Engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – USP. Diretor-fundador da Scot Consultoria. Analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas da cadeia de pecuária de corte, de leite, ovinos, grãos e insumos agropecuários. Palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Presidente da Associação dos Profissionais para a Pecuária Sustentável. Membro do Conselho Consultivo da Phibro, Membro do Conselho Técnico do programa Bifequali da Embrapa Sudeste e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
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Foto: Bela Magrela
Artigo orginalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 9/4/23.
De janeiro a março, o mercado do boi gordo viveu uma tormenta. Quando é assim, o mercado usa o termo “volátil”.
Em janeiro, a cotação da arroba do boi gordo estava largada, sem força. Os compradores sem interesse em comprar e o pecuarista sem interesse em vender.
O mercado só melhorou no final de janeiro e foi assim até 23 de fevereiro, quando foi anunciado um possível caso do mal da “vaca louca”. O mercado então desandou de vez.
A China, principal destino da carne bovina brasileira, deixou de ser atendida, pois nesses casos, segundo o protocolo de sanidade celebrado, a exportação é suspensa pelas autoridades brasileiras.
A cotação para boiadas destinadas ao mercado interno caiu e as compras do boi China (bovinos com até 30 meses de idade) desapareceram. Nada bom.
Comprovada a atipicidade da doença, a exportação foi retomada durante a visita da delegação brasileira à China. A retomada dos embarques foi autorizada pelas autoridades chinesas. É assim que funciona, a gente suspende e são eles quem podem liberar.
Com a liberação, o mercado ganhou força. A cotação da arroba do boi gordo destinado ao mercado interno subiu e as ofertas de compra para o boi China reapareceram. A diferença do preço da arroba para exportação chegou a R$25,00. Um belo ágio.
Aliás, a cotação já esboçava reação antes mesmo da liberação, pois os vendedores, os pecuaristas, estavam firmemente na retranca.
No começo de abril, véspera do feriado de Páscoa, o mercado bambeou novamente, os preços caíram em São Paulo, praça balizadora de preço, e ficaram estáveis nas demais praças pecuárias. Na verdade, nas demais praças, oscilaram um pouco para cima e um pouco para baixo.
A exceção foi o Acre, onde a cotação subiu. A dificuldade de transporte, em função do estado lamentável das estradas, fez o preço subir.
Temos ainda um abril com pastagens e por isso o mercado deverá ter preços relativamente sustentados. Mudança de comportamento deverá acontecer em maio, quando tudo muda e o capim seca.
Aí, a oferta de boiadas aumenta e o preço tende a cair.
Mas será assim?
Não se sabe, mas é o que acontece quando todo mundo tenta aproveitar até a última folha do capim.
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