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Scot Consultoria

Carta Boi - As próximas paradas no mercado do boi gordo


Sexta-feira, 1 de junho de 2018 - 14h40

 


A volta dos negócios após um período de suspensão traz dúvidas quanto ao mercado, imediatamente após a retomada da produção e entrega de carne.


Uma parte dos bovinos que seriam abatidos nestas últimas semanas ficou nas pastagens, que já perdem qualidade. Ou seja, há uma oferta reprimida.


Por outro lado, a carne não chegou aos varejistas, que continuaram vendendo e vendo os estoques “baixarem”. Assim como a oferta de gado, há demanda reprimida, por reposição dos estoques do varejo, em um período próximo do pagamento dos salários e alguns dias antes do início da Copa do Mundo, que tem efeito positivo, mesmo que modesto, sobre o escoamento.


O estabelecimento das referências de preços da arroba do boi gordo nos primeiros dias após a retomada das compras dependerá das vendas dos pecuaristas.


Como temos nas pastagens, mesmo perdendo qualidade, menos rigidez no momento da venda (frente ao confinamento), se não houver uma concentração de oferta, os frigoríficos vão ter que pagar mais pelas boiadas, para aproveitar o comprador ávido (varejo), que quer se abastecer para o início de mês e churrascos em função dos jogos da copa.


Passada a ansiedade quanto à concentração ou não das vendas de boiadas nos próximos dias, devemos ter uma oferta menor de gado, com a lacuna até a chegada de um volume maior de gado confinado (lembrem do milho em alta). Aqui cabe o destaque que o mercado já esboçava uma redução da desova de final de safra, antes da paralisação.


Oferta de carne de frango.


A paralisação pode ser analisada sob diversos ângulos, com diversos pontos válidos, como a carga tributária e o seu mau uso em uma máquina pública viciada, pesada e ineficiente, na melhor das hipóteses.


Destacamos as perdas da avicultura e suinocultura, com a impossibilidade de acesso à alimentação ou de animais em trânsito. Aqui temos questões importantes, tanto financeiras em relação aos produtores, de cadeias importantes e geradoras de empregos, como de bem-estar dos animais.


Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), até a terça-feira (29/5), cerca de 70 milhões de aves haviam morrido. Com ciclo em torno de 40 dias, a produção destas aves chegaria ao mercado ou seria exportada nos próximos meses.


Usamos para a estimativa 58,8 milhões, que equivale a 83,8% dos 70 milhões, desconsiderando 16,2% de participação de aves de postura no efetivo, uma vez que as aves de postura não seriam abatidas, necessariamente, neste intervalo.


A partir do peso médio de carcaça (2,35kg) obtido pela Pesquisa Trimestral de Abate (IBGE), estas aves teriam potencial para produzir cerca de 137,9 mil toneladas de carcaça.


Como a carne bovina e de frango são opções de consumo de proteína de origem animal, menos oferta de carne de frango tende a contribuir com preços firmes para a proteína, o que deve ajudar a demanda por boiadas.


Usando carcaças de 250kg para bovinos, entre machos e fêmeas, a mortalidade de aves gerará redução da produção de carne equivalente a 551,6 mil cabeças de bovinos.


No mercado de suínos também houve perdas importantes, mas mantivemos a análise na carne de frango por causa do consumo maior no Brasil e pelo ciclo mais curto, o que gera impacto mais próximo no mercado.


Considerações finais.


A volta das negociações após a greve tende a ser incerta, com uma parcela de gado à espera da venda, mas com o varejo restabelecendo estoques.


Passado este ajuste inicial, devemos ter uma lacuna de oferta, após o final efetivo da safra (que começava a ser sentido antes da greve).


Até a chegada do gado confinado em maior volume, é possível que uma oferta mais enxuta de carne de frango ajude.


Obviamente, a paralisação terá efeitos de médio prazo sobre a economia, uma vez que o governo usou um dinheiro que não tinha para encerrá-la.  


Mas com foco no boi gordo, para estes próximos meses podemos ter um cenário de preços firmes, com reflexos nos preços futuros, que devem ser aproveitados para travar (ao menos preços mínimos) por quem for confinar.


 



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