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Scot Consultoria

Carta Gestor - Tome as rédias de sua fazenda II


Quinta-feira, 27 de novembro de 2014 - 17h16

Estudando o tema de gestão e planejamento, deparei-me com um excelente artigo publicado pelo portal beefmagazine.com, escrito recentemente por Burke Teichert (fazendeiro e consultor norte-americano), cuja conexão (link) está disponível no fim do artigo. 


Nesta edição da Carta Gestor, a 64a., fizemos uma adaptação desse texto, focando nos aspectos de planejamento estratégico, tático e operacional do sistema de produção.


Voltando no tempo, o título da primeira edição da Carta Gestor, de junho de 2009, foi justamente este: "Tome as rédeas da sua fazenda". Resolvemos reeditá-lo por acreditarmos que o assunto tratado é não só essencial, mas representa aquilo que move todos os empreendedores a irem além: mesclar realização e bons resultados.
Vamos lá.


Estratégico x tático x operacional


Como em todos os segmentos da economia, na pecuária também existe uma parcela de produtores que opera no vermelho ou com dificuldades econômicas.


Na tentativa de melhorar o resultado, é comum manter as antigas práticas e tentar fazê-las de uma maneira mais eficiente. Em muitas das vezes, esse não é o caminho.


É claro que melhorar continuamente os índices zootécnicos e econômicos é algo importante e que deve ser feito, mas "o que fazer" e "como fazer" importa mais em uma análise ampla do negócio.


Para uma mudança verdadeira, é preciso pensar em três esferas de gestão: estratégica, tática e operacional. São elas:


Estratégica: esta gestão está ligada às questões, como o próprio nome diz, estratégicas. São fundamentais e decisivas para o negócio e requerem uma análise econômica prévia. Isso inclui responder perguntas como:


- Qual o melhor sistema de produção para a minha fazenda (cria, recria, engorda ou ciclo completo)? 
- Utilizar raças puras ou cruzamentos? 
- Devemos criar os próprios reprodutores ou comprar de terceiros? 
- Produção exclusivamente em pasto? Se a resposta for afirmativa, através de sistema rotacionado?
- Fornecer suplementação? De que tipo? Em caso de suplemento concentrado, produzir ou comprar?
- Quais são as metas técnicas e econômicas que queremos atingir?
- Devemos expandir a área de produção? Através de compra ou arrendamento de terra?


Assim que arquitetadas as perguntas adequadas (elas variam de caso a caso e devem ser pensadas pelos gestores do negócio), é preciso analisar como obter as respostas e quais as consequências de cada opção. 


Por exemplo: o sistema de contabilidade e de captura de dados vigente permite analisar e responder as questões propostas? Que mudanças são ou serão necessárias em nossa estrutura de gestão? E a parte operacional?


Se necessário, é válido contar com a ajuda externa não só para desenhar as questões estratégicas, mas para resolvê-las.


Tática: depois de responder às questões estratégicas, procede-se à tática. Por exemplo, caso se decida pelo pastejo rotacionado, é preciso escolher a forrageira, o tamanho dos pastos, tipo de cerca, estrutura de aguadas, etc.


Esta opção envolve o planejamento das prioridades definidas pelo planejamento estratégico. Com cada mudança estratégica, a tática deve ser desenvolvida para se ajustar à nova realidade. Em outras palavras, estamos perguntando: "Como realizo isso da melhor forma possível?". 


No fim das contas, são as táticas bem desenvolvidas e colocadas em prática de maneira adequada que permitem que as decisões estratégicas corretas deem resultado.


Operacional: a gestão operacional é o uso de um cronograma para realizar os trabalhos, que é definido pelo planejamento tático. Muitos fazendeiros são muito bons nisso e gostam de fazê-lo. 
A questão é que, muitas vezes, o cronograma está em suas cabeças. E é aí que os problemas começam.


O efeito bola de neve


Alguns produtores tendem a ficar tão envolvidos com o planejamento operacional, que isto se torna um hábito.


Como consequência, fazem a mesma coisa, no mesmo lugar, todos os anos. 


Assim, ficam tão presos em suas rotinas que não podem ver uma maneira melhor ou diferente de fazer as coisas porque estão convencidos de que esta é a melhor. Neste momento, a conveniência pessoal e a facilidade de planejamento tornam-se mais importantes que o lucro. Como consequência, deixa-se o operacional guiar o tático, e o tático guiar o estratégico. E este é exatamente o oposto do que deveria ser.


Muitos preferem dedicar-se ao dia-a-dia de trabalho na fazenda do que ir ao escritório e reunir as ferramentas e informações necessárias para trabalhar em um plano estratégico. Não é preciso fazer tudo de uma só vez, pode-se trabalhar em uma questão estratégica de cada vez.


No entanto, esta é uma tarefa longe de ser fácil. Temos que reconhecer que uma mudança em um aspecto da estratégia, muitas vezes, causa ou exige uma mudança em outros aspectos. 


Por exemplo, se analisarmos a mudança na data do parto, devemos saber que haverá mudanças na época de comercialização e dos aspectos nutricionais, por exemplo, que por sua vez, podem impactar na estrutura de mão-de-obra e de equipamentos.


Tomando as rédeas


O objetivo principal deste artigo é encorajá-lo a começar com a estratégia. Não tente fazê-la no pasto ou sobre o capô da caminhonete. Vá para o escritório. 


Faça um balanço patrimonial e coloque sua contabilidade em ordem para que você tenha os custos diretos e indiretos organizados. Conheça os índices zootécnicos e econômicos da sua fazenda, assim como o seu estoque de insumos e seu fluxo durante o ano. 


Isto facilitará muito o trabalho de projeção. Com bons registros financeiros e de produção em mãos, você está preparado para fazer um bom trabalho analítico. 


Às vezes, quando saímos da estratégia para a tática, concluímos que as táticas capazes de tornar a estratégia desejada realidade, são impraticáveis para a situação. Mesmo assim, não ceda facilmente. 


Se você acredita que fez uma boa decisão estratégica, dedique tempo a montar uma série de táticas que poderiam fazer esta estratégia viável. Mesmo assim, devemos aceitar que às vezes é preciso voltar e reformular a estratégia.


Para este tipo de trabalho, é importante ter a sua equipe ou família envolvida. A participação deles não precisa acontecer em todos os passos, mas eles devem participar dos pontos críticos e colaborar com ideias. 


Também é recomendável envolver algumas pessoas que não se dedicam em tempo integral à operação, mas que têm boas habilidades, como outros fazendeiros, veterinários, nutricionistas, vendedores, contador, consultores, etc.


Por fim, tomar as rédeas da sua fazenda é o que importa. Não deixe que o comodismo e as forças do dia-a-dia o distanciem do melhor que a sua fazenda pode ser. E isso começa na cabeça dos gestores.


Adaptado a partir do artigo "Do You Like The Results Youre Getting?" (Burke Teichert) Disponível em http://beefmagazine.com/blog/do-you-results-you-re-getting 



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