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Manejando a fertilidade do solo: correção e adubação – Parte 6

Boletins regionais orientam a adubação de pastagens, mas apresentam limitações frente à complexidade dos sistemas produtivos e à dinâmica da fertilidade do solo.


Foto: Freepik

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No artigo de setembro de 2025, citei e descrevi algumas bases para análise laboratorial. Agora, o objetivo desse artigo será citar, descrever e explicar sobre as fontes de informações para a interpretação de análises de solos e para fazer as recomendações de correção e adubação para solos de pastagens. 

As fontes de informações que os técnicos brasileiros têm utilizado para a interpretação de resultados de análises de solos e para a recomendação da correção e adubação de culturas agrícolas e pastagens são os boletins/manuais de recomendações de uso de corretivos e fertilizantes das comissões de fertilidade de solo. Em ordem cronológica, foram publicados: a 5ª Aproximação da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, em 1999; o boletim Cerrado, da EMBRAPA Cerrados, em 2002; o Manual para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em 2016; o Manual para o Estado do Paraná, em 2019, e por último, o Boletim Técnico 100 do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em 2022, para o Estado de São Paulo. Em todos esses boletins existe um capítulo específico que traz recomendações de correção e adubação de solos para espécies forrageiras.

Estudando estes capítulos, conclui-se que todos os autores se preocuparam em dividir as plantas forrageiras em grupos quanto às suas exigências nutricionais, ou seu grau de tolerância a diferentes classes de fertilidade de solo, ou os níveis tecnológicos de exploração da pastagem. Entretanto, é possível listar algumas desvantagens do uso destes boletins/manuais de recomendações atualmente em uso: sua elaboração conta com algum subjetivismo, porque não há vínculo claro entre adubação (doses) e produtividade (kg ou @/ha, ou litros de leite/ha); suas atualizações não acompanham o dinamismo da pesquisa; e não é possível incluir nas recomendações sugeridas nos manuais, todas as particularidades das pastagens, especialmente as alterações na fertilidade do solo associadas à ciclagem de nutrientes via excreção animal (fezes e urina) e resíduos vegetais.  

Dois modelos têm sido empregados em culturas agrícolas e pastagens, particularmente para as recomendações de doses de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre: o modelo de balanço de massa e o modelo dinâmico. 

No quadro, um exemplo do uso do modelo de balanço de massa para uma propriedade onde o potencial dado pelos fatores climáticos, chuvas (índice pluviométrico) e temperatura média, possibilita alcançar uma capacidade de suporte de 8UA/ha e uma produtividade predita de 42,6 arrobas/ha (@/ha), em um período de seis meses (período de chuvas nas estações de primavera/verão). Foram apresentadas para o pecuarista três alternativas de capacidade de suporte: de 8 UA/ha e 42,6@/ha (potencial); 6UA/ha e 33,4@/há; e 4UA/ha e 24@/ha, para análise de viabilidade técnica e econômica.  

As doses de calcário e dos adubos foram calculadas com base na seguinte análise de solo: pH em cloreto de cálcio (CaCl2): 4,7; saturação por bases (V%): 40%; matéria orgânica: 18,8 g/dm3; potássio (K): 1,3 mmolc/dm3; fósforo (P em resina): 6 mg/dm3 ; enxofre (S): 3,4 mg/dm3; boro (B): 0,2 mg/dm3 e argila: 280 g/dm3. 

Tabela 1.
Doses de corretivos e adubos calculadas com base em um modelo de balanço de massa para diferentes metas de capacidade de suporte e produtividade da terra na atividade de produção de carne.


Atividade – produção de carne
Capacidade de suporte (UA/ha)
4 6 8
 Elemento Produtividade (@/ha/ano)
  24 33,4 42,6
  Dose de correção e adubação (kg/ha)
Calcário 2.700 3.000 3.200
Nitrogênio 170 280 390
PO (pentóxido de fósforo) 22 52 83
KO (óxido de potássio) 124 238 353
Enxofre 0,0 7,0 16
Boro 0,8 0,8 0,8

Fonte e elaboração: Adilson Aguiar.

O modelo de balanço de massa traz como vantagens, em relação aos boletins de recomendações: a possibilidade de fazer balanços nutricionais para produtividades específicas; a possibilidade de levar em consideração a complexidade da dinâmica dos nutrientes na pastagem, principalmente por causa da ação dos animais sobre a ciclagem de nutrientes pela pastagem; permitir um melhor entendimento da evolução das recomendações de adubação e seus efeitos sobre a produtividade e sustentabilidade da pastagem; e possibilitar a avaliação de viabilidade técnica e econômica para diferentes níveis de intensificação. 

O balanço de massa é relativamente fácil de ser construído, porque envolve o balanço de nutrientes nos diferentes componentes do sistema (clima, solo, planta e animal), e as variáveis de acréscimos e perdas desses. 

No próximo artigo dessa sequência de textos sobre manejo de fertilidade do solo sob pastagens, apresentarei estratégias para tomadas de decisões sobre compras de corretivos e adubos – aguarde.

Adilson de Paula Almeida Aguiar

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

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