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Scot Consultoria

China e o mercado de soja


Segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022 - 17h00

Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.

Jéssica Olivier é engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos.


Foto: Shutterstock


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 31/1/2022


Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa de soja na safra 2020/21 foi de 19,6 milhões de toneladas, a quarta maior produtora mundial, atrás do Brasil, Estados Unidos e Argentina (tabela 1).


Tabela 1. Ranking de países produtores de soja em 2020/21, em milhões de toneladas.


Países 2020/21
Brasil 137,3
EUA 114,7
Argentina 46,2
China 19,6
Índia 10,4
Paraguai 9,9
Canadá 6,3
Rússia 4,3
Ucrânia 3,0
Bolívia 3,0
Outros 10,6

Fonte: Conab (Brasil) / USDA (demais países) / compilado pela Scot Consultoria


A China, entretanto, é a maior consumidora mundial do grão. A demanda doméstica em 2022 está estimada em 116,7 milhões de toneladas, o que torna necessária a importação da maior parte da soja consumida pelo país. O Brasil e os Estados Unidos são seus maiores fornecedores.


Com isso, o mercado chinês tem forte influência na precificação da oleaginosa no mercado internacional e brasileiro.


Na atual temporada (2021/22), a expectativa é que os chineses comprem 100 milhões de toneladas no mercado internacional, equivalente a 85,7% do consumo do país.


Veja, na figura 1, os principais parâmetros referentes ao mercado de soja na China.


Figura 1. Produção, importação, consumo doméstico e estoque final de soja na China, em milhões de toneladas.


* estimativa
Fonte: USDA / compilado pela Scot Consultoria 


As compras chinesas da oleaginosa na safra 2018/19 caíram em função da forte redução do rebanho de suínos no país após o surto de peste suína africana (PSA).


A soja comprada é esmagada e utilizada em duas principais formas: óleo e farelo. Com a retomada do plantel de suínos em níveis similares aos observados anteriormente ao surto ao longo dos últimos dois anos, a necessidade por farelo tem aumentado, e consequentemente as compras.


Em função da dependência das importações e visando diminuir os riscos de desabastecimento e pressão sobre os preços no mercado local, os chineses trabalham com certo estoque do produto.


Observe, na figura 2, que a relação entre os estoques finais e o consumo total tem ficado em média próxima de 20% desde 2010 até 2020, mas ultrapassou os 30% na safra 2020/21 e deve ficar em patamar mais alto na safra atual.


Figura 2. Relação: estoques finais e consumo doméstico de soja em grão na China.


Fonte: USDA / compilado pela Scot Consultoria


Em 2021, o Brasil exportou 86,1 milhões de toneladas. Desse montante, a China participou em 70,2% das compras, totalizando 60,5 milhões de toneladas.


Figura 3. Exportação brasileira de soja e participação da China nas compras, em milhões de toneladas.


Fonte: MDIC / compilado pela Scot Consultoria


Em 2021, o Brasil quebrou recorde de volume exportado com 86,1 milhões de toneladas embarcadas. Com a expectativa de aumento dos estoques chineses, o Brasil deverá seguir embarcando bons volumes de soja na atual temporada.


Nos primeiros 15 dias úteis de janeiro, foram importadas 1,7 milhão de toneladas, com faturamento de US$871,9 milhões.


Os preços estiveram firmes em janeiro. Em Paranaguá-PR, a saca de soja (60kg) iniciou o mês negociada a R$172,00 (3/1), e em (26/1), estava sendo comercializada por R$182,50, alta de R$10,50/saca no período.


A alta foi puxada pela expectativa de quebra da safra 2021/22 na América do Sul, o câmbio elevado ao longo de janeiro e a expectativa de aumento nos volumes importados pela China.


O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) trouxe em seu relatório de janeiro uma revisão para baixo de 9,5 milhões de toneladas na produção, frente ao relatório anterior, para Brasil, Argentina e Paraguai.


A quebra de safra na América do Sul está prevista devido ao fenômeno climático La Niña, que resultou em uma estiagem longa no Sul do continente, prejudicando o desenvolvimento das lavouras.


As exportações em bom ritmo, a quebra de safra esperada e o câmbio (dólar) sustentado devem manter as cotações firmes em curto prazo.



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