• Terça-feira, 18 de novembro de 2025
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Manejando a fertilidade do solo: correção e adubação - Parte 7

Estratégias para orientar decisões na compra de corretivos e adubos químicos.


Foto: Freepik

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No artigo anterior, eu citei, descrevi e expliquei sobre as fontes de informações para a interpretação de análises de solos e para fazer as recomendações de correção e adubação para solos de pastagens.

Nesse artigo, dessa sequência de textos sobre manejo de fertilidade do solo sob pastagens, apresentarei estratégias para tomadas de decisões sobre compras de corretivos e adubos químicos. E, para tal, como no artigo publicado anteriormente a este, continuarei usando estudos de casos de clientes que eu atendo.

Primeiro, vamos aos corretivos de acidez do solo, especificamente o calcário, em uma fazenda no Estado de São Paulo, sob clima tropical, no bioma Mata Atlântica, com temperatura e precipitação médias históricas de 21,7ºC e 1.111mm anuais, respectivamente, em um sistema de pastagem de sequeiro, com metas de capacidade de suporte de 3,5UA/ha e produtividade de 20,5@/ha para um período de seis meses de chuvas (Tabela 1).

Tabela 1.
Comparativo de preços de quatro calcários dolomíticos, com base nos preços por tonelada e seus PRNT, e a dose de cada calcário ajustada para a aplicação de 1,3t/ha, caso o PRNT fosse 100,0%, e os custos por hectare. Cotações do mês de junho de 2025; valores incluem o frete.

Calcário R$/t PRNT (%) R$/% PRNT Dose (t/ha) R$/ha
1 250 101,9 2,45 1,27 317,5
2 198 80,0 2,47 1,62 320,7
3 195 90,9 2,14 1,43 278,8
4 231 90,0 2,57 1,44 332,6

Legenda: t: tonelada; PRNT: poder relativo de neutralização total.
Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.

Nesta avaliação, o calcário 3, com 90,9% de PRNT, na dose ajustada de 1,43t/há, foi o mais competitivo, pois chegou na fazenda com o menor preço por % de PRNT (R$2,14) e seria o de menor custo por hectare (R$278,8/ha).

Para demonstrar o comparativo de fontes de fósforo (P), enxofre (S), potássio (K) e nitrogênio (N), usei cotações de uma fazenda no Estado do Goiás, sob clima tropical, no bioma Cerrado, com temperatura e precipitação médias históricas de 26,9ºC e 1.411mm anuais, respectivamente, em um sistema de pastagem de sequeiro, com metas de capacidade de suporte de 3,2UA/ha e produtividade de 21,5@/há para um período de seis meses de chuvas (Tabela 2).

Tabela 2.
Comparativo de preços de fertilizantes fosfatados solúveis em água por % de P₂O₅, postos na fazenda, e a diferença de preço em relação à fonte com menor valor por % de P₂O₅. Cotações do mês de abril de 2025; valores incluem o frete.

Fonte de P R$/t % P₂O₅ R$/% de P₂O₅ Diferença (%)
SFS 2.120 19 111,5 +34,9 (+1,34 x)
SFT 3.720 45 82,6
MAP 4.520 52 86,9 +5,2 (+1,05 x)

Legenda: SFS: superfosfato simples; SFT: superfosfato triplo; MAP: fosfato monoamônico.
Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.

Nesta avaliação, o SFT estava com o menor preço por % de P₂O₅ posto na fazenda, pois as % das fontes MAP e SFS seriam postos na fazenda com valores 5,2% e 34,9% mais caros, respectivamente. Em 34 anos que faço estas avaliações comparativas, eu diria que em mais de 95,0% das vezes, o MAP foi a fonte de P mais competitiva, seguida pelo SFT. O SFS, que é uma das fontes de P mais recomendadas por pesquisadores e técnicos, e uma das mais usadas pelos pecuaristas, sempre foi a fonte mais cara por % de P₂O₅. Quando a diferença do % de P₂O₅ do MAP e do SFT for pequena, tal como na avaliação dada como exemplo, é preciso considerar que há 11,0% de nitrogênio no MAP, tornando-o mais competitiva.

Em 34 anos de trabalho como consultor, ouvi muitas vezes pesquisadores, técnicos e pecuaristas argumentarem que o SFS tem a vantagem de, além de ser uma fonte de adubo fosfatado (18,0% a 21,0% de P₂O₅), também conter enxofre (10,0% a 12,0%). Então vamos avaliar o valor deste S nesta fonte. Veja na Tabela 3.

Tabela 3.
Comparativo de preços de fertilizantes sulfatados por % de enxofre (S), postos na fazenda, e a diferença de preço em relação à fonte com menor valor por % de S. Cotações do mês de abril de 2025; valores incluem o frete.

Fonte de S R$/t % S R$/% de S Diferença (%)
SFS 2.120 10,0 212 +1.667 (+17,6 x)
Sulfato de amônio 1.890 21,0 90 +650 (+7,5 x)
Gesso agrícola 180 15,0 12

Legenda: SFS: superfosfato simples.
Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.

Em 34 anos que faço estas avaliações comparativas, eu diria que em 100,0% das vezes, o gesso agrícola foi a fonte de S mais competitiva, seguida pelo sulfato de amônio. O SFS sempre foi a fonte mais cara por % de S. Nesse exemplo, está 17,8 vezes mais caro por % de S do que o gesso agrícola. Ainda tem a fonte de enxofre elementar, que contém entre 90,0% e 96,0% de S; entretanto, eu nunca a incluo nas avaliações comparativas para pastagens já estabelecidas e manejadas intensivamente, porque tem menor solubilidade e tem o % de S mais caro que o do gesso agrícola.

E quanto às fontes de potássio (K)?  Em 34 anos de trabalho como consultor, sempre que fiz as avaliações, o KCL que contém entre 58,0% e 60,0% de K₂O, foi a fonte mais barata por ponto de K. Na tabela 4 encontra-se a comparação atualizada entre essa fonte e o nitrato de amônio.

Tabela 4.
Comparativo de preços de fertilizantes potássicos por % de potássio (K), postos na fazenda, e a diferença de preço em relação à fonte com menor valor por % de K. Cotações do mês de abril de 2025; valores incluem o frete.

Fonte de K R$/t % K R$/% de K Diferença (%)
KCL 2.650 60,0 44,1
Nitrato de K 7.760 44,0 176,3 +299 (+3,99 x)

Legenda: KCL: cloreto de potássio; nitrato de K: nitrato de potássio.
Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.

Mas, a comparação entre fontes nitrogenadas é a que mais preocupa todos que trabalham com manejo de fertilidade de solo, porque aqui, não basta apenas calcular o preço por % do elemento posto na fazenda, como exemplificado para as fontes de P e S, mas, sobretudo, é preciso considerar as diferenças de perdas potenciais de N, de acordo com as condições de umidade do solo antes, durante e após a aplicação dos adubos nitrogenados (Tabela 5).

Tabela 5.
Comparativo de preços de fertilizantes nitrogenados por % de nitrogênio (N), postos na fazenda, e a diferença de preço em relação à fonte com menor valor por % de N. Cotações do mês de abril de 2025; valores incluem o frete.

Fonte de N R$/t % N R$/% de N Diferença (%)
Ureia convencional 3.170 45,0 70,4
Ureia especial* 3.250 45,0 72,2 +2 (+1,02 x)
Nitrato de amônio 2.560 32,0 80,0 +13 (+1,13 x)
Sulfato de amônio 1.890 20,0 94,5 +34 (+1,34 x)

Legenda: *Ureia especial: ureia com o inibidor de urease NBPT.
Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.

Nesta avaliação, a fonte ureia convencional foi a fonte com menor preço por % de N, o que é o esperado. Em 34 anos fazendo estas avaliações, a ureia convencional foi a fonte com menor preço por % de N, posto nas fazendas, em 100,0% das avaliações que fiz. Entretanto, sob condições climáticas inadequadas, as perdas médias de N das fontes de adubos nitrogenados são da ordem de 30,0%, 15,0%, 8,0%, 3,0% e 1,0% para ureia convencional, ureia com inibidor de urease NBPT, ureia com Duromide, sulfato de amônio e nitrato de amônio, respectivamente. Então, uso essas diferenças de perdas para decidir até quanto a mais se pode pagar por % de N de cada uma dessas fontes. Veja na Tabela 5, que as fontes ureia especial com NBPT e o nitrato de amônio estavam mais competitivas que a ureia convencional, pois estavam apenas 2,0% e 13,0% mais caras por % de N. Por outro lado, o N do sulfato de amônio estava 34,0% mais caro por % de N e, para ser competitivo, deveria estar, no máximo, 27,0% mais caro.

Veja na Tabela 6, os custos por hectare usando as fontes de P, K e S de menor preço por % dos seus respectivos nutrientes citados aqui nesse texto e variando comparativamente as fontes nitrogenadas.

Tabela 6.
Comparativo de preços de fertilizantes nitrogenados por % de nitrogênio (N), postos na fazenda, para alcançar as metas de 3,2UA/ha e 21,3@/ha em seis meses de período de chuvas.

Variável Ureia
convencional
Ureia com
inibidor de urease
Nitrato de
amônio
Sulfato de
amônio
Custo (R$/ha) 1.826 1.857 2.024 2.174

Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.

Neste comparativo, os custos por hectare ficariam em R$31,00, R$198,00 e R$591,00 para ureia especial com inibidor de urease NBPT, nitrato de amônio e sulfato de amônio, comparado com a ureia convencional, respectivamente, ou mais 1,7%, 10,8% e 32,0% mais caros por % de N em relação ao ponto de N da ureia convencional. Neste caso, recomendei para o cliente fazer a primeira adubação no período de transição seca/chuvas com nitrato de amônio, e as segunda e a terceira, já no período de chuvas, com ureia com inibidor de urease.

Bem, vamos parar por aqui. Na parte 8 desta sequência de textos, vou demonstrar avaliações comparativas entre fontes de fertilizantes químicos simples com formulados NPKS e de fontes químicas com fontes orgânicas e orgânicas/químicas – aguarde.

Adilson de Paula Almeida Aguiar

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

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