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Scot Consultoria

A segurança alimentar e a nutrição no mundo e no Brasil em 2018


Sábado, 27 de outubro de 2018 - 10h00

Zootecnista, formada pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Câmpus Botucatu-SP. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos.


Foto: www.luso-poemas.net


Este material foi produzido a partir do relatório emitido em 11 de setembro de 2018, pela FAO -
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e que reporta a situação da fome no mundo.


Segurança alimentar


O objetivo das Nações Unidas é erradicar a fome no planeta até 2030. Acabar com a fome e estabelecer condições para que a segurança alimentar seja garantida. Além desses tremendos e nobres desafios pretende-se também melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável para que nunca deixe de existir condições para a produção de alimentos.


Porém, no relatório divulgado em 11 de setembro, os números não são otimistas.


Pelo terceiro ano consecutivo a parcela da população mundial que sofre com algum tipo de desnutrição cresceu e saltou de 804 milhões de pessoas em 2016 para 821 milhões em 2017. Os esforços têm sido infrutíferos.


Desde 2005, início do monitoramento, até 2013 a quantidade de pessoas desnutridas no mundo estava diminuindo, porém, a partir de 2014, esse número está crescendo tendo aumentado 4,6% até 2017. 


Apesar desses números ruins, não cresceu o número de crianças com menos de cinco anos com alguma deficiência alimentar, contudo a porcentagem ainda é alarmante, chegando a 151 milhões de crianças, ou seja, 22,2% das crianças no mundo nessa faixa etária. Um quinto.


Figura 1.
Porcentagem e número (em milhões) de pessoas desnutridas no mundo
Fonte: FAO/ elaborado pela Scot Consultoria


De acordo com o relatório, aproximadamente 10,0% da população mundial foi exposta a uma severa insegurança alimentar, variando de 1,4% em países da Europa e América do Norte e a 30,0% em países do continente africano. Esses números evidenciam a diferença social e econômica entre as regiões do planeta.


Além disso, a FAO também constatou um aumento na obesidade da população adulta e anemia em mulheres em idade reprodutiva.


Crianças que sofreram algum tipo de restrição alimentar na infância somado ao estresse causados pela insegurança alimentar, e as limitações ao acesso a alimentos de alto valores nutritivos devido ao custo pelas pessoas de menor renda, podem explicar esse aumento de pessoas obesas no mundo.


A situação no Brasil


Neste cenário, o Brasil demonstrou grande eficiência em diminuir o número pessoas desnutridas no país que passou de 8,6 milhões em 2004-2006 para 5,2 milhões em 2015-2017.


Porém, o número de adultos obesos subiu de 19,9% em 2012 para 22,3% da população em 2016, enquanto que a quantidade de mulheres em idade reprodutiva com anemia aumentou de 25,3% para 27,2% no mesmo período.


Os hábitos da população mudaram e a correria do dia a dia e a maior inserção da mulher no mercado de trabalho, faz com as pessoas procurem mais por alimentos rápidos, como os fast foods, que crescem mais a cada ano.


Quem são os responsáveis?


Segundo a FAO, são três os principais fatores responsáveis por afetar a segurança alimentar e nutrição no mundo: conflitos entre os países, variações climáticas e crises econômicas.


O foco principal do relatório foi nas variações climáticas sofridas ao longo dos últimos anos. Os desastres climáticos e extremos de temperaturas foram os principais fatores de perdas na agricultura e pecuária no mundo.


 


Somado a isso o El Niño que ocorreu em 2015-2016 também colaborou com um alto aumento de temperatura, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo um dos mais fortes eventos em 100 anos em relação ao clima. 


Figura 2.
Perdas nos setores alimentícios devido as variações climáticas em 2017.
Fonte: FAO/ elaborado pela Scot Consultoria


Não dá para negar que estamos sofrendo mudanças climáticas bruscas ao redor do mundo e que isso impacta diretamente na produção mundial de alimentos.


Como mudar esse cenário?


É sim de extrema importância que procuremos cada vez mais produzir mais com maior eficiência, procurando sistemas mais sustentáveis e capazes de suprir a necessidade de alimento do mundo.


Porém também é sabido que a produção mundial de alimentos vai na contramão deste cenário e aumenta a cada ano. O desperdício de alimentos no mundo é assombroso chegando a 1,3 bilhão de toneladas ao longo de toda a cadeia alimentícia, ou seja 30,0% da produção mundial.


Para que o objetivo da FAO seja alcançado em 2030, são inúmeros os desafios que ainda é preciso ultrapassar, incluindo o espaço limitado, já que os principais países produtores não têm mais área para expandir a produção, o crescimento populacional, questões de infraestrutura e logística, disponibilidade hídrica e outros insumos, entre outros, tornando ainda mais necessário o aumento da eficiência no agronegócio.  


Considerações finais


A população tem que se tornar mais consciente em relação aos desperdícios e da importância do agronegócio nessa luta contra a fome no mundo e novos planos de distribuição dos alimentos devem ser feitos a fim de todos terem acesso aos alimentos produzidos. 


O Brasil é um ponto dessa equação muito importante a ser levado em consideração, já que ainda temos muita área ociosa e a baixa produtividade de nossos sistemas ainda nos prejudica.


Temos uma janela muito grande de capacidade de produção de alimentos em comparação com outros países e com a tecnificação do campo e o desenvolvimento de técnicas cada vez mais precisas podemos aumentar e muito a nossa produtividade.  


Referência


FAO. The state of food security and nutrition in the world. 2018 http://www.fao.org/3/I9553EN/i9553en.pdf. Acesso em: 11/09/2018.



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