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A expectativa é de aumento de 20,4% nas vendas de biodefensivos em 2025, em comparação com 2024, segundo estimativas da Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos (ANPII Bio).
Em 2024, as vendas de inoculantes foram de R$655 milhões, aumento de 54,8% em relação a 2023 (figura 1). Em relação às entregas, o volume foi de 8 milhões de litros, aumento de 60,1% em relação a 2023.
O aumento dos valores e das entregas de inoculantes biológicos sugere uma diversificação nas estratégias adotadas por produtores rurais para garantir melhores produtividades e resiliência em suas lavouras.
Figura 1.
No eixo esquerdo, a evolução no valor da entrega de inoculantes (milhões de reais) e no eixo da direita, o volume entregue (milhões de litros ou quilos).
Fonte: ANPII Bio/ Elaboração: Scot Consultoria
*estimativa até abril
Os biodefensivos são classificados em diferentes categorias de produtos. Em 2024, os fungicidas foram os mais utilizados, representando 38% das entregas. Por outro lado, os nematicidas e os inseticidas corresponderam a 25,8% e 24,4% das entregas, respectivamente (figura 2).
Quanto ao tipo de organismo presente nos biodefensivos entregues, as bactérias corresponderam a 62,3% das formulações, seguidas pelos fungos, que representaram 28,6%. Os 9,1% restantes foram compostos por plantas, vírus ou combinações entre dois ou mais tipos de organismos (figura 3).
Figura 2.
Classes de produtos nas entregas de biodefensivos em 2024.
Fonte: ANPII Bio/ Elaboração: Scot Consultoria
Figura 3.
Tipo de organismo ou ativo compositor nas entregas de biodefensivos em 2024.
Fonte: ANPII Bio/ Elaboração: Scot Consultoria
Em 2024, em termos de culturas tratadas com inoculantes biológicos, a soja liderou o consumo, com 54,4%, seguida pelo milho, com 14,1%, e pela cana-de-açúcar, com 13,2%. Na sequência, destacam-se a fruticultura, com 4,3%, e o feijão, com 4,0%. As demais culturas responderam por 9,8% dos biodefensivos entregues (ANPII Bio). Veja na figura 4.
Figura 4.
Consumo dos biodefensivos entregues em 2024, por cultura agrícola.
Fonte: ANPII Bio/ Elaboração: Scot Consultoria
O aumento no uso de biodefensivos tem como base os bons resultados exibidos ao longo dos anos. Exemplos:
Cana-de-açucar
Bacillus thuringiensis: Redução em até 80% da broca-da-cana (Diatraea saccharalis), com impacto direto na produtividade e menor uso de inseticidas químicos (Silva et al., 2023).
Trichoderma harzianum: Aumento de produtividade em até 12,0% e melhora da saúde do solo (Bettiol, 2019).
Fruticultura
Ascophyllum nodosum: Redução da incidência de doenças fúngicas como a pinta preta (Guignardia citricarpa) e aumento da resistência sistêmica induzida, com reflexo na qualidade e sanidade dos frutos (Saccomori, 2021).
Soja
Bacillus subtilis :Redução de até 60,0% do mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), com ganhos de produtividade entre 8,0% e 10,0% (Embrapa, 2021).
Metarhizium anisopliae: Controle de percevejos com até 70,0% de eficácia, reduzindo aplicações químicas (Embrapa, 2024a)
Milho
Beauveria bassiana: redução de até 75,0% da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), com aumento de produtividade em até 9,0%.
Bionematicidas (Bacillus spp.): Redução de até 50% da população de nematoides Pratylenchus, com reflexos positivos no vigor radicular (Embrapa, 2023).
Feijão
Trichoderma spp. Redução de doenças radiculares como a murcha do fusário em até 65%, com aumento de produtividade de 10,0 a 12% (Embrapa, 2024b).
Bacillus amyloliquefaciens: Estímulo ao crescimento radicular e resistência a estresses hídricos, com ganhos médios de produtividade de 8,0% (Embrapa, 2024b).
Os biodefensivos destacam-se pela versatilidade de uso e pelo potencial de integração com diferentes métodos de controle de pragas e doenças. Além disso, proporcionam benefícios adicionais à fitossanidade das lavouras e pomares.
Classes de produtos, como os bioestimulantes ativadores, contribuem para a prevenção de doenças nas plantas.
Por se tratarem de uma tecnologia sustentável e com poucas contraindicações, os biodefensivos oferecem flexibilidade de aplicação e podem ser adotados em diversas modalidades de cultivo agrícola.
O mercado de biodefensivos é promissor e apresenta tendência de crescimento, impulsionado pela demanda por técnicas eficientes e sustentáveis no campo.
Referências
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROMOÇÃO E INOVAÇÃO DA INDÚSTRIA DE BIOLÓGICOS. Estatísticas. Disponível em: https://anpiibio.org.br/estatisticas/.
BETTIOL, W. Uso atual e perspectivas do Trichoderma no Brasil. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2019. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1119303/1/Bettiolusoatual2019.pdf..
EMBRAPA. Experimentos cooperativos de controle biológico de Sclerotinia sclerotiorum na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja, 2021. (Circular Técnica, 186). Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1145774/1/Circ-Tec-186.pdf.
EMBRAPA. Efeitos da inoculação de Bacillus solubilizadores de fosfato no milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2023. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1173848/1/Efeitos-da-inoculacao-de-bacillus-
EMBRAPA. Bioinsumos em sistemas agrícolas: atualizações e perspectivas. Brasília: Embrapa, 2024a. (Eventos Técnicos & Científicos). Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1166046/1/ETC-4-JA-2024.pdf.
EMBRAPA. Bioinsumos na agricultura brasileira: impactos, desafios e oportunidades. Brasília: Embrapa, 2024b. (Eventos Técnicos & Científicos). Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1169608/1/CNPS-ETC-001-.
SACCOMORI, N. L. Bioestimulantes à base de extrato de algas marinhas na agricultura: estado da arte e potencial de uso. Foz do Iguaçu: Universidade Federal da Integração Latino-Americana, 2021. Disponível em: https://dspace.unila.edu.br/server/api/core/bitstreams/5faefac6-232d-4763-b468- 92a679600803/content.
SILVA, E. A. et al. Controle biológico de pragas agrícolas com Bacillus thuringiensis e fungos entomopatogênicos. Jaboticabal: Embrapa Instrumentação, 2023. (Comunicado Técnico, 110). Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1163027/1/Com-Tec-110.pdf.
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