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Scot Consultoria

Manejo da fertilidade do solo da pastagem - Parte III


Sexta-feira, 6 de setembro de 2019 - 14h20

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.


Foto: Scot Consultoria


Com este texto, damos continuidade à série de artigos, veja aqui as partes I e II.    


Sendo viável vamos para a etapa do planejamento em cenários de curto, médio e longo prazo, apresentação deste planejamento para a equipe da propriedade e a partir daí um programa de treinamentos frequentes para que a equipe execute cada etapa com procedimentos padronizados e controle os resultados.


Na etapa de execução recomenda-se iniciar o manejo da fertilidade do solo (correção e adubação) por uma pequena área da propriedade (na maioria das propriedades onde implantei e acompanhei projetos de correção e adubação de solos de pastagens no início as áreas intensificadas representaram entre 1 a 3% da área útil da pastagem) e nas melhores áreas (em piquetes com o melhor estande da planta forrageira, com pressão de pastejo ajustada, sem plantas infestantes e pragas de solo ou com baixos níveis de infestação; com adequada infraestrutura de piquetes, cochos, fontes de água, sombreamento e área de lazer).


Após a escolha das áreas cujos solos serão corrigidos e adubados o programa de manejo da fertilidade de solos deve contemplar as seguintes etapas: a) escolha da área cujo solo terá sua fertilidade corrigida e adubada; b) medição e mapeamento desta área; c) amostragem de solo e de planta e envio das amostras ao laboratório; d) análise laboratorial; e) interpretação dos resultados de análises de solo e de planta e recomendações de correção e adubação; f) planejamento e execução do programa; g) práticas corretivas: calagem, gessagem, fosfatagem, potassagem, correção de micronutrientes, correção de matéria orgânica; h) práticas de adubação: com cálcio, magnésio, fósforo, potássio, enxofre, micronutrientes, nitrogênio; i) tipos de adubação: química, orgânica, organo-mineral; j) métodos de aplicação: manual, tração animal, tratorizado, aéreo, foliar, fertirrigação; k) avaliação dos resultados: resposta técnica e econômica; l) avaliação de impacto ambiental


A seguir está demonstrado como se pode fazer uma viabilidade técnica e econômica (VTE) para a decisão entre “adubar x não adubar” e se for adubar, qual nível de adubação. Na tabela a seguir estão alguns resultados de VTEs de nove propriedades (uma no Mato Grosso do Sul, três em Goiás, duas no Tocantins e três em Minas Gerais).  Na segunda coluna da tabela estão os índices que os pecuaristas alcançavam antes da correção e adubação do solo.


Indicadores de sistemas de produção de carne em pastos explorados sob diferentes níveis de intensificação por meio de correção e adubação do solo entre 2015 e 2017.


Tabela 1.
Resultados de VTEs.

@/ha = é a produtividade da pastagem em arrobas por hectare; 1 = média do período chuvoso; 2 = média ano; relação B:C = é a relação de benefício:custo
Fonte: AGUIAR; SILVA (2017).


Observa-se que desde o início os índices técnicos e econômicos alcançados por aqueles pecuaristas (segunda coluna da tabela) já estavam acima dos alcançados na média pelos pecuaristas brasileiros, já que as taxas de lotação atuais estão em 1,08 cabeça/ha e 0,7 UA/ha, produtividade da terra de 3,47 @/ha/ano e lucro, quando há algum, abaixo de R$120,00/ha/ano.


Na terceira coluna estão os índices reais das nove propriedades após o início do programa de correção e adubação do solo da pastagem e nas colunas seguintes os índices são simulações para a análise de VTE de níveis de intensificação. Com base nestes resultados concluiu-se que para saltar do nível de exploração que os pecuaristas alcançavam para o primeiro nível de intensificação o custo da arroba produzida aumentou enquanto a lucratividade caiu, apesar do lucro por hectare ter aumentado e a relação de benefício:custo da correção e adubação ter sido positiva. A partir deste primeiro nível de intensificação conclui-se que quanto maior é o nível de intensificação, maiores são os ganhos em: 1) redução no custo médio da arroba produzida; 2) aumento no lucro por hectare; 3) aumento da relação de benefício custo da correção:adubação e 4) aumento da lucratividade.


Então fica a pergunta: se quanto mais intensivo menor é o custo da arroba produzida e maiores são o lucro, a lucratividade e a relação de benefício:custo, por que aqueles pecuaristas preferiram intensificar o sistema em níveis mais baixos? Veja que para ir para o primeiro nível de intensificação o pecuarista gastou R$5,10 com a compra de animais para cada R$1,00 gasto na correção e adubação, enquanto no nível máximo para cada R$1,00 gasto na correção e adubação o pecuarista teria que gastar mais R$7,60 na compra de animais.



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