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Scot Consultoria

Novilhas de cruzamento industrial são mais gulosas que as Nelore?


Terça-feira, 27 de agosto de 2019 - 05h55

A Qualitas melhoramento genético, presta consultoria no intuito de aumentar a qualidade, eficiência e produtividade pecuária de seus clientes, tendo como resultado a ampliação da lucratividade de seus negócios e está sendo representada por Leonardo Souza. Leonardo Souza é Médico Veterinário pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Pecuária de Corte pelo Rehagro, sócio-diretor da Qualitas Melhoramento Genético, com 21 anos de atuação nas áreas de gestão, produção e melhoramento genético. O Programa Qualitas de Melhoramento Genético conta com mais de 40 fazendas, nos estados de GO, TO, RO, SP, PR, MG e MT e também na Bolívia, totalizando um rebanho de mais de 250.000 cabeças.


Foto: JMMatos Produções. Novilhas Nelore Agropontieri, Goiatuba-GO


Muitos envolvidos com a pecuária de corte brasileira dizem que os animais de cruzamento industrial comem mais que os animais zebuínos, especificamente mais que os da raça Nelore. Mas será que isso é verdade mesmo? Eu, particularmente tive acesso a poucas informações quando se trata dessa comparação. 


Neste texto apresentamos de maneira objetiva dados coletados na Agropontieri, empresa que é parceira do Programa Qualitas de Melhoramento Genético desde 2001 e sobre a qual já apresentamos exemplos de sucesso em outros textos publicados neste espaço, quando se refere à sistema de produção, lucratividade e genética. 


Os dados se referem a dois grupos de fêmeas e não queremos concluir ou confirmar a hipótese de que os animais de cruzamento são mais “gulosos” que o nelore, mas apenas reportar os fatos identificados na Agropontieri para estes dois grupos de composição racial distinta. 


Em junho de 2018, a Agropontieri adquiriu de um outro pecuarista um lote de 100 bezerras nascidas em 2017 e geradas pela inseminação artificial com sêmen de touros Brangus em vacas ½ sangue Angus/Nelore, ou seja, que apresentam 56,25% de Sangue Angus e 43,75% de Sangue Zebu. A intenção era utilizar estas bezerras como receptoras de embriões. Entretanto, o projeto foi cancelado e estas bezerras foram destinadas à engorda para abate em 2019. 


Já no rebanho de seleção de Nelore após atingir 82,8% de prenhez nas bezerras aos 14 meses de idade em estação de monta de 45 dias só com inseminação artificial, sem repasse com touros, restaram 40 bezerras vazias que também foram destinadas à engorda para abate em 2019. 


Os dados que apresentamos são referentes a estes dois grupos de novilhas que foram colocadas em confinamento por um período de 68 dias consumindo a seguinte dieta:


· 80% de silagem de milho (planta inteira);


· 20% de concentrado contendo: 72% de milho moído, 20% de farelo de soja, 8% de Núcleo Boca Cheia da Campo Nutrição Animal.


Portanto, uma dieta com alta quantidade de volumoso balanceada para um consumo de cerca de 1% de concentrado por dia. 


Nas tabelas 1 e 2 seguem as informações de desempenho e consumo dos alimentos dos dois grupos: 


Tabela 1.
Novilhas Nelore Agropontieri versus Novilhas ½ Sangue Brangus compradas – Diferenças de desempenho.

Fonte: Próprio autor 


As novilhas Nelore Agropontieri estavam 2,3kg mais leves no início do confinamento e terminaram 6,4kg mais pesadas pois, apresentaram um ganho médio diário 10,51% maior que as novilhas ½ sangue Brangus. 


Tabela 2.
Novilhas Nelore Agropontieri versus Novilhas ½ Sangue Brangus compradas – Diferenças de eficiência alimentar, desempenho e custo por @ produzida.

Fonte: Próprio autor 


Quando se comparou o consumo de alimentos, as novilhas cruzadas apresentaram sim, um consumo maior (+3,4% por dia), mas não tão relevante para dizer que elas foram muito mais gulosas que as Nelore Agropontieri. E esta diferença pode não ter sido tão elevada por se tratar de uma dieta com alto teor de volumoso, que por si só já limitou o consumo pelos animais. 


Mas quando falamos em eficiência econômica, que significa em essência quanto de carcaça foi produzida em função do consumo de alimentos, as Novilhas Agropontieri foram 20% mais eficientes que as cruzadas e isso foi consequência do maior ganho de peso e principalmente por causa do maior rendimento de carcaça, 52,67% contra 50,73% das cruzadas. 


As novilhas Nelore Agropontieri pesaram 16,99@ aos 19 meses de idade contra 16,15@ das cruzadas e produziram uma arroba 21,4% mais barata que as novilhas cruzadas. Na verdade, o custo de produção da arroba nas novilhas cruzadas ficou muito caro, R$152,77 contra R$125,88 para as Nelore Agropontieri.



Foto: Próprio autor. Novilhas ½ sangue Brangus em vacas ½ sangue Angus/Nelore.



Foto: Próprio autor. Novilhas Nelore Agropontieri



Foto: Próprio autor. Esquerda: carcaça de Novilha ½ sangue Brangus em vacas ½ sangue Angus/Nelore. Direita: carcaça de Novilha Nelore Agropontieri


Outro ponto relevante é a diferença de acabamento das novilhas. As Nelore Agropontieri estavam visivelmente mais gordas que as novilhas cruzadas e isso confirmou-se após o abate.


O que podemos suspeitar é que a dieta oferecida para as novilhas cruzadas não foi suficiente para imprimir o desempenho e nem o acabamento que elas tinham potencial para atingir. Pode ser que elas necessitassem de uma dieta com maior densidade energética (mais concentrado) comparada com as Nelore, que ao contrário, apresentaram em alguns casos cobertura de gordura até excessiva após o abate.


Por último, informamos que 90% das novilhas Nelore Agropontieri eram filhas de touros identificados no Qualitas que passaram pela avaliação de eficiência alimentar realizada em todos os touros candidatos a Teste de Progênie desde 2010. Somente 4 novilhas eram filhas do Kulal AJ, único touro não identificado pelo Qualitas, mas muito bem avaliado. Acreditamos que a genética para maior eficiência alimentar das novilhas Nelore Agropontieri teve grande relevância para as diferenças dos dois grupos.


Bom, com isso só nos resta parabenizar ao Guilherme Pontieri e toda sua equipe na Agropontieri pelos resultados alcançados. E quem quiser conhecer essa fazenda lá no Goiás é só ligar para ele: (64) 99961-1756.


Texto em coautoria com Guilherme Pontieri – Agropontieri


Grande abraço e inté!



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