeiro trimestre de 2024 para US$907,0 milhões no correspondente período de 2025.
Figura 4.
Participação de cada complexo em % do total exportado pela Argentina no primeiro semestre de 2024 e 2025.
Fonte: INDEC / Elaborado pela Scot Consultoria
As exportações de soja e seus derivados no primeiro semestre de 2025 corresponderam a 21,6% do total exportado, alcançando US$8,6 bilhões. Os principais destinos foram Índia, China e Vietnã.
Do volume exportado, 11,0% correspondem a sementes de soja, 38,4% a óleo e 48,2% a farelo, enquanto 2,4% incluem outros produtos derivados.
No mesmo período, as exportações de milho alcançaram US$3,9 bilhões, correspondendo a 10,0% do total exportado pelo país. Os principais destinos foram Vietnã, Peru e Argélia.
Do total, 98,8% referem-se a grãos de milho e 1,2% a outros derivados.
As exportações de trigo somaram US$1,8 bilhão, representando 4,6% do total exportado. Os principais destinos foram Brasil, Indonésia e Angola, sendo que 89,5% do total corresponderam ao trigo e 10,5% a outros derivados do cereal.
No acumulado do primeiro semestre, os derivados de girassol totalizaram US$907,0 milhões, representando 2,3% das exportações totais. Do total, 79,4% corresponderam a óleo de girassol, 6,5% a sementes e 14,1% a tortas e farelo de girassol.
Os principais destinos foram Índia, Iraque e Países Baixos.
As exportações de cevada totalizaram US$688,0 milhões, representando 1,7% das vendas externas do país. Grãos de cevada responderam por 78,7%, malta por 20,1% e cerveja de malta por 1,3%, com Arábia Saudita, Brasil e China como os principais destinos.
O Brasil mantém uma relação mista com a Argentina no mercado agrícola, sendo importador e concorrente em diversas frentes.
O trigo argentino é vital para a indústria brasileira, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Por outro lado, os dois países competem diretamente no mercado global de milho e derivados da soja.
Com o avanço da industrialização do setor agrícola brasileiro, o Brasil vem ganhando espaço como exportador de farelo e óleo de soja, áreas em que a Argentina tradicionalmente liderava.
Isso tende a acirrar a competição pelos mercados asiáticos e europeus nos próximos anos.
Além disso, como os países fazem parte do Mercosul, qualquer alteração na política agrícola argentina - como mudanças nas retenciones (impostos ou tarifas de exportação) ou na taxa de câmbio oficial - pode afetar diretamente a dinâmica comercial regional.
Referencias:
Agrolatam. Exportaciones agroindustriales: el motor clave del ingreso de divisas en Argentina. Disponível em: Exportaciones agroindustriales: el motor clave del ingreso de divisas en Argentina
Argentina.gob.ar. Las exportaciones agroindustriales crecieron 4,5% en volumen durante el primer semestre. Disponível em: Las exportaciones agroindustriales crecieron 4,5% en volumen durante el primer semestre de 2025
CNN Brasil. Argentina oficializa corte de imposto sobre exportação de grãos e alimentos. Disponível em: Argentina oficializa corte de imposto sobre exportação de grãos e alimentos
INDEC. Estatísticas de comércio exterior da Argentina. Disponível em: https://www.indec.gob.ar/indec/web/Nivel3-Tema-3-2
Money Times. Mudança em impostos na Argentina pode beneficiar farelo e óleo de soja do Brasil. Disponível em: Mudança em impostos na Argentina pode beneficiar farelo e óleo de soja do Brasil
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