O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.
Os preços do milho no mercado doméstico não encontraram resistência e seguiram em alta em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea em fevereiro, principalmente em áreas deficitárias, como nas paulistas, onde a disputa pelo grão esteve acirrada.
A colheita do milho primeira safra avançou no Sul e Sudeste do País, mas chuvas no final do mês dificultaram os trabalhos em algumas regiões, limitando a disponibilidade do grão no spot nacional, que foi bastante "enxugada" pelas exportações. As demandas, interna e externa, estiveram firmes e os estoques nacionais, baixos.
Quanto ao milho da segunda safra, o semeio seguiu intenso e a estimativa era de aumento na área, mas agentes estiveram receosos quanto ao clima e seus impactos sobre a produtividade. Os valores do milho na BM&FBovespa, inclusive, registraram fortes altas na segunda quinzena de fevereiro.
Na média de todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, houve alta de 5,2% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 4,3% no de lotes (negociação entre empresas), entre 29 de janeiro e 29 de fevereiro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu 3,2% no mês, fechando a R$ 43,63/saca de 60 kg no dia 29 de fevereiro - o maior patamar real desde dez/12 (valores deflacionados pelo IGP-DI base fev/16). Se considerados os negócios também em Campinas, mas com prazos de pagamento descontados pela taxa NPR, a média à vista foi para R$ 43,20/sc, com alta também de 3,2% no mês.
Diante da expressiva valorização do milho nos últimos meses e da dificuldade enfrentada por compradores, o governo já realizou três leilões de venda com o objetivo de atender principalmente criadores de aves e suínos. No total, foram ofertados 448 mil toneladas em armazéns distribuídos nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio Grande do Sul. Do volume total, cerca de 53% foram vendidos.
Em relatório divulgado no início de fevereiro, a Conab estimou a safra verão de milho em 28,34 milhões de toneladas, redução de 5,8% sobre a temporada passada. Para a segunda safra, preliminarmente, a Companhia prevê aumento de 0,7%. A Conab também reajustou positivamente para 29 milhões de toneladas a estimava de exportações para a temporada 2015/16.
A comercialização do milho, especialmente da segunda safra, nunca ocorreu com a antecedência observada na atual temporada. Segundo o Imea, em Mato Grosso, até o início de março, 60,3% da safra 2015/16 havia sido comercializada, contra 42% no mesmo período do ano passado. No Paraná, o Deral/Seab estima que a comercialização havia atingido 26% da primeira safra 2015/16 e 19% da segunda, até o final de fevereiro, contra 4% e 8%, respectivamente, da safra passada.
As exportações de milho em fevereiro surpreenderam, atingindo o terceiro maior volume da série histórica da Secex, com 5,37 milhões de toneladas sendo embarcadas no mês. Esse volume representa quase cinco vezes o exportado em fevereiro/15, atrás somente das quantidades de outubro/15 e dezembro/15. Em Reais, o preço médio do milho exportado foi de R$ 39,57/sc de 60 kg.
Na BM&FBovespa, o contrato Mar/16 subiu expressivos 10,6%, fechando a R$ 44,02/sc no último dia do mês; Maio/16 teve alta de 10,1%, a R$ 41,82/sc. O contrato Set/16 subiu 1,4%, a R$ 37,63/sc. Já Nov/16 apresentou leve recuo de 0,2%, a R$ 37,63/sc.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), os valores caíram no acumulado do mês, influenciados por dados do USDA indicando aumento da área de milho nos Estados Unidos. O contrato Mar/16 caiu 5% em fevereiro, fechando a US$ 3,535/bushel no dia 29. Os contratos Mai/16 e Set/16 apresentaram desvalorizações de 5,2% e 4,9% respectivamente, fechando a US$ 3,57/bushel e US$ 3,6725/bushel.
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