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Scot Consultoria

Sebento, um elogio


Terça-feira, 13 de dezembro de 2022 - 08h00

Engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.


Foto: Shutterstock


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 5/12/2022.


Certamente, um dos coprodutos de importância do abate de bovinos é o sebo (não é mais politicamente correto identificar os resíduos da indústria frigorífica como resíduos).

O couro, também um coproduto do abate, todos conhecem. O couro é consumido no vestuário, em estofamentos, na confecção de calçados, na produção de gelatinas e colas etc. Mas, e o sebo?

O sebo vai para a produção de biodiesel e para a indústria de higiene e limpeza.

Pensando nisso, está praticamente impossível ser vegano, pois inadvertidamente se consome algum produto de origem animal: andando de ônibus ou recebendo uma encomenda transportada por peruas movidas a diesel, lavando-se e tomando banho com sabonetes... Que sebo, hein?

No entanto, apesar do estupendo desenvolvimento da pecuária nacional, o Brasil importa sebo. O consumo nacional é tão grande que damos conta de todo o sebo produzido internamente e ainda queremos mais.

O mundo inteiro está apresentando alternativas aos combustíveis fósseis: caros, finitos e poluentes. O Brasil, eminentemente agrícola, saiu-se com combustíveis carburantes renováveis, tais como o etanol anidro e hidratado e o biodiesel.

Nada mal, não é mesmo? O problema é que a substituição total dos combustíveis fósseis é difícil, se não impraticável.

Dessa forma, a composição, com a mistura de biocombustíveis com combustíveis fósseis, foi a solução. Só de aliviar a poluição atmosférica, já valeu a pena.

No caso do uso de sebo bovino para biodiesel, no Brasil, existem políticas que determinam as concentrações permitidas à mistura ao óleo diesel.

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), pela legislação, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) determina esse teor, podendo aumentá-lo ou reduzi-lo. Atualmente, a mistura permitida é de 10%.


A procura por sebo bovino está aquecida, devido à alta no preço do óleo de soja, principal matéria-prima utilizada na fabricação desse biocombustível.

Com relação ao setor de higiene e limpeza, o consumo de sebo aumentou para fazer frente às medidas de higiene pessoal, como precaução para a contenção da pandemia de gripe.

O sebo bovino é utilizado na fabricação de sabões, sabonetes e outros produtos de higiene.

Ser sebento deixou de ser sinônimo de gosmento, gorduroso e outras coisas repugnantes.

Ser sebento é um elogio.



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